O estagiário Guilherme Menezes aposta em patinetes e bicicletas para parte do trajeto ao trabalho
Cauê Lira/iG Carros
O estagiário Guilherme Menezes aposta em patinetes e bicicletas para parte do trajeto ao trabalho

Em nossa última reportagem sobre mobilidade, propusemos que os leitores do iG participassem de uma pesquisa sobre o assunto. Eram dez perguntas variadas e bem simples sobre comportamento e expectativas para o futuro. Os resultados finais são interessantes, e marcam o período de transitoriedade em que estamos inseridos.

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Apesar do automóvel ainda ser indispensável para 70% da nossa audiência, mais de 90% das pessoas que responderam a pesquisa já consideram métodos alternativos de mobilidade . O crescimento populacional nas grandes cidades e os engarrafamentos são os principais motivos.

As pessoas se sentem mais seguras em seus automóveis, conforme uma pesquisa publicada pelo ICS (Instituto Clima e Sociedade). Além disso, o conforto de estar sozinho com o ar-condicionado ligado é tentador, considerando que o transporte público em praticamente todas as cidades brasileiras não é satisfatório. Você terá que ficar em pé, espremido entre os espaços que restam no ônibus .

Rio de Janeiro lidera o ranking de engarrafamento. Em média, leva-se 43% mais tempo de viagem por causa de seu trânsito.
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Rio de Janeiro lidera o ranking de engarrafamento. Em média, leva-se 43% mais tempo de viagem por causa de seu trânsito.

De acordo com o próprio ICS, o há um desejo coletivo de que o transporte público seja o principal meio de locomoção das pessoas. Na região Centro-Oeste, o meio coletivo tem a taxa de rejeição mais alta, desagradando a 67% dos cidadãos.

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Boa parte dos nossos leitores - 54% conforme a pesquisa - também usam métodos alternativos de transporte. O mais popular é o Uber, com 20% de adesão, seguido por ônibus (17.8%), metrô (10%) e bicicletas (5,3%). Os outros 46.5% utilizam apenas o automóvel.

O Lady Driver também se tornou uma boa opção entre apps como Uber. Seu uso é exclusivamente feminino
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O Lady Driver também se tornou uma boa opção entre apps como Uber. Seu uso é exclusivamente feminino

Nos comentários, muitos justificaram a escolha pelos automóveis. “Cuido de uma pessoa adoentada que mora a 5 quilômetros da minha casa”, disse Antonio Lazaro. “Tenho que atravessar viadutos, lugares perigosos, e o transporte coletivo demora muito. Se não tivesse meu carrinho velho, estaria perdido.”

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Para outro leitor, Josiel Oliveira, carro já é coisa do passado. “Vendi o meu há dois anos e só rodo de bicicleta e Uber. Não pretendo comprar outro. Me libertei da carrocracia”, brinca.

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Apesar da preferência pelo carro, nosso público ainda é a favor de colocar as contas na ponta do lápis. André Christóvão, por exemplo, diz que transporte público e Uber poderiam pesar muito no orçamento da família. “Já fiz as contas, mas continuo com a motocicleta . Minha esposa tem um sedã compacto para levar e buscar nossos filhos na escola, além de outras atividades”, explica ele. “Espero, um dia, poder abandonar pelo menos o carro”.

Da mesma forma, o leitor José Gonçalves demonstrou sua insatisfação com a cultura do automóvel. “Ter carro é entrar num círculo vicioso. É um gasto absurdo: enferruja, amassa, te roubam e você ainda poderá perdê-lo em enchentes. Nossa cultura torna as pessoas mais felizes dentro de um carro”.

Os dizeres deste último leitor se encaixam perfeitamente com a colocação de Maurício Feldman, CEO da Volanty - plataforma que negocia seminovos. “Carro ainda é uma questão de status no Brasil”, diz o executivo. “Por vezes, é uma das compras mais importantes que uma família pode fazer na vida, depois da casa própria”.

Carros continuam vinculados ao status pessoal do comprador. Uma das compras mais importantes da vida
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Carros continuam vinculados ao status pessoal do comprador. Uma das compras mais importantes da vida

Para Feldman, mesmo aqueles que já fizeram as contas e comprovaram que meios alternativos são mais baratos chegam a considerar a conveniência, liberdade e privacidade de se ter um carro próprio. “Ainda mais quando se fala em famílias com crianças pequenas. Dessa forma, utilizar o carro fica ainda mais vantajoso. Aos que usam carro com pouca frequência”, continua o executivo, “não vale a pena sustentar um”.

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I sso vale para 19% de nossos leitores, que utilizam o carro apenas nos finais de semana. Para 64% da audiência, o automóvel ainda é necessário para ir ao trabalho ou faculdade, enquanto apenas 15,7% utilizam em afazeres domésticos, como ir ao mercado. Será que, no futuro, poderemos zerar estes números em prol da mobilidade alternativa?

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