Embora vá ser utilizado muito mais nas ruas do que nas trilhas, o Compass tem o DNA da Jeep e encara qualquer terreno.
Reprodução/Studio Cerri
Embora vá ser utilizado muito mais nas ruas do que nas trilhas, o Compass tem o DNA da Jeep e encara qualquer terreno.

É inegável que a Jeep encontrou um produto de sucesso com o Renegade . Mesmo que esteja abaixo do Honda HR-V, o SUV compacto vende muito bem, acumulando 34.917 unidades desde o início do ano. A marca acredita que terá um resultado muito parecido com o Compass, seu novo crossover que ficará posicionado acima do Renegade , para roubar as vendas de carros como Hyundai ix35 . E, pelo o que vimos até agora, tem tudo para cumprir sua missão.

“Brasileiro não quer carro feio”, disse Sérgio Ferreira, diretor da Jeep América Latina, no início da apresentação do Compass . E garantiram que fosse bem atraente. Basta uma olhada para reconhecer que é um Jeep , embora algumas pessoas possam acabar confundindo com o Grand Cherokee, modelo que serviu de inspiração para o crossover menor – o que é bom para a Jeep , por passar a impressão de que o Compass é um modelo mais caro e refinado do que é.

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À primeira vista, a grade de sete fendas chama a atenção, semelhante ao do Grand Cherokee e que ajuda a distanciar o Compass do Renegade . O para-choque tem uma área grande, se aproximando da grade, dando ares de um carro off-road. A traseira segue o mesmo estilo. As lanternas, também em LED, invadem boa parte da tampa do porta-malas e o para-choque é mais alto. Passa a sensação de que é um carro muito mais preparado para trilhas do que para andar na cidade como os rivais.

Do lado de dentro, temos uma mistura do Grand Cherokee com o Renegade . As linhas gerais são do SUV maior, principalmente em volta da central multimídia em na área do porta-luvas. O painel de instrumentos, com uma tela TFT de 3,5 polegadas, é o mesmo do Renegade e da picape Fiat Toro . Todo o acabamento é muito agradável, sem pontas soltas e com materiais macios ao toque. A sensação é de estar em um carro premium.

Barato, mas caro

Se quiser comprar um Compass, terá que desembolsar R$ 99.990 pela versão básica Sport , com motor 2.0 Flex e tração 4x2. Para adquirir o crossover com motor 2.0 turbodiesel e tração 4x4, o preço sobe para R$ 132.990. As versões topo de linha para cada motor custam R$ 124.990, com motor flex, e R$ 149.990 na versão diesel.

Esses valores mostram a contradição do mercado brasileiro. Por R$ 99.990, o Compass está com um preço competitivo dentro de seu segmento. O Hyundai ix35 também parte de R$ 99.990, mas menos equipado e prestes a mudar para a nova geração (que virá com o nome Tucson e pode aumentar o preço). Outro rival é o Kia Sportage , atualmente vendido a partir de R$ 109.990. Nos outros países, a versão diesel vai brigar com os alemães Audi Q3 , BMW X1  e Mercedes-Benz GLA .

O preço é interessante até mesmo dentro da própria Jeep . O preço inicial do Compass é menor do que o do Renegade básico com motor diesel, vendido por R$ 113.990, embora o SUV maior tenha motor flex. Se compararmos apenas os modelos a gasolina, o preço do Compass é R$ 15.200 maior do que os R$ 84.790 do Renegade Sport flex com câmbio automático de seis marchas, com a diferença no valor justificada por ser mais espaçoso e contar com um motor mais potente.

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Por outro lado, achamos barato porque estamos nos acostumando a ver os preços cada vez mais altos. Em uma conversão direta do valor em reais para dólares, o Compass custaria US$ 30.861, quase o mesmo que um Grand Cherokee , vendido por US$ 29.995. Por lá, a nova geração deve ficar com preços em volta de US$ 17 mil, o que é praticado com a geração atual. 

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Divulgação/Jeep

Jeep Compass mira rivais como Hyundai ix35, Kia Sportage e companhia

A marca espera vender cerca de 2.000 unidades por mês, uma quantidade bem otimista, considerando que o SUV mais vendido deste segmento é o Hyundai ix35 , que contabiliza 7.703 unidades desde o início do ano. Acreditam que cerca de 70% das vendas serão do modelo com motor flex, enquanto os outros 30% serão do diesel – consequência da falta de costume dos brasileiros com carros de passeio com esse combustível.

Como dissemos na apresentação do Compass, vem bem equipado de série. Conta com ar-condicionado, banco do motorista com regulagem de altura, câmera de estacionamento traseira, cinto de três pontos para todos os bancos, controle eletrônico de estabilidade, tração e anti-capotamento, direção elétrica, faróis de neblina, iluminação diurna em LED, assistente de partida em rampas, ancoragem ISOFIX para cadeirinhas infantis, piloto automático, vidros e travas elétricas, computador de bordo com tela TFT de 3,5 polegadas e central multimídia com tela 5” sensível ao toque e navegação por GPS. Vem com dois airbags, aumentando a quantidade para sete apenas nas versões mais completas.

