O ano é 1999. Eu ainda estava na pré-escola enquanto a Volkswagen lançava aquele, no futuro, consideraria o melhor Gol de todos os tempos. Naquela geração, conhecida como G3, a marca investiu em tudo que a tecnologia permitia para um carro compacto de entrada. Bonito, bem montado e com um painel que até os dias de hoje parece não ter perdido a beleza e praticidade, o G3 logo ganhou as ruas, instigando a vontade dos jovens da época de, finalmente, levar um VW Gol para a casa.
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Anos depois, o VW Gol teria seu primeiro momento de instabilidade. Os rivais ficaram mais modernos, ultrapassando o compacto que sempre foi sinônimo de sucesso nas vendas. Momentos de agonia para a Volkswagen, que vinha perdendo mercado com a crise econômica de 2015. Enfim, pulamos para 2018. Duas décadas depois, incendiaram a minha vontade de ter um Gol mais uma vez.
É um projeto antigo. Sua plataforma estreou no segundo Polo que foi vendido no Brasil - sim, aquele dos faróis redondos. Por fora, ele pode não encher mais os olhos de quem gosta de ser badalado. Trata-se simplesmente de um Gol, como todos os outros que vemos por aí desde 2008, certo? Mais ou menos… Ele ganhou um verdadeiro banho de fábrica do time de engenharia da Volkswagen, com novo interior, faróis e um conjunto mecânico condizente com os competidores mais atuais.
Essas novidades, na verdade, nem soam como algo novo. Os faróis protuberantes foram lançados na Saveiro e, posteriormente, integrados ao aventureiro VW Gol Rallye. A ótima central multimídia é derivada do Polo, com interface moderna e intuitiva, e o motor 1.6 MSI de dezesseis válvulas veio do conjunto mecânico do Golf anterior. Coloque todos esses ingredientes consagrados em um caldeirão (com exceção do criticado motor 1.6 que não servia para o Golf) e voilá .
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O último e melhor condimento é o novo câmbio automático, de seis marchas. A Volkswagen diz que o mercado que abandona o pedal da embreagem poderá corresponder a 60% das vendas nacionais em meados de 2020. O câmbio é automático de verdade, portanto, esqueça o impreciso I-Motion automatizado que já não se faz presente no Gol.
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O conjunto mecânico do Gol é tão bem acertado que encantou todos os integrantes de nossa redação. O casamento entre motor e câmbio vive uma eterna lua de mel, sendo o principal fator de compra do compacto. São 120 cv de potência e bons 16,8 kgfm de torque a 4.000 rpm que já se mostraram muito eficazes em carros como Polo 1.6, Fox Pepper e Gol Rallye.
A virada do VW Gol
Ágil, o Gol não nega desempenho. Basta pressionar o pedal do acelerador com um pouco mais de vigor para que o hatch responda, sem hesitar, reduzindo as marchas bem escalonadas com inteligência. Com o carro cheio de amigos, senti a necessidade de dar alguns toques nas aletas atrás do volante para reduções em subidas. O Gol tem a tendência de utilizar as marchas um pouco mais “elevadas” para garantir giro baixo.
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Esse tipo de gerenciamento beneficia muito o consumo de combustível. Em uma via expressa, o Gol é capaz de andar a 120 km/h com 2.600 rpm em sexta marcha. O Inmetro diz que o compacto é capaz de aferir 7,7 km/l na cidade e 9,6 km/l na estrada com etanol. Na gasolina, como no modelo que andamos, o hatch faz 11,1 km/l na cidade e 13,6 km/l na estrada. Usamos os testes laboratoriais do Inmetro como referência, mas o computador de bordo chegou a aferir 16 km/l de consumo médio.
Outro ponto do acerto da parte estrutural do carro que agradou no dia a dia fica por conta da suspensão que consegue absorver bem as irregularidades do piso mal conservado da maioria das nossas vias no Brasil. A distância livre do solo de 16,3 cm é apenas razoável, mas mesmo assim o carro consegue passar incólume por valetas e lombadas nos tortuosos caminhos da capital paulista.
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A posição de dirigir também agrada. O banco do motorista não é tão elevado quanto o do Onix , porém não tão acertado como o do HB20 . Isso mostra como o Gol era um carro à frente de seu tempo quando foi lançado, há dez anos. O acabamento é simples, porém honesto para um hatch urbano de entrada. Não espere por qualquer extravagância além de plástico duro e algumas poucas inserções de tecido com toque áspero.
A central multimídia Composition Touch é um opcional de R$ 2,1 mil. Minimalista e funcional, tem um dos melhores sistemas de sua categoria com todas as conectividades Bluetooth, auxiliar e MP3. Apesar de não integrar aplicativo de navegação, é possível replicar Waze e Google Maps através de Android Auto, Apple CarPlay e Mirrorlink. Basta ter um smartphone com Android ou iOS.
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Conclusão
Conectado, confortável e econômico, o VW Gol 1.6 automático tem todos os atributos de um veículo urbano de entrada. Os 285 litros de capacidade no porta-malas estão na média de espaço na categoria, ainda que leve apenas quatro adultos e uma criança com conforto. Por R$ 54.580, consideramos o valor um pouco salgado. Ainda que recheado de qualidades, a atual geração do Gol tem dez anos de mercado e deveria ser uma opção automática um pouco mais em conta. Confira a ficha técnica abaixo.
Ficha técnica
Preço: a partir de R$ 54.580
Motor: 1.6, quatro cilindros, flex, 16V
Potência: 120 cv (E) / 110 cv (G) a 5.750 rpm
Torque: 16,8 kgfm (E) / 15,8 (G) 4.000 rpm
Transmissão: automática, seis marchas
Suspensão: independente (dianteira), eixo de torção (traseira)
Freios: disco ventilado (dianteira), tambor (traseira)
Porta-malas: 285 litros
Tanque: 55 litros
0 a 100 km/h: 10,2 segundos
Consumo: 7,7 km/l (cidade), 9,6 km/l (estrada) com etanol
11,1 km/l (cidade) km/l e 13,6 km/l (estrada) com gasolina