Sonho de muitos jovens dos anos 80 e 90, assim como o VW Gol GTI , o Ford Escort XR3 (sigla para Experimental Research 3, ou “Pesquisa Experimental 3”) é um daqueles carros que tem mexido com a cabeça de colecionadores ultimamente. Fabricado entre 1984 e 1995, o esportivo teve também a configuração conversível, lançada em 1985.
O exemplar da matéria é um XR3 de 1993
- de quinta geração lá fora, mas da segunda produzida no Brasil -, modelo que foi fabricado até 1995 por aqui. O Ford pertence ao colecionador e vendedor de raridades, Reginaldo Ricardo, mais conhecido como
Reginaldo de Campinas
. Ele nos conta que o primeiro dono trabalhava na Ford e conseguiu adquirir o carro com alguns benefícios e descontos dados à época para quem era funcionário.
“Eu comprei esse carro de segundo dono que é amigo do primeiro que trabalhou na Ford. Após ele ter ficado seis meses com o carro, pois na época tinha uma exigência de tempo de seis meses, no mínimo, aí ele revendeu para o segundo dono praticamente sem ter usado”, explica o comerciante.
O acaso do XR3 ter vindo parar nas mãos de Reginaldo em 2021 se deu graças ao fato da necessidade do segundo proprietário ter outros modelos para o uso diário e não ver mais necessidade em ter um veículo de uso esporádico.
“Ele usava somente nos finais de semana. No começo dos anos 1990 e 2000, o índice de furto e roubos em Ribeirão Preto aumentou, ‘obrigando’ a guardá-lo de vez”, diz.
Segundo Reginaldo, outro motivo que fez com que o XR3 caísse em suas mãos foi a falta de vaga no apartamento que o segundo dono veio a morar depois. O carro passou dias e noites durante décadas parado em estacionamento e, neste período, a poeira e a chuva quase puseram um fim à bela pintura Assim, tudo conspirava a favor do comerciante de raridades que acabou “arrematando” o belo esportivo no ano de 2021.
Com apenas 14 mil km, Reginaldo conta que o vendeu em 2021 e acabou voltando para as suas mãos, exatamente como foi, com a mesma quilometragem e estado de conservação em 2023. Para não dizer que tudo foi mantido, os clássicos e populares pneus Firestone Firehawk 660 185/60 R14
tiveram de ser substituídos, obviamente.
“Escapamento, bateria e pneus são itens que nem podemos levar em consideração de preservação do carro, pois a ação do tempo e a própria validade destes itens impossibilitam o uso após décadas de fabricação. Mas há quem os guarde para a venda junto com os atuais em uso”, reforça Reginaldo.
Sob o capô, o XR3 ostenta o motor AP 2.0 de 116 cv de potência e torque de 17,7 kgfm
, suficientes para, em parceria com o competente câmbio manual de cinco marchas, levá-lo de zero a 100 km/h em 11 segundos e atingir velocidade final de 187 km/h. Estamos falando dos anos 1990, ou seja, dados respeitáveis para a época. Segundo a imprensa automotiva nacional, ele foi um dos esportivos nacionais mais velozes de então.
Como é de praxe em qualquer relíquia com a quilometragem baixa, fica até meio redundante falarmos do que esse hatch esportivo da Ford tem, mas vamos lá. Os bancos dianteiros esportivos de veludo cinza e detalhes em vermelho da Recaro
mantém a mesma textura agradável ao toque, assim como o restante do elogiável e reverenciável acabamento Ford, uma boa fase que durou até os anos 2000.
Quanto às etiquetas de revisões da Ford, bem como as do cobiçado rádio toca-fitas com equalizador
, funcionam em “perfeita sintonia” com o restante das demais funcionalidades, itens de conforto e conveniência do Escort. Por falar no aparelho de som, até a etiqueta com o código de segurança para ativação ainda se mantém lacrada junto aos demais documentos e manuais, tudo cuidadosamente protegido por um estojo da concessionária Cia Santo Amaro
, de São Paulo.
Por fora, apesar da chuva, sereno e poeira de décadas terem sido cruéis com o Ford, nem isso conseguiu apagar o “brilho de sua imagem”. Nada que um boa lavagem detalhada para reavivar esta cápsula do tempo.
Questionamos o Reginaldo sobre o valor do Ford Escort XR3,
mas ele preferiu não revelar. Em se tratando de uma versão esportiva que tem valorizado - veja o exemplo do VW Gol GTi
, que tem o preço médio de R$ 200 mil
-, o exemplar de Reginaldo pode ser uma oportunidade de ganhar dinheiro com a futura valorização.