Peugeot 5008: SUV de sete lugares é um dos exemplos de carro familiar que está sendo cada vez mais bem aceito
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Peugeot 5008: SUV de sete lugares é um dos exemplos de carro familiar que está sendo cada vez mais bem aceito

Quem, como eu, passou a infância nos anos 70, deve se lembrar que carro familiar eram as peruas. Aliás, o próprio estilo das famílias era muito padronizado. Os casais se casavam novos e começavam a ter filhos cedo.

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Poucas mães tinham uma carreira profissional. Na média, as famílias eram compostas por três filhos (isso nas classes média e alta, que tinham poder aquisitivo para ter carros). Casais desquitados (não havia o termo divórcio) eram exceção. Era uma época em que os pais que queriam viajar com os filhos ou fazer compras do mês (outro conceito que só existia por causa da inflação alta) precisavam de uma Variant, uma Brasília, uma Belina, uma Caravan. Se agregados fossem se juntar à viagem, alguém que tratasse de arrumar uma Kombi, uma Rural ou uma Veraneio, como carro familiar.

 Hoje, casais se casam mais tarde, e muitas pessoas optam por não se casar. Mulheres focam em suas carreiras e postergam o momento de engravidar. Algumas escolhem não ter filhos. Há muitos casais com apenas um filho, no máximo dois. Divórcio deixou de ser exceção, assim como os segundos casamentos que carregam filhos dos matrimônios anteriores, formando as (poucas) grandes famílias modernas. Outra situação que gera famílias mais numerosas é a reprodução assistida, que tem maior chance de gerar gêmeos.

VW SpaceFox é uma das poucas peruas que ainda restam no mercado no Brasil e não deverá durar muito em produção
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VW SpaceFox é uma das poucas peruas que ainda restam no mercado no Brasil e não deverá durar muito em produção

 Falei dos anos 70, mas as peruas já reinavam há várias décadas como carro de família, e isso perdurou até o fim dos anos 90. Foi quando um novo conceito começou a tirar mercado das peruas: a ascensão dos monovolumes, minivans, vans e furgões. Foi a era em que modelos como Renault Scénic, Citroën Picasso, Chevrolet Meriva, Fiat Dobló, Mercedes Classe A e outras opções abocanharam o mercado de peruas como Parati, Palio Weekend, Ipanema, Royale, Quantum e outras saudosas peruas.

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Citroën Grand C4 Picasso está no restrito grupo de minivans à venda no Brasil atualmente

Porém, o reinado das minivans e afins durou menos de uma década. Hoje, restaram poucos representantes da estirpe. Das minivans clássicas, só as importadas Citroën C4 Picasso, Mercedes Classe B e Kia Carnival, que venderam juntas 400 unidades neste ano. De monovolume, o exemplar derradeiro é o Chevrolet Spin, sucesso entre os taxistas, com 7.778 emplacamentos até maio. Multivan, só Fiat Dobló, com 2.014. Há quem defina o Honda Fit como monovolume, mas ele está mais para um (espaçoso) hatch, e mesmo assim já não vende como na década anterior – 12.094 unidades este ano.

 E as peruas? Restaram cinco no país. As duas nacionais não devem durar muito: VW SpaceFox e Fiat Weekend, que juntas venderam 3.248 unidades até maio. As três importadas (VW Golf, Audi A4 e Volvo V60) somam 405.

 Juntando as vendas de todos esses modelos (até o Fit), não se chega a 3% do mercado de automóveis no Brasil (não incluídas as picapes). Mas se todas essas opções familiares estão sendo ignoradas pelos consumidores, quais são os carros usados pelas famílias modernas? Em geral, SUVs e crossovers, sempre eles.

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Pela sua altura do solo, teto elevado, espaço interno e versatilidade de uso, muitos SUVs são usados pelas famílias modernas, não muito numerosas como as de antigamente. Tendo espaço para um carrinho de bebê no porta-malas e no máximoduas cadeirinhas infantis atrás, é tudo o que “pais frescos” precisam. A altura do carro é valorizada pela facilidade de tirar e colocar as crianças pequenas nos bancos traseiros, bem como o ângulo de abertura das portas de trás, geralmente generoso nos SUVs.

Mudança de paradigma

Lifan X80 acaba de ser lançado no País, com capacidade de levar até sete ocupantes a bordo, com bom espaço interno
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Lifan X80 acaba de ser lançado no País, com capacidade de levar até sete ocupantes a bordo, com bom espaço interno

Para as poucas famílias com muitos filhos (lembra do segundo casamento e dos multigêmeos que falei antes?), há modelos de nicho muito interessantes, alguns com sete lugares. A terceira fileira de bancos é muito requisitada por essa turma, e até os usados com essa opção têm ótima liquidez no mercado de usados, já que os modelos 0km não costumam ter preços dos mais acessíveis.

A fileira a mais fez com que o Dodge Journey vendesse muito mais que sua versão Fiat de cinco lugares, o Freemont. Hoje, a opção 0km mais em conta é o Chevrolet Spin LTZ, de R$ 72.890. Ainda à moda antiga, há o Fiat Dobló Essence, de R$ 87.190, a van chinesa JAC T6,de R$ 100 mil, ou a Grand C4 Picasso, de R$ 131.400.

 Mas a prova de que as grandes famílias estão migrando para SUVs e crossovers é a quantidade de opções dessa categoria com sete lugares. Ontem mesmo a chinesa Lifan apresentou à imprensa o SUV X80, por R$ 130 mil. Para quem quer algo mais requintado, a Peugeot lançou recentemente o crossover 5008, de R$ 157.490. SUVs médios como VW Tiguan e Mitsubishi Outlander também apostam na terceira fileira de bancos, mirando num dos poucos nichos que restava às tradicionais minivans. A fome de mercado dos modelos com apelo off-road parece não ter limites. 

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Às peruas da minha infância, que perderam o posto de carro familiar , resta o consolo de que suas releituras modernas foram adotadas como modelos de alta esportividade. Mas essas stations superesportivas só servem a quem quer viajar pelas estradas de alta velocidade na Europa. No Brasil, “salvem as peruas” é só um slogan tão saudosista como empinar pipa ou jogar futebol de botão. As novas gerações não querem saber disso.

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