Porsche 718 Boxster GTS revela um lado oculto do downsizing ao substituir o antigo seis cilindros em linha
Cauê Lira/iG Carros
Porsche 718 Boxster GTS revela um lado oculto do downsizing ao substituir o antigo seis cilindros em linha

Antes de um belo Porsche 718 Boxster GTS trajado na cor azul Miami desembarcar de plataforma em nossa redação, fiquei semanas imaginando como seria a experiência. Não é sempre que se tem a oportunidade de dirigir um roadster de motor central com o gargarejo metálico de um Volkswagen refrigerado a ar. Ainda mais se tratando do sucessor do intrépido 718, que foi vencedor das 24 Horas de Le Mans nos áureos tempos do automobilismo.

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Não há um fã da Porsche neste mundo que não queira colocar as mãos no incrível 918 Spyder . O Boxster segue muito de sua engenharia. Além do motor central, a carroceria conversível expõe o seu charme. Poucos carros chamariam mais atenção na rua que o Porsche 718 Boxster GTS. Ainda descendo da plataforma, as pessoas que passavam na rua logo giravam as cabeças em sua direção, como se o Neymar estivesse dando um passeio pela zona sul de São Paulo.

Um Porsche não precisa do emblema no capô para logo ser reconhecido. No sul da Alemanha, o que realmente pega é o design aerodinâmico que chega até a ser delicado. Enquanto as outras marcas apostam em desenhos afiados e esculpidos, o arrojado 718 ostenta o sorriso de canto de boca de quem não precisa de um monte de quinquilharias. Nem ostensivo, nem informal. Os engenheiros de Stuttgart parecem ter encontrado um alinhamento entre as duas palavras.

Seu lado ostensivo? Desde a versão mais básica, o 718 traz exatamente o mesmo volante do carro mais caro da marca alemã, o 918. Portanto, um carro de R$ 460 mil com o mesmo tato do superesportivo de R$ 10 milhões. Na outra via, temos o ajuste elétrico do banco que serve apenas para o encosto. Para ficar mais próximo ou mais distante do painel, você terá que usar os puxadores deslizantes, tal como um veículo de entrada.

Isso está longe de ser uma característica ruim. No mundo ideal dos carros esportivos, o peso baixo é uma das prioridades. Portanto, se você está atrás de um esportivo “Nutella”, considere o Audi TT RS. O Porsche 718 Boxster  quer ser mais que um simples esportivo raíz. Seu objetivo é entregar uma experiência para quem desembolsar bons R$ 467 mil por ele. Mas isso não significa que o modelo de Stuttgart mantenha tanta distância da marca de creme de avelã.

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A Porsche teve um “pequeno” empecilho para resolver durante a virada de geração do 718, e ela diz respeito justamente ao motor: as novas regras de emissões de gases e consumo da Europa. Da minha parte, acho que um roadster como esse poderia ser uma exceção, ainda mais considerando que a Porsche tem modelos híbridos disponíveis em sua linha para garantir um ar mais puro para as próximas gerações. Estamos falando de um esportivo que está longe de ser um carro de volume.

Os fanáticos viram o Boxster, popular por seu motor seis cilindros em linha, passar por um downsizing . Abaixo da carroceria, esconde um levíssimo quatro cilindros turbo, com apenas dois litros e meio O time de engenharia da Porsche já enxergava a redução de litragem e peso como uma inevitabilidade. Aos puristas dos “flat-six”, não há motivos para torcer o nariz.
O chefão de desenvolvimento de powertrains da Porsche, Matthias Hofstetter, diz que o downsizing é mais importante do que simplesmente reduzir emissões. Também é possível aprimorar a potência através da instalação de um turbocompressor. Este procedimento fez a potência do Boxster GTS saltar de 330 cv para 365 cv na virada da geração.