Diesel de respeito

O contato com o Compass foi muito menor do que gostaria. A primeira vez que sentei atrás do volante foi para guiar no Camp Jeep, uma pista de testes dentro da fábrica em Goiana (PE), criada para imitar trechos de diversas trilhas famosas, como Moab e Rubicon. É um trajeto bem curto com pontes de madeira, subidas em pedras e passagem em trechos alagados, para testar a robustez do crossover.

Esse primeiro teste já ditava a regra para todo o lançamento: Iriamos dirigir apenas as versões diesel do Compass, com o motor 2.0 MultiJet turbodiesel, de 170 cv a 3.750 rpm e 35,7 kgfm a 1.750 rotações. Quando usa esse motor, o utilitário passa a contar com tração integral e o câmbio automático de nove marchas. O 2.0 TigerShark flex, de 166 cv e 20,5 kgfm, com etanol, será apresentado para a imprensa apenas na metade de outubro.

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Embora o Camp Jeep seja uma trilha preparada pela própria marca, ficou claro que o carro está preparado para fazer qualquer uma das rotas mais famosas do off-road. Basta selecionar o modo de tração de acordo com o terreno e condição da pista (Neve, Areia, Pedra, Lama e automático), que a central eletrônica distribui a força para as rodas de acordo com a demanda.

Em um dos melhores momentos da trilha, passei por uma parte ondulada de pedras, que deixavam o crossover com uma roda suspensa. Não foi nenhum problema, pois o computador fazia com que essa roda girasse menos, dando prioridade para as quem poderiam me tirar daquela situação. A força da reduzida, aliada ao torque de 35,7 kgfm, permitia subir com facilidade uma pequena montanha de terra.

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Divulgação/Jeep

Jeep Compass também impressiona pelo conforto a bordo e pelo nível de equipamentos

O que impressionava mesmo é o conforto abordo, mesmo com o carro balançando por conta dos pedregulhos no chão. A suspensão absorvia grande parte das irregularidades e mantinha a carroceria estável o tempo todo, mostrando o bom ajuste feito para a versão Trailhawk . O modelo Longitude poderia ser mais desconfortável nessa situação, por ser 2 cm mais baixo e não usar pneus mistos, mas não pude testar na prática.

No dia seguinte, peguei o Compass Trailhawk novamente, desta vez para dirigir de Recife a Praia do Cupe (PE). Era um trecho curto, de aproximadamente 70 km para ir e voltar. Enquanto meu colega dirigia a primeira parte, fui xeretar a central multimídia. O sistema responde rápido e é bem completo, com GPS próprio. A tela quadrada é um pouco estranha, considerando que todas as fabricantes preferem o padrão Wide, no entanto não é nada ruim.

O espaço interno é bom, graças aos 2,636 metros de entre-eixos, bem maior do que os 2,57 metros do Renegade. O porta-malas é muito menor do que o esperado, com 388 litros – em comparação, o ix35 tem 728 litros, enquanto o Kia Sportage t em 868 litros. Rebatendo os bancos, sobe para 1.181 litros. Roda muito silenciosamente e sem a tremedeira dos veículos a diesel de antigamente, em grande parte graças ao câmbio automático de nove marchas.

Ao volante

Quando chegou minha vez de guiar, pude ver como o torque surge rapidamente, deixando o utilitário muito ágil. O dado de fábrica para aceleração de 0 a 100 km/h é de 10 segundos, um tempo muito bom para um utilitário que mede 4,41 metros de comprimento e pesa 1.751 kg. É um pouco menos animado nas retomadas, embora seja o suficiente para fazer uma ultrapassagem sem grandes problemas.

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Divulgação/Jeep

Jeep Compass vai bem na versão a diesel, com silêncio surpreendente

Na versão Trailhawk , o Compass é um pouco mais duro do que o ideal. Não é um defeito, já que ele é preparado para trilhas. Ainda assim, é confortável o suficiente para rodar nas ruas sem que a suspensão bata em momento algum. A torção da carroceria é mínima, mantendo o carro grudado no chão mesmo em curvas de alta velocidade e a direção elétrica é bem ajustada, sem ficar devendo nas respostas.

Quem compra o carro com motor diesel espera economia e o Compass entrega bons valores de rendimento. Segundo o Inmetro, faz 11,4 km/l na estrada e 9,8 km/l na cidade nessa motorização. No test-drive, a média ficou em 11,7 km/l, subindo para 12,8 km/l quando dirigia com mais cuidado.

O novo Compass é a prova de que vale a pena investir no Brasil com um bom produto.  Tem um belo design, bom pacote de equipamentos e, com o motor diesel, anda muito melhor do que o esperado. A pré-venda já começou, com o início do test-drive marcado para o dia 15 de outubro. Depois disso, a partir de 5 de novembro, chega o estoque nas concessionárias e o carro passará a estar disponível para pronta-entrega. Quem estava de olho em um Renegade deve esperar mais um pouco e experimentar o novo SUV.

*Viagem a convite da Jeep

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