No dia 30 de agosto do ano passado , a Citroën apresentou a nova geração do C3 , um modelo indiano completamente diferente da segunda geração . Mantendo apenas o motor 1.6 EC5 flex como elemento de continuidade, esta versão passou por uma reformulação completa, desde o design até os detalhes do acabamento.
Testamos a versão Live Pack , a opção intermediária com motor 1.0 , mas considerada de entrada. Ele é apontado como o melhor custo-benefício, posicionando-se entre concorrentes como o Renault Kwid e o Fiat Mobi , ambos com configurações topo de linha.
ATÉ QUE É BONITINHO:
Na dianteira, destaca-se a reprodução da identidade visual característica dos Citröen . O conjunto é separado, com lanternas incandescentes equipadas com DRL (não em LED) acima e, abaixo, faróis parabólicos também incandescentes.
Caso o motorista deixe a luz ligada ao desligar o veículo, ela se apaga ao abrir a porta, dispensando a necessidade de desligar os faróis manualmente.
Na lateral, os repetidores de setas são integrados aos retrovisores, que não adotam a cor do veículo como as maçanetas.
A parte traseira incorpora luzes incandescentes com um design que imita a letra “C” de Citroën quando estão acesas.
COMO ANDA?
Na parte da motorização, o Citroën C3 Live Pack adota o já conhecido 1.0 aspirado Firefly da Stellantis , presente desde 2016 . Este propulsor oferece 71 cv com gasolina e 75 cv com etanol, ambos a 6.000 rpm, sendo o mais potente entre seus concorrentes diretos, Mobi e Kwid . Além disso, o motor apresenta um ótimo torque, liderando sua categoria com 10 kgfm na gasolina e 10,7 kgfm no etanol, ambos entregues a 3.250 rpm. Tudo isso acoplado ao câmbio manual de cinco velocidades, o mesmo do Peugeot 208 1.0.
A agilidade do carrinho se destaca especialmente em ambientes urbanos e durante as saídas, graças ao belo torque , o que me proporcionou rapidez e prazer ao dirigir na cidade. O desempenho do carro 1.0 é agradável, cumprindo muito bem sua função.
Já na estrada, o Citroën C3 Live Pack também anda e desenvolve bem, mas até a quarta marcha. Após isso, a resposta acaba sendo difícil para ele. Alcancei a velocidade de 145 km/h na quarta marcha; entretanto, ultrapassar esse limite até os 160 km/h de velocidade máxima divulgados exigiu mais esforço do motor. Mas, convenhamos, ninguém busca um veículo desse segmento com a expectativa de alto desempenho.
O 0 a 100 km/h foi cerca de 14,1 segundos , com uma bela demora de retomada.
O consumo, obviamente, é um ponto forte, mas esperava um pouco melhor. No ciclo urbano alcancei 10,5 km/l e no rodoviário em torno de 15,6 km/l.
O Inmetro divulgou que o hatch compacto chega a 13,2 km/l/9,5 km/l (G/E) na cidade e 13,2 km/l/14,5 km/l (G/E) na estrada.
Os meus testes foram realizados apenas com gasolina no tanque de 47 litros.
ÓTIMA SUSPENSÃO
Abordo esse tema aqui, pois a questão da suspensão é crucial aqui, pois faz toda a diferença. A experiência ao dirigir o C3 foi confortável , especialmente devido à suspensão macia. A altura elevada do carro contribuiu muito nas ruas esburacadas de São Paulo.
Assim como seus concorrentes, o Citroën C3 adota a suspensão McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira. No entanto, a sensação de altura e conforto foi bem agradável nos momentos de desníveis. Quem ajuda também é os pneus 195/65 e rodas aro 15 , superiores em comparação com os adversários.
Em curvas o C3 também faz um bom trabalho. Se mantém na trajetória tranquilamente. Mas por ser um veículo alto, pode ser que o condutor acabe sentindo a carroceria um pouco solta, mas nada que incomode.
VISIBILIDADE DE UM SUV
A Citroën define o C3 como um "hatchback com altitude de um SUV" . E definitivamente isso se reflete no veículo. A ampla visibilidade abrange tanto o motorista quanto os ocupantes no banco traseiro, o que proporciona uma perspectiva verdadeiramente inspirada nos SUVs. Ajudando, e muito, na hora de estacionar, pela visão do que há na frente.
Esse efeito é alcançado graças à sua altura do solo de 180 mm , a mesma do GWM Haval H6 , um SUV médio.
DIMENSÕES E ESPAÇO INTERNO
O hatch nasceu de um projeto indiano, mas teve modificações estruturais para chegar aqui no Brasil com mais segurança e mais espaço interno, além de um toque da Stellantis.
