Em nossa última reportagem sobre mobilidade, propusemos que os leitores do iG participassem de uma pesquisa sobre o assunto. Eram dez perguntas variadas e bem simples sobre comportamento e expectativas para o futuro. Os resultados finais são interessantes, e marcam o período de transitoriedade em que estamos inseridos.
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Apesar do automóvel ainda ser indispensável para 70% da nossa audiência, mais de 90% das pessoas que responderam a pesquisa já consideram métodos alternativos de mobilidade . O crescimento populacional nas grandes cidades e os engarrafamentos são os principais motivos.
As pessoas se sentem mais seguras em seus automóveis, conforme uma pesquisa publicada pelo ICS (Instituto Clima e Sociedade). Além disso, o conforto de estar sozinho com o ar-condicionado ligado é tentador, considerando que o transporte público em praticamente todas as cidades brasileiras não é satisfatório. Você terá que ficar em pé, espremido entre os espaços que restam no ônibus .
De acordo com o próprio ICS, o há um desejo coletivo de que o transporte público seja o principal meio de locomoção das pessoas. Na região Centro-Oeste, o meio coletivo tem a taxa de rejeição mais alta, desagradando a 67% dos cidadãos.
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Boa parte dos nossos leitores - 54% conforme a pesquisa - também usam métodos alternativos de transporte. O mais popular é o Uber, com 20% de adesão, seguido por ônibus (17.8%), metrô (10%) e bicicletas (5,3%). Os outros 46.5% utilizam apenas o automóvel.
Nos comentários, muitos justificaram a escolha pelos automóveis. “Cuido de uma pessoa adoentada que mora a 5 quilômetros da minha casa”, disse Antonio Lazaro. “Tenho que atravessar viadutos, lugares perigosos, e o transporte coletivo demora muito. Se não tivesse meu carrinho velho, estaria perdido.”
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Para outro leitor, Josiel Oliveira, carro já é coisa do passado. “Vendi o meu há dois anos e só rodo de bicicleta e Uber. Não pretendo comprar outro. Me libertei da carrocracia”, brinca.
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Apesar da preferência pelo carro, nosso público ainda é a favor de colocar as contas na ponta do lápis. André Christóvão, por exemplo, diz que transporte público e Uber poderiam pesar muito no orçamento da família. “Já fiz as contas, mas continuo com a motocicleta . Minha esposa tem um sedã compacto para levar e buscar nossos filhos na escola, além de outras atividades”, explica ele. “Espero, um dia, poder abandonar pelo menos o carro”.
Da mesma forma, o leitor José Gonçalves demonstrou sua insatisfação com a cultura do automóvel. “Ter carro é entrar num círculo vicioso. É um gasto absurdo: enferruja, amassa, te roubam e você ainda poderá perdê-lo em enchentes. Nossa cultura torna as pessoas mais felizes dentro de um carro”.
Os dizeres deste último leitor se encaixam perfeitamente com a colocação de Maurício Feldman, CEO da Volanty - plataforma que negocia seminovos. “Carro ainda é uma questão de status no Brasil”, diz o executivo. “Por vezes, é uma das compras mais importantes que uma família pode fazer na vida, depois da casa própria”.
Para Feldman, mesmo aqueles que já fizeram as contas e comprovaram que meios alternativos são mais baratos chegam a considerar a conveniência, liberdade e privacidade de se ter um carro próprio. “Ainda mais quando se fala em famílias com crianças pequenas. Dessa forma, utilizar o carro fica ainda mais vantajoso. Aos que usam carro com pouca frequência”, continua o executivo, “não vale a pena sustentar um”.
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I sso vale para 19% de nossos leitores, que utilizam o carro apenas nos finais de semana. Para 64% da audiência, o automóvel ainda é necessário para ir ao trabalho ou faculdade, enquanto apenas 15,7% utilizam em afazeres domésticos, como ir ao mercado. Será que, no futuro, poderemos zerar estes números em prol da mobilidade alternativa?