“Pode buscar o Eclipse, por favor?”, disse ao manobrista do valet, enquanto lhe entregava o ticket validado. Ele coçou a cabeça, passando os olhos pelos vários carros estacionados no shopping, possivelmente em busca de um cupê esportivo com motor 3.8 V6. Eu, é claro, fiquei calado para ver o que aconteceria, mas o rapaz logo apertou o alarme da única chave com o logotipo da Mitsubishi em sua mesa. Pois é, parece que as pessoas ainda estão com dificuldade de assimilar este nome ao SUV entre o ASX e Outlander. O Mitsubishi Eclipse Cross 2019 chegará às concessionárias no mês que vem, como uma nova opção entre os utilitários esportivos médios.
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Apesar da brincadeira, o Mitsubishi Eclipse Cross 2019 mantém alguns dos atributos de seu antecessor. De acordo com os engenheiros da Mitsubishi, o “high hip point ” (ou linha de cintura alta) é o responsável por acrescentar robustez à carroceria de um esportivo. Da metade para cima, o Eclipse é um cupê; da metade para baixo, um SUV médio. A lanterna que divide o vidro traseiro também forma um spoiler, como outra referência clara ao emblemático esportivo.
Este design meio “ Jaspion ” é um dos atrativos do carro. Durante toda a minha estadia com o Eclipse Cross, pessoas apontavam na rua, principalmente por conta do desenho expressionista da traseira. A marca optou por ser um pouco mais conservadora no interior, ainda que o carro fuja completamente da identidade visual que foi adotada no Outlander . Particularmente, achei bem mais bonito, com uma ampla tela flutuante ao centro do painel. Acabamento preto brilhante se estende na região das saídas de ar e comandos climáticos. Na parte superior, materiais macios revestem todo o painel, acrescentando toques de refinamento ao Eclipse Cross.
Algumas soluções poderiam ser mais inteligentes. Nas portas dianteiras, por exemplo, o puxador esconde os comandos dos vidros elétricos mais à frente. Por se tratar de um modelo de homologação vindo dos Estados Unidos (isso explica a placa verde nas fotos), a Mitsubishi não teve tempo de disponibilizar o exemplar com a central multimídia brasileira. Nos foi antecipado que o SUV contará com todas as conectividades Apple CarPlay e Android Auto, possibilitando o espelhamento de aplicações do celular (como Waze, Google Maps e Spotify).
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Quando estive no carro pela primeira vez em Porto Alegre (RS), pude experimentar o banco traseiro do Eclipse. Mesmo com a minha estatura (1,83 metro, bem acima da média brasileira de 1,73 m), tive espaço livre para as pernas. O encosto do banco traseiro é bem reclinado, de forma que o passageiro fique um pouco mais deitado que na maioria dos veículos. Os amigos que passaram o fim de semana comigo não apenas acharam o carro muito confortável e espaçoso, como também se divertiram com o recurso eletrônico que esquenta o banco. A marca divulga que ele tem 473 litros de capacidade no porta-malas, mas o número pode ficar ainda maior por conta do banco deslizante.
Minha experiência a bordo do Eclipse Cross na Serra Gaúcha foi mais orientada para o meio rodoviário. Dessa vez, poderia comprovar a eficácia do motor 1.5 turbo, de 165 cv e 25,5 kgfm de torque a 1.800 rpm, com câmbio automático continuamente variável (CVT), que simula oito marchas no uso urbano.
Você viu?
Em questão de conforto, o Eclipse Cross não fica devendo para os principais rivais. O SUV é um pouco mais lento que a dupla Tiguan e 3008 nas respostas do acelerador, como consequência da transmissão continuamente variável. Um câmbio automático de dupla embreagem faria mais sentido para extrair toda a potência, mas ele tem o que é necessário para enfrentar o trânsito. No que diz respeito ao motor, anéis, saída de válvula e shape de cabeça de pistão já estão adaptados para a porcentagem de até 27% de etanol da gasolina brasileira. Se o Eclipse corresponder às expectativas, poderemos contar com uma versão flex no futuro.
A ciência por trás do Mitsubishi Eclipse Cross 2019
Como todas as marcas japonesas, a Mitsubishi focou em desenvolver um carro pontualmente equilibrado. A suspensão dianteira é McPherson, enquanto a traseira vem com o tipo multibraço com barra estabilizadora e molas helicoidais. Combinado aos pneus 225/55R com tecnologia nanobalance, o Eclipse garante mais equilíbrio e resistência para curvas em alta velocidade.
Gosto de fazer uma comparação com o rival Chevrolet Equinox . Parece que os engenheiros da Mitsubishi decidiram fazer exatamente o oposto do SUV americano. Enquanto o GM é um verdadeiro canhão em linha reta, porém atrapalhado em curvas, o Eclipse não chega a dar frio na barriga do motorista, mas é equilibrado.
O Eclipse Cross também tem seletor de tração com três modos de condução: asfalto, neve e cascalho. Dessa forma, o Eclipse tem mais disposição para enfrentar obstáculos fora de estrada que seus principais rivais.
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Além da boa estabilidade em curvas, o Eclipse conta com alerta de saída de faixa, sistema de prevenção de acelerações involuntárias e nove airbags espalhados pela cabine. Quando foi submetido os testes de colisão do Latin NCAP, o modelo recebeu cinco estrelas para a segurança de adultos e três estrelas para crianças. A nota poderia ser melhor, se o tipo de ancoragem para cadeirinhas infantis no banco traseiro fosse diferente.
Conclusão
A categoria dos SUVs médios é uma das mais completas do mercado brasileiro, com carros para todos os gostos. Se você gosta de acelerar, o VW Tiguan pode ser a melhor escolha. Caso a preferência seja por luxo e extravagância, o Peugeot 3008 seria a pedida certa. O Mitsubishi Eclipse Cross 2019 com tração integral parte de R$ 155.900, sendo um complemento de equilíbrio para seu segmento. Vale conferir o carro pessoalmente para saber se o carro preenche o seu perfil de consumidor.
Ficha técnica
Preço: a partir de R$ 149.990 (R$ 155.900 na versão testada)
Motor: 1.5, turbo, gasolina
Potência: 165 cv
Torque: 25,5 kgfm
Transmissão: CVT, oito velocidades
Suspensão: McPherson (dianteira), Multibraço (traseira)
Freios: discos ventilados (dianteira e traseira)
Porta-malas: 473 litros
Tanque 63 litros
0 a 100 km/h: 11,4 segundos
Consumo: 8,6 km/l (cidade) 11,4 km/l (estrada), com gasolina (Inmetro)