O Volkswagen Virtus reestilizado passou por mudanças que vão além do design. Antes criticado pelo custo-benefício inferior ao de alguns rivais, em especial o Chevrolet Onix Plus , o sedan da marca alemã passou a contar com mais equipamentos e novas versões para ajudar a justificar o seu posicionamento de mercado.
A verdade é que o Virtus manteve boa parte dos preços, embora com alguns pequenos descontos. A grande diferença fica por conta do conteúdo, este, sim, o diferencial em relação ao modelo anterior.
Fomos à Argentina para conhecer o sedan renovado e ver se as mudanças foram suficientes para justificar o posicionamento de mercado do carro.
A gama começa nos modelos com o novo motor 1.0 TSI 170 do Polo. Vendida por R$ 103.990, a configuração também tem opção automática de R$ 112.990 . Tivemos contato apenas com a primeira.
O segundo contato foi com o já conhecido 1.0 TSI 200, uma unidade que manteve o mesmo rendimento do modelo anterior, mas que passou por mudanças também no pacote de itens. Por ora, vamos focar no primeiro, afinal, ele é a grande novidade.
Vamos ao 1.0 TSI 170, motor que foi lançado no Polo reestilizado e que conta com 116/109 cv a 5.000 rpm e 16,8 kgfm de torque entre 1.750 e 4.500 rpm. Equipado com o bom câmbio manual de cinco marchas, o sedan conta com fôlego suficiente para ser uma opção interessante tanto para compradores pessoas físicas quanto frotistas.
A capacidade de aceleração e o escalonamento de marchas mantém o motor no pique após os 2.000 giros - até aí há um hiato -, algo que é auxiliado pela força em baixa, sem, contudo, ter aquela entrega de potência em alta presente no motor 200 TSI de 128/116 cv e 20,4 kgfm de torque. Por outro lado, é uma evolução e tanto frente ao antigo 1.6 aspirado, pois o quatro cilindros rendia 117/110 cv, mas a elevados 5.750 giros, e o torque de 16,5/15,8 kgfm chegava apenas a 4.000 rpm .
O Virtus 170 tem aquele clássico comportamento de motor turbinado de baixa e média rotação, basta ver que o platô de torque máximo se une ao ponto em que toda a potência é entregue. Nada de buscar a faixa dos 6 mil giros para extrair tudo que ele pode. Será que ele é o carro para os donos de up TSI que passaram a contar com família? A Volkswagen afirma que a aceleração de 0 a 100 km/h leva 9,8 segundos com gasolina e 10 s com etanol, números de respeito.
De qualquer forma, o Virtus 170 tem uma vocação que vai além do desempenho: economizar combustível. Segundo a VW, o sedan faz 9,2 km/l na cidade e 11,3 km/l na estrada com etanol, número que sobe para ótimos 13,5 km/l e 15,9 km/l com gasolina nas mesmas situações . Ajudam nessa missão os pneus Goodyear EfficientGrip 195/65, um conjunto voltado à redução da resistência de rolagem.
Com três jornalistas por carro, foi possível viajar uma parte do tempo no banco de trás, o que permitiu relembrar o bom espaço interno. A distância para o banco da frente foi suficiente para acomodar o meu 1,84 metro de altura, apenas a cabeça ficou no limite do teto. Pessoas menores ficarão satisfeitas com o espaço central, mas nem tanto com a ausência de saídas de ar e de portas USB traseiras. Da mesma forma, os 521 litros do porta-malas serão suficientes para a família.
A questão aqui é a capacidade de carga útil de 389 kg, bem menos que os 442 kg do 1.0 TSI 250 . É pouco para um carro com perfil familiar. Para você ter uma ideia, só de jornalista já havia mais de 300 kg no carro, isso sem nenhuma bagagem.
A despeito disso, arrancadas espertas fazem parte do dia a dia, enquanto as retomadas são facilitadas pelas trocas macias e certeiras do câmbio. É o tradicional ajuste redondo da VW.
Porém, com um pequeno trecho de cidade e longos deslocamentos por rodovias bem conservadas, foi possível apenas conferir parte do desempenho do carro, sem ter contado com aquelas curvinhas que atestam se o conjunto é afinado para todas situações.
A VW afirmou que o conjunto de suspensão recebeu um ajuste mais confortável de amortecedores , algo que ficou apenas um pouco claro nos raros trechos mal conservados do caminho, afinal, a Argentina investe mais na qualidade viária do que o Brasil jamais investiu.
Atento ao limite de velocidade de 130 km/h das estradas argentinas, fiz o percurso de mais de 100 km de maneira relaxada. Não tão relaxada quanto seria na versão automática do Virtus 170, uma vez que ela conta até com controle de cruzeiro adaptativo.
Ao volante, dá para notar que o conjunto está bem dimensionado para levar pessoas e carga. Com três ocupantes a bordo, o sedan manteve-se esperto por todo o caminho.
Sem ser rebaixada, a posição de dirigir permite equilibrar bem as preferências dos motoristas altos e baixos. Os amplos ajustes do banco e do volante sempre foram qualidades da plataforma MQB.
