A eletrificação é um caminho sem volta para o mercado automotivo. As fabricantes vêm se empenhando em encontrar maneiras de produzir veículos eletrificados mais baratos para atingir suas metas de descarbonização.
Nesta semana, a Stellantis, dona da Fiat , Jeep , Citroën e Peugeot , anunciou que já possui as tecnologias eletrificadas prontas para serem produzidas no Brasil .
A Stellantis batizou suas tecnologias híbridas de “ Bio-hybrid ” e ressalta que todo o desenvolvimento aconteceu no centro de tecnologia do conglomerado em Betim (MG). O Bio é alusão ao etanol , combustível que há muito tempo a Stellantis já dedica uma atenção especial .
“O Bio-Hybrid faz parte da rota tecnológica da mobilidade acessível e sustentável adotada pela Stellantis. Queremos potencializar as virtudes do etanol, como combustível renovável, cujo ciclo de produção absorve a maior parte de suas emissões, combinando a propulsão à base do biocombustível com sistemas elétricos”, afirmou Antonio Filosa, presidente da Stellantis na América do Sul,
Segundo Filosa, o início da aplicação acontecerá “nas marcas de maior volume do grupo”, então, logicamente, caberia à Fiat o papel de iniciar a eletrificação no Brasil, provavelmente com Pulse , Fastback e até a Toro .
Durante o evento em Betim, a Stellantis mostrou quatro opções eletrificadas que irá aplicar em seus modelos futuros.
A versão mais acessível consiste em um sistema híbrido-leve que conta com um pequeno gerador de 4 cv de potência e substitui o alternador e o motor de partida. Esse motor elétrico gera torque adicional para o motor a combustão e também consegue carregar uma bateria de Lítio-íon de 12 volts, que funciona em paralelo ao sistema elétrico do carro.
O sistema traz a função “ Coasting ”, que permite o veículo continuar em movimento com o câmbio desacoplado ou até mesmo, com o motor desligado . Além disso, a plataforma ainda traz uma nova geração da função “Start-Stop”.
Os custos para implantação desse sistema são os mais baixos entre os anunciados, então, espera-se que os automóveis da Fiat e até mesmo Citroën e Peugeot contem com essa opção de motorização, apesar de que ainda é muito cedo para afirmar. Vale ressaltar que a marca já tem o projeto do substituto do Argo e família, todos eles podem ser equipados com a tecnologia.
A plataforma Bio-Hybrid e-DCT traz dois motores elétricos , o primeiro nos mesmos formatos do motor anterior e outro com dimensões maiores, acoplado ao câmbio. Uma bateria de 48 Volts armazena a energia gerada pelos motores e a gestão entre os modos de condução elétrico, híbrido ou térmico é gerida eletronicamente.
Haverá também modelos híbridos plug-in , que necessitam do uso de carregadores para obter energia elétrica para as baterias, ao contrário dos sistemas anteriores, que usavam o pequeno gerador para obter essa energia.
Esse tipo de sistema já é utilizado no Jeep Compass 4xe , por exemplo, e consiste em um motor elétrico acoplado ao eixo traseiro, permitindo conduzir por mais tempo em modo exclusivamente elétrico do que no sistema e-DCT. Por ser um sistema mais caro, é capaz de não ser utilizado em carros da Fiat, e ficar somente para modelos mais caros da Jeep. No entanto, nada disso está decidido, ao menos publicamente.
A última arquitetura apresentada é a 100% elétrica (BEV) e contará com bateria de 400 Volts e apenas um motor elétrico. As recargas acontecem através da regeneração ou através do plug de recarga, como já é padrão nesses sistemas. A novidade é que a Stellantis irá oferecer “sonoridade customizável”.
A Stellantis trabalha forte na redução de emissões. A meta é que em 2038 a emissão de carbono do conglomerado seja zero e que até 2030 a gama de automóveis elétricos seja de 75 veículos e que o volume de vendas global desses modelos seja de cinco milhões por ano entre todas as marcas.
Segundo Filosa, até 2030, a Stellantis irá produzir no Brasil um veículo 100% elétrico , que chegará antes disso, mas através de importação . A expectativa é que o modelo escolhido seja o Jeep Avenger , um SUV menor que o Renegade . Ou até o substituto do segundo.
Entretanto, a Stellantis também trabalha na pesquisa e desenvolvimento de células de combustível abastecidas com etanol, que permitiria a criação de hidrogênio por meio de reação química.
Para o Brasil, a descarbonização envolverá o etanol, já que é um combustível de origem renovável e com emissões mais baixas que a gasolina, por exemplo. No evento, também foi exibido o motor que funciona exclusivamente a etanol
, que voltou a ser cogitado em algum modelo futuro, podendo ser utilizado em alguma plataforma Bio-Hybrid.