Com dimensões de 3,98 m de comprimento, 1,73 m de largura , 1,58 m de altura e um entre-eixos de 2,54 m. O C3 apresenta ótimas medidas para sua categoria compacta. Destaque para o porta-malas generoso de 315 litros , o melhor da categoria. Além da presença de um gancho na parte direita, o que facilita o transporte de sacolas
A segunda fileira proporciona um espaço confortável para os ocupantes, graças à modificação feita pela Citroën para se adaptar ao mercado brasileiro, resultando em bancos dianteiros mais eretos. Isso resulta em bons movimentos para os pés e um espaço de aproximadamente dois dedos quando o banco está ajustado para uma pessoa de 1,87 m de altura.
No entanto, alguns pontos incômodos incluem uma elevação para baixo no teto, levando a ocasionais toques na cabeça, e a presença de um túnel central elevado. Além disso, não há portas-objetos e alças de segurança, detalhes que poderiam melhorar a praticidade e segurança no interior do veículo
POSIÇÃO DESCONFORTÁVEL
Já na parte da frente, a ergonomia do banco se revelou como um grande ponto de desconforto.
Pelo fato da Citroën ter ajustado os bancos dianteiros para proporcionar mais espaço aos passageiros traseiros, o banco acaba sendo muito reto , resultando em cansaço após alguns minutos ou horas ao volante. A presença excessiva de espuma nos bancos contribui ainda mais para tornar o banco bem desconfortável.
Como era de se esperar, o volante não oferece ajustes de altura e profundidade como o Renault Kwid . Portanto, o motorista precisa adaptar o banco de acordo com o volante, o que pode prejudicar ainda mais a experiência ao dirigir.
INTERIOR
O acabamento, assim como em seus adversários, é todo em plástico. Não possui nenhum material soft-touch nem sequer um tecido para apoio dos braços na porta.
No entanto, notei uma falta de cuidado na montagem dos materiais. Alguns deles estão um pouco soltos e não permanecem tão fixos ao transitar em superfícies irregulares.
Quanto ao volante , é digno de elogios. O sistema elétrico progressivo é bem suave de guiar e apresenta um ótimo desempenho. Melhor ainda na hora de manobrar o veículo.
Além disso, o volante oferece funcionalidades como controle de volume, atendimento ou desligamento de chamadas e seleção de estações de rádio.
O painel de instrumentos é bem simplificado, apresentando uma tela pequena que não inclui sequer um conta-giros. Embora não tenha sido um problema para mim, quem tiver dificuldades nas trocas de marcha pode encontrar um certo desafio. Uma ajuda útil é a seta no canto superior esquerdo que indica quando é necessário mudar a marcha.
Contudo, o painel fornece informações essenciais, como a velocidade em km/h, consumo, autonomia, temperatura do óleo, nível de combustível e odômetro.
A estrela principal do C3, sem dúvida, é a enorme tela central de 10,25 polegadas. E é aqui que surge o único motivo para investir na versão Live Pack 1.0 em vez da Live 1.0 (diferença de R$ 8.000).
Ela é simples, mas oferece excelente resposta. As funções não são muitas, mas o mínimo para o dia-a-dia. São incluídos rádio e configuração de som, que, aliás, é excelente. No entanto, o destaque vai para a conectividade sem fio de Apple CarPlay e Android Auto.
Acaba faltando uma câmera de ré, já que o C3 Live Pack 1.0 não possui sensores.
O Citroën C3 Live Pack se destaca como uma ótima opção, se não for a melhor escolha entre seus concorrentes diretos. Sem dúvida, oferece o melhor custo-benefício pelo que proporciona. O maior ponto de atenção reside no preço e na segurança fornecida pelo modelo.
R$ 80.990 para um veículo desse porte é bem elevado. Os R$ 8.000 adicionais por uma chave com controle remoto e uma tela multimídia não justificam o valor. Faltam retrovisores e vidros traseiros elétricos e chave tipo canivete (nenhuma versão oferece) pelo preço. Poderia ser um pouco menos, talvez em torno de R$ 4.000?
A segurança deixa a desejar, limitado apenas aos dois airbags frontais por legislação. O Renault Kwid, por exemplo, já conta com quatro airbags, algo que poderia ser incorporado ao C3, especialmente considerando o preço mais elevado.
No entanto, se você está em busca de um veículo zero quilômetro, espaçoso, econômico, com uma suspensão confortável e emparelhamento do celular, o C3 Live Pack pode ser uma excelente escolha.
Minha dica é : realize um belo test-drive, dedicando um tempo para avaliar o conforto do banco, uma vez que a espuma e a ergonomia podem impactar sua experiência ao dirigir. Se você não sentir que falta acessórios pelo preço, é uma boa opção. Agora, caso goste e sente que falta acessórios que citei acima e possui R$ 3.000 guardado, leve a versão Feel Pack 1.0.