O Renault Megane já foi importado para cá e também chegou a ser produzido no Brasil. Mas sabe aquele parente que demora tanto a visitar você que parece que se tornou outra pessoa quando vem? Esse é o Megane E-Tech , modelo elétrico que a marca começa a vender por R$ 279.900. Nele, até o nome mudou, ainda que tenha apenas perdido apenas o seu charmoso acento.
O problema do Megane não é intrínseco, na verdade, é algo que vem do mercado. Os chineses deram uma mexida na escala de preços do segmento de crossovers compactos. De acordo com a apresentação do Renault, a marca enxerga o Byd Yuan Plus como um dos concorrentes, modelo que sai por R$ 269.990. Além dele, o Volvo XC40 Recharge é outro rival listado, custando R$ 329.950.
Só que o grande empecilho é outro carro da marca sueca, o EX30 , crossover que chegou com preços entre R$ 219.950 e R$ 279.950. A sua versão top de linha tem as mesmas medidas básicas do Megane.
Na prática, é mais do que o retorno somente do Megane , trata-se da volta dos carros franceses da marca ao país. Antes, somente carros de origem da Dacia - marca romena do grupo Renault Nissan Mitsubishi - eram vendidos no Brasil.
A diferença fica clara no estilo. Nada do utilitarismo do Sandero , Logan e Duster , o design é francês até o tutano. Batizada de Sensual Tech , a linguagem de design dá aquela sensualizada nas curvas. Os faróis de LED se espicham em filetes alongados pelo para-choque dianteiro. De tão arqueado que é, o longo capô poderia esconder um V6 ali embaixo. A logo da Renault também é nova e aposta no design bidimensional, aquele lance de 3D parece que ficou fora de moda.
Falando em moda, os para-lamas ressaltados e a linha envidraçada emoldurada e pequena se juntam aos toques minimalistas no estilo, exemplos das maçanetas embutidas - elas brotam ao você se aproximar ou destravar, além de se recolherem após o carro entrar em movimento, ser travado e alguém se afastar por mais de dois minutos. As lanternas de LEDs em filetes continuam a tendência de usar poucos elementos para formar um conjunto com cara de carro conceito que acabou de fugir do Salão do Automóvel.
O material de divulgação classfica ele como hatch, mas o conceito geral foi chamado de crossover em conversas com o pessoal da Renault . Eu concordo com a segunda opinião, o Megane E-Tech está longe de ser um hatch convencional. "Nós enxergamos mais como um crossover do que um hatch", afirma Daniel Nozaki, diretor de design da Renault Américas.
Suas medidas não são muito diferentes das de um SUV compacto. São 4,20 metros de comprimento , 2,05 m de largura (1,77 m sem retrovisores), 1,52 m de altura e 2,68 m de distância entre-eixos . O porta-malas leva bons 440 litros .
Entrando na cabine, a mistura de materiais premium com tecidos e reciclados para criar um ambiente bem diferente dos Renaults vendidos no país . O painel digital de 12,3 polegadas é o grande ponto focal, mas o multimídia tem apenas 9", enquanto o europeu tem quase o mesmo tamanho do quadro de instrumentos: 12". O câmbio fica atrás do volante, o que ajudou a criar um espaço farto para porta-objetos.
O Megane E-Tech foi o primeiro modelo do grupo a ser construído sobre a nova plataforma modular elétrica CMF-EV , que permitiu otimizar o espaço e performance. Instalado na dianteira, o motor elétrico gera 220 cv e 30,6 kgfm de torqu e. A arrancada de zero a 100 km/h é cumprida em 7,4 segundos, desempenho superior ao do Sandero R.S. e seus 8 s .
A esportividade fica clara em algumas tomadas de decisão do projeto, entre elas, a relação de apenas 12:1 para a direção, uma das mais rápidas do mercado. Quanto menor, menos você tem que virar o volante para o carro fazer uma curva ou uma manobra.
Seguindo o novo padrão de medição do PBEV, a autonomia no uso misto é de 337 km. Em uma estação de corrente contínua de até 130 kW, são necessários 36 minutos para carregar a bateria de 15% até 80% de carga . Já um wallbox de 22 kW vai exigir 1h50 - ele vem de série para os 100 primeiros compradores. Em uma tomada doméstica, contudo, vai passar de oito horas .
Entre os itens de série, o Megane E-Tech traz ar-condicionado duas zonas (tem saída para os passageiros de trás), direção elétrica, volante e espelhos retrovisores (têm rebatimento elétrico) aquecidos, chave presencial, som Arkamys com seis alto-falantes , abertura elétrica do porta-malas, iluminação interna personalizável, central multimídia de nove polegadas (tem Android Auto e Apple CarPlay sem fio ), faróis de LED adaptativos, rodas aro 18 (pneus 195/60), retrovisor interno formado por uma tela digital, sensores de estacionamento dianteiros, laterais e traseiros e câmera de ré. Afora o multimídia com tela maior, ficaram de fora os ajustes elétricos dos bancos dianteiros.
No capítulo segurança, o Megane se destaca por trazer mais do que os seis airbags esperados em um carro dessa faixa de valor. Além dos frontais, laterais dianteiros e do tipo cortina, o Renault traz uma bolsa inflável que fica entre os bancos da frente , protegendo o motorista e carona de impactos entre si. Completam o pacote alerta e frenagem automática (que vale também para pedestres, ciclistas e manobras traseiras), assistente de permanência em faixa, leitor de placas, detector de fadiga do motorista, alerta de abertura de portas (avisa se você abrir uma e estiver vindo algum veículo), aviso e intervenção de ponto cego, que se somam aos obrigatórios controles de estabilidade e de tração.
O modelo está disponível em três cores: cinza Rafale, cinza Schiste e azul Nocturne, sempre com o teto preto Étoilé.