O lançamento da nova BMW R 1250 GS é um acontecimento importante para a marca alemã. Não apenas por melhorar ainda mais as muitas virtudes da big trail, acrescendo 84 cm 3 na cilindrada de seu motor bicilíndrico boxer refrigerado a água, mas, principalmente, por reforçar a ideia de que uma antiga fórmula de motor, com as devidas atualizações, ainda possa competir com igualdade – e até superioridade – com as mais radicais big trail disponíveis atualmente no mercado mundial.
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São as rivais ca BMW R 1250 GS a Ducati Multistrada Enduro, a Triumph Tiger, a Honda Africa Twin, a Kawasaki Versys 1000, a Yamaha Super Ténéré e mesmo a BMW S 1000 XR. A breve história dos motores bicilíndricos boxer e a minha história com as motocicletas BMW eu já mencionei aqui, na última avaliação com a BMW R 1200 GS ( veja aqui ), só que desta vez o relato será de “como é possível vencer caminhos difíceis no fora de estrada com uma motocicleta aparentemente tão grande”.
Tudo bem que a saga GS – que em alemão significa “Gelände und Strasse”, “terreno e estrada”, em português, ou seja, na estrada ou fora dela – começou no rali Paris Dakar, mas depois que as GS ganharam as estradas e as garagens mais disputadas – a GS 1200 é a big trail mais vendida –, aos poucos os aventureiros foram descobrindo a sua enorme versatilidade.
Mesmo já tendo pilotado a BMW R 1200 GS e suas versões, desde que as importações de motocicletas reabriram há quase 30 anos (a BMW R 1100 GS em sua concepção mais próxima de versão atual surgiu em 1994), fiquei extremamente surpreso com a capacidade da motocicleta quando, há exatos seis anos, a BMW apresentou uma 1200 GS totalmente renovada em um ousado teste no autódromo de Interlagos.
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Nessa ocasião a big trail passava de 110 cv para 125 cv, trocava de lados o escapamento com o eixo-cardã e aumentava a capacidade do sistema de refrigeração a água. Se a pilotagem na pista, com os pneus de uso misto originais, me surpreendeu, o que dizer na hora de enfiá-la na terra, na antiga pista de fora de estrada que existia no miolo de Interlagos? Os pneus de cravos ajudaram, mas confesso que fiquei impressionado com a facilidade com que aquela enorme motocicleta vencia os obstáculos daquela velha e desgastada pista de terra, cheia de erosões.
Isso fez com que, nesta última segunda-feira, eu achasse mais do que normal rodar o dia inteiro com a nova BMW R 1250 GS por caminhos preferencialmente de terra. Eu já havia acostumado com a sua versatilidade. E olha que os caminhos de terra não eram dos mais confortáveis, principalmente porque usamos os pneus originais, mais indicados para o asfalto. Mesmo assim a nova R 1250 GS passou com extrema facilidade por todos os buracos, erosões e pedras soltas, sem perder a trajetória.
Competência de sobra
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Mas o que faz com que a BMW R 1250 GS se comporte tão bem nas mais variadas situações? Além do excelente equilíbrio dinâmico de sua arquitetura, apesar do tamanho, muita eletrônica. Para rodar na terra, acionei o modo de pilotagem Enduro, que coloca o acelerador eletrônico no modo soft, para que as borboletas não abram bruscamente, coloca o controle de tração e o ABS no modo off-road, mantendo o anti-travamento na roda traseira, e posiciona as suspensões para as formas mais adequadas para rodar na terra.
Há ainda uma posição Enduro Pro, habilitada apenas com a inserção do plug de codificação, desligando o ABS traseiro e controle de tração. As motos de teste não estavam equipadas com esse plug, que exige ainda a utilização de pneus com cravos, exclusivos para rodar na terra.
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Para o uso no asfalto, há os modos de pilotagem Rain, para piso molhado, com a mesma resposta do acelerador do modo Enduro, o Road, com resposta do acelerador otimizada e o Dynamic, com o acelerador liberado diretamente. Todos os modos adequam também as suspensões, no amortecimento e na carga.
São várias as versões da nova BMW R 1250 GS. A de entrada tem equipamentos standard, como ABS Pro, computador de bordo, controle eletrônico de estabilidade, rodas de liga leve, painel de TFT, dois modos de pilotagem (Rain e Road), e lanterna traseira de led. Os equipamentos Sport adicionam controle de pressão dos pneus e farol de led.
Com equipamentos Premium, a GS tem ainda ajuste eletrônico das suspensões, controle de tração, protetores de mãos, luz diurna, piscas de leds, manoplas aquecidas e sistema keyless.
Há ainda a linha R 1250 GS Adventure, que tem suspensões com 20 mm a mais de curso, maior altura do solo, maior ângulo de cáster, rodas raiadas, tanque com 10 litros a mais de capacidade, protetor de motor e para brisa mais alto.
Mecanicamente, a maior diferença da BMW R 1250 GS para a anterior R 1200 GS está na cilindrada, 84 cm 3 a mais graças ao aumento do diâmetro e do curso dos pistões, elevando a potência de 125 cv para 136 cv e o torque de 125 Nm para 143 Nm. A novidade nesse motor são os comandos Shift Cam, que têm dois levantamentos e durações diferentes para cada par de válvulas (são quatro por cilindro). Dependendo da rotação e da solicitação, as válvulas passam a abrir mais e por mais tempo, aumentando a potência.
A BMW R 1250 GS está disponível a partir da versão com equipamentos Sport, com preço de R$ 69.950. Com os equipamentos Premium, o preço salta para R$ 82.950. Já a BMW R 1250 GS Adventure custa R$ 94.950, acrescendo R$ 1.000 para os estilos Exclusive e HP.