Há um ponto interessante: embora tenha a mesma tela de oito polegadas do Polo no painel de instrumentos, o Virtus básico tem… conta-giros . Por outro lado, a central multimídia Composition Touch é antiga , tem apenas 6,5 polegadas e espelhamento por fios. É um mundo de distância em relação ao VW Play de 10,1 polegadas. O sistema de som dispensa os tweeters frontais, no entanto, a despeito disso, tem qualidade de reprodução razoável.
Aproveitando que falei de itens, o pacote de série do Virtus 170 manual inclui ar-condicionado, direção elétrica, trio elétrico (os vidros são um-toque apenas para as portas dianteiras) , banco do motorista ajustável em altura, coluna de direção com regulagem de altura e de profundidade, volante multifuncional, banco traseiro bipartido, quatro alto-falantes, faróis e lanternas de LED, painel digital de oito polegadas (sem conta giros), carregamento de celular por indução, multimídia Composition Touch, sensores de estacionamento traseiros, rodas de liga leve aro 15 e pneus 195/55, entre outros.
Afora os seis airbags já citados, a segurança é complementada pelos controles eletrônicos de estabilidade e de tração. No entanto, os freios traseiros são a tambor, um defeito que vem do Polo 170. Representantes da marca afirmam que a frenagem vindo a 100 km/h ainda fica na faixa de 40 metros. Masss... a capacidade de resistência ao aquecimento e fadiga é inferior, isso é algo que eles não negam.
Facelifts costumam envolver um toque ali, outro acolá, com ligeiras mudanças. Não foi o caso do Virtus. Além de ter faróis de LEDs com formato e assinatura de luz de rodagem diurna ao estilo do Nivus , o sedan adotou uma dianteira mais elevada. O chefe de design da VW para América Latina, José Carlos Pavone, diz que "a dianteira curta incomodava, agora o carro ganhou uma identidade diferente do Polo". Sem ter faróis de neblina, o para-choque tem novas imitações de entradas de ar laterais e um aplique cromado na parte inferior.
Ter toques cromados é algo que parece agradar os donos de sedans, um público que é menos jovem do que os dos hatches, segundo Ciro Possobom, diretor de operações da Volkswagen do Brasil. Em uma conversa, o executivo lembrou que "o público de sedans é mais maduro do que o do Polo e faz compras mais racionais. Os compradores são mais velhos e, com isso, costumam ter uma renda maior", completa. Daí a gama que chega a R$ 144.990. Por que o Polo não ganhou os mesmos itens da gama do Virtus? "Foi para manter a competividade", afirma o executivo. Não foi apenas em identidade que o hatch e sedan se descolaram.
O perfil se destaca pelas novas rodas aro 15, enquanto a traseira aposta em novas lanternas de LED. Elas contam com elementos na forma de um "Y" deitado, uma solução que lembra a dos Audis. Não há nada como parecer mais caro do que é. O para-choque também conta com apliques inferiores com acabamento cromado.
Na cabine, o acabamento do painel do Highline e Exclusive ganhou um enxerto horizontal em material que imita vinil, um toque que conta até com costuras duplas. Não é o caso do 170 TSI, cujo interior tem apenas uma faixinha . Defeito comum em todos, os painéis de porta traseiros não têm sequer um toque de tecido.
Falando em revestimentos, os bancos dianteiros são inteiriços nesta versão . Embora ofereçam um bom suporte, eles são inferiores aos das demais versões, além de serem revestidos de um material rústico. Toques como revestimentos mais simples e plásticos duros fazem parte da realidade do mundo dos compactos , afinal, eles apenas ficaram mais caros. Fazem falta também as alças para as mãos. Por outro lado, há toques como o porta óculos e parasol com espelho e iluminação.
O grande obstáculo na vida do recém-nascido Virtus 170 TSI poderia ser o preço, uma vez que é possível comprar o Chevrolet Onix Plus LTZ 1.0 turbo manual por R$ 100.590, contra R$ 103.990 do Volkswagen . O fato é que ele compensa com um pacote de itens bem superior ao do rival. Não dá mais para falar que o modelo não têm bom custo-benefício.
Por R$ 112.990, o automático cobra quase R$ 10 mil por itens extras como controle adaptativo de velocidade e distância, frenagem autônoma de emergência, sistema start stop, duas entradas USB C para o banco traseiro, volante revestido de material que imita couro e borboletas para a troca sequencial de marchas. No entanto, esse é outro bicho...
Ficha técnica
Motor: 999 cm3, dianteiro, transversal, três cilindros, 12 válvulas, turbo, injeção direta, 116/109 cv a 5.000 rpm, 16,8 kgfm de torque entre 1.750 e 4.500 rpm (gasolina)
Câmbio: manual de cinco marchas, tração dianteira
Direção: elétrica, com diâmetro de giro de 10,9 metros
Suspensão: McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira
Freios: discos ventilados na dianteira e tambores na traseira
Pneus: 195/65 R15
Dimensões: 4,56 metros de comprimento; 1,75 m de largura (sem espelhos) e 1,96 m (com espelhos); 1,47 m de altura; 2,65 m de distância entre-eixos; porta-malas de 521 litros; e tanque de 52 litros