Claro, alguns problemas podem surgir com o downsizing. O Porsche 718 Boxster GTS está notoriamente menos barulhento na versão 2018, em comparação com o antigo 3.4, de seis cilindros em linha. Há um botão ao lado da alavanca de câmbio que abre o escape, dando a possibilidade de deixar o roadster um pouco mais barulhento. Se você não andou no modelo anterior, como eu, talvez este detalhe nem faça tanta diferença.

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O que importa aos fãs da velocidade é desencadear a fúria dos 365 cv de potência entregues integralmente aos 6.700 rpm. Pisando fundo, o modelo é capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em 4,1 segundos (ante 4,7 segundos do Boxster anterior). Mesmo andando na cidade, o ronco é uma delícia de se escutar.

Dirigibilidade sempre foi o principal tópico que justificou a compra de centenas de milhares de Boxsters desde 1996. Em todas as suas versões, o pequeno Porsche ofereceu relações muito íntimas entre o ser humano e experiência. Chega a ser um contraponto neste mundo computadorizado em que o açúcar mata mais que a pólvora. Ele tem os mesmos 1.450 kg do GTS anterior, mas com uma relação peso/potência de 4,39 kg/cv. O coeficiente de arrasto aerodinâmico de 0,32 Cx não sofre alterações.

Conversíveis já tiveram o seu momento de glória no mercado brasileiro. Hoje, muitas pessoas ficam receosas por conta da segurança. De fato, estávamos em um ambiente particular quando tiramos os cliques que você está vendo acima. Foram apenas quinze minutos de capota abaixada e cabelos ao vento.

Usar o 718 para mais que uma bela acelerada no fim de semana também pode ser um empecilho. Mesmo com o motor central (e um bom alívio no capô), a frente é baixa. Tal como um caranguejo, você terá que passar de lado mesmo nas rampas mais suaves, mas será difícil evitar alguns tipos de raspadas na parte interior. Baixo, o 718 também passa a impressão de que é mais largo do que a realidade, mas ele é apenas três centímetros mais largo que um Toyota Corolla.

As ruas esburacadas de São Paulo também tumultuam a suspensão de acerto rígido. O Boxster passa a leitura de qualquer fratura no asfalto ao volante, por menor que seja. A capacidade total de carga é de 280 litros, combinando compartimento traseiro e capô.

Um Porsche 718 Boxster de várias possibilidades

Baixo, o Porsche 718 Boxster GTS pode ser complicado de se utilizar na cidade. A frente raspa com facilidade
Cauê Lira/iG Carros
Baixo, o Porsche 718 Boxster GTS pode ser complicado de se utilizar na cidade. A frente raspa com facilidade

Será muito difícil encontrar um 718 Boxster como o seu no resto do continente. Há uma infinidade de customizações, contando com dezoito cores de carroceria, quatro cores de capota, quatro estilos de roda e treze opções de tonalidade para o acabamento interno. Vá até o site da Porsche e tente montar a melhor combinação. Tenho certeza de que ficará um bom tempo, como se estivesse customizando o roadster no GTA.

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É um brinquedo caro. O cliente terá que desembolsar R$ 467 mil para levar a versão mais esportiva do conversível de entrada da Porsche. O Audi TT RS é mais barato (custando R$ 424 mil) e conta com 400 cv. Mas eu prefiro a relação corpórea com o asfalto da qual o modelo das quatro argolas está se distanciando. Entre os fãs da velocidade, o Porsche 718 Boxster GTS é o campeão.

Ficha técnica
Preço: R$ 467 mil
Motor: 2.5, turbocompressor, gasolina
Potência: 365 cv a 6.700 rpm
Torque: 43,9 kgfm a 5.000 rpm
Transmissão: automatizada, sete velocidades
Freios: discos ventilados nas quatro rodas
Suspensão: Independente McPherson (dianteira e traseira)
Porta-malas: 280 litros
0 a 100 km/h: 4,1 segundos
Vel. máx: 290 km/h

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