O Toyota RAV4 tem uma moral que poucos SUVs podem se orgulhar na América do Norte. O carro é o modelo mais vendido de sua categoria nos Estados Unidos, e costuma alternar a primeira colocação do ranking de vendas com o Honda CR-V, no Canadá. A situação nunca foi das melhores no Brasil, onde os SUVs médios mantém um número razoável de vendas e o único grande destaque é o Jeep Compass.
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Para virar o jogo em 2018, a marca criou uma nova versão abaixo da topo de linha. O objetivo é levantar a moral do Toyota RAV4 entre os SUVs médios do Brasil. Vale lembrar que o número de competidores aumentou com a chegada dos novos 3008, Tiguan, Eclipse Cross. Mesmo assim, as vendas não decolaram. O que os outros têm que o RAV4 não é capaz de entregar?
Bem, podemos afirmar que o modelo da Toyota é um dos menos tecnológicos e descolados do mercado. A chegada dos novos VW Tiguan e Peugeot 3008 elevou o que se espera de um SUV dessa categoria. Ambos já disponibilizam cluster 100% digital (opcional no VW, item de série no Peugeot). Mesmo na versão com painel de instrumentos analógicos do Tiguan, há computador de bordo com informações claras de consumo e velocímetro digital, algo que a Toyota ainda não oferece no RAV4.
O que faria uma pessoa comprar o SUV da Toyota? Depois de enfrentar alguns quilômetros na cidade e na estrada, pude concluir que seriam os mesmos motivos que levariam alguém a optar pelo Corolla no lugar do Civic, em uma comparação simples. O RAV4 é mais conservador que o arrojado 3008, que traz detalhes como os belos faróis com contornos em LED e até mesmo teto solar panorâmico com filete de luz ambiente, encantando todos os passageiros que entram no SUV da marca francesa. Na parte de fora, o RAV4 também não se importa em ter um visual arrasador.
Em seu benefício, o SUV tem o forte sobrenome da Toyota e seus concessionários. Após a conclusão deste texto, entre no site do Reclame Aqui e veja a avaliação da fabricante japonesa. Até a nossa publicação, a Toyota resolveu 82,1% dos problemas e respondeu 98,6% das reclamações postadas, garantindo até mesmo um prêmio de satisfação da Revista Época.
O perfil dos clientes da marca também ajuda no valor do seguro, que costuma ser bem mais baixo que o da maioria dos rivais. Quem compra um carro da Toyota não está apenas adquirindo um modelo confortável e econômico, mas também garantindo um sono tranquilo durante a noite.
Este é um SUV que trata de valores tangíveis. O painel é simples e não traz os botões inspirados em teclas de piano do Peugeot 3008, nem o revestimento emborrachado do VW Tiguan. Seu habitáculo, como um todo, foi feito para a praticidade e não para uma exibição artística. Alguns comandos poderiam estar mais bem posicionados, o que os deixaria mais fáceis de serem acionados. Portanto, a ergonomia é um ponto que precisa evoluir no SUV na Toyota.
A central multimídia de sete polegadas não tem o melhor dos toques. Sua interface exige certo esforço para ser utilizada, ainda que conte com GPS, DVD e acesso à internet por meio de um cartão SIM. Gosto de pautar a intuitividade de um sistema multimídia pelo tempo que levo para conectar meu celular ao Bluetooth. No caso do RAV4, algumas funções que deveriam estar no menu principal parecem escondidas.
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A animação do GPS não é fluida - ainda que isso não atrapalhe a navegação - e as entradas USB são escondidas. É possível viajar por praticamente todas as funções do sistema por meio do volante multifuncional, garantindo mais segurança para o motorista. Se a experiência não é das mais surpreendentes na parte tecnológica, o RAV4 é uma verdadeira sala de estar para todos os ocupantes.
Mesmo com tração integral, que acaba roubando espaço com a elevação do túnel central, há espaço suficiente para cinco adultos viajarem com total conforto. Ainda que sentar no meio do banco traseiro continue sendo uma tarefa ingrata por conta do apoio de braço, o passageiro ao menos não terá seus meniscos esmagados.
Toyota RAV4 vai bem na cidade e na estrada
O bom porta-malas de 547 litros é suficiente para levar a bagagem de uma família com dois filhos sem nenhum aperto. Viajar, aliás, é uma das atividades mais reconfortantes do Toyota RAV4. A suspensão (McPherson na dianteira e braços sobrepostos na traseira) tem acerto macio que faz esquecer o conjunto rígido e duro da dupla Tiguan e 3008. Enquanto os dois rivais ainda trazem traços de esportividade, o RAV4 quer ser um SUV mais orientado para o conforto. O carro se sai bem para enfrentar as esburacadas ruas brasileiras, mas pegue leve nas curvas.
O RAV4 ainda proporciona um trajeto tranquilo, contando com controle de estabilidade e tração, sete airbags (frontais, laterais, de cortina e para os joelhos do motorista) e carroceria com deformação progressiva. Isso garantiu ao SUV da Toyota a boa nota de cinco estrelas para a proteção de adultos e quatro estrelas para crianças, de acordo com o Latin NCAP.
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Seu motor 2.0 entrega apenas 145 cv e 19,5 kgfm de torque a 3.600 rpm. Aliado ao câmbio automático CVT, que simula sete marchas, o RAV4 acelera de 0 a 100 km/h em longos 12,6 segundos. O gerenciamento, por outro lado, é inteligente o suficiente para reduzir as marchas em ultrapassagens. Bem escalonado, a caixa automática é uma das responsáveis pelo bom consumo de 9,5 km/l na cidade e 10,9 km/l na estrada, de acordo com o Inmetro. Para um carro 4x2, está dentro dos conformes.
Conclusão
Não estamos falando de um carro adequado para todos os perfis. Se você está buscando algo um pouco mais jovial, VW Tiguan, Peugeot 3008 e o Jeep Compass podem cair bem na sua garagem. Quem procura por confiabilidade e conforto ficará mais que satisfeito com o Toyota RAV4 . A versão topo de linha que testamos custa R$ 144.990.
Ficha técnica
Preço: R$ 144.990
Motor: 2.0, gasolina
Potência: 145 cv a 6.200 rpm
Torque: 19,5 kgfm a 3.600 rpm
Transmissão: CVT, sete velocidades
Suspensão: McPherson (dianteira), braços sobrepostos(traseira)
Porta-malas: 547 litros
Tanque: 60 litros
Consumo: 9,5 km/l na cidade, 10,9 km/l na estrada
0 a 100 km/h: 12,9 segundos
Vel. máx: 170 km/h