A Ram Rampage é um carro muito importante para a operação da Stellantis no Brasil. A primeira Ram desenvolvida longe dos Estados Unidos representa o reconhecimento da engenharia nacional do grupo e mostra a criatividade dos brasileiros, e pode até ser a Ram ideal para o país, já que é bem menor que as irmãs maiores.
As versões Rebel e Laramie , tradicionais variantes de picapes da marca, oferecem o visual robusto, agressivo e voltado para o off-road, ou cromado e cheio de classe para quem busca luxo. Além disso, a gama é completa pela versão R/T , que ressuscita o nome das variantes esportivas dos carros da Dodge.
Visualmente, a versão Rebel , a mais acessível, parece ser o melhor pacote para a Rampage. Disponível com motor 2.0 turbo a gasolina (Hurricane 4) ou 2.0 turbodiesel , a versão se destaca pela grade dianteira avantajada e pintada de preto, o que passa uma sensação de agressividade, robustez e rebeldia (com perdão do trocadilho) ao modelo.
A Rampage
conta com lanternas que apresentam uma leve similaridade em relação às irmãs maiores. O estilo agressivo da Rebel
é complementado pelos emblemas pintados em preto fosco e saída dupla de escape, cortesia do propulsor movido à gasolina.
O Santo Antônio exibido das fotos é um item opcional chamado de Rambar , que segundo o site da Ram custa R$ 3.041,19 . A unidade testada ainda contava com os opcionais de capota marítima ( R$ 1.966,46 ), tapetes de bordas elevadas (R$ 951,25), jogo de para barro (R$ 406,52), e pacote Elite , que adiciona ajustes elétricos para o banco do passageiro , sistema de som premium e luzes ambientes em LED e custa R$ 6.000 .
Internamente, a Rampage recebe bem os ocupantes dianteiros. O motorista conta com ajustes elétricos para o banco, que contam com revestimento em couro. Os painéis são muito bem acabados, mesclando materiais macios ao toque e couro.
A central multimídia é de 12,3 polegadas e apresenta um bom funcionamento e conexão sem fio com Android Auto e Apple Carplay , além de contar com sistema de navegação nativo , podendo funcionar até mesmo sem conexão com internet no smartphone.
O painel de instrumentos é de 10,3 polegadas e apresenta informações de forma clara. O volante é multifuncional, mas os comandos de áudio ficam atrás do volante, abaixo das borboletas para troca de marcha. Esse posicionamento pode causar incômodo no primeiro momento, mas é algo de costume.
O ajuste do sistema de ventilação pode ser feito por teclas no painel ou na multimídia. O ar-condicionado é automático de duas zonas e funciona muito bem. Entretanto, poderia ter uma disposição mais simples, o condutor pode se atrapalhar ao dirigir e tentar encontrar as teclas no painel. A multimídia até conta com atalhos, mas não é o ideal.
A Rampage peca no conforto para os ocupantes traseiros. O apoio para as costas é reto demais, o que pode atrapalhar em viagens muito longas. O assoalho conta com um pequeno ressalto, mas há saídas de ar-condicionado e duas saídas USB-A e duas USB-C , garantindo a conectividade.
A Ram Rampage tem capacidade de unir os mundos da cidade grande com o campo. A tração é 4x4 com reduzida , segundo a Stellantis. O ângulo de ataque é de 25,7º , o de saída 25,3º e o vão livre do solo é de 264 mm . Devem ser mais do que o suficiente para quem vai para a fazenda ocasionalmente. Na versão Rebel , os pneus são Pirelli Scorpion HT 235/65 R17 all-terrain , ressaltando a vocação da picape para trajetos fora de estrada.
À bordo da Rampage, é possível compreender porque a picape vende tanto . Além de ser a opção mais acessível da Ram , o que por si só já atrai admiradores da marca que não possuem poder aquisitivo, ou não gostam do tamanho avantajado das Ram desenvolvidas para o mercado norte-americano .
Com dimensões ideais para a cidade , a Rampage se mostra à vontade no trânsito dos grandes centros urbanos. Realizar balizas é facilitado pelos sensores 360° e câmera de ré de alta definição com linhas dinâmicas e com visão fixa para o para-choque traseiro.
Pode ser complicado se acostumar com as dimensões da picape para quem não está habituado com um carro desse porte. O capô elevado pode prejudicar a adaptação, uma câmera 360º seria bem-vinda . O diâmetro de giro de 11,9 metros pode atrapalhar ao realizar algumas manobras, entretanto, é bem menor que o da Toro, o que é uma vantagem.
Ao rodar, as suspensões McPherson na dianteira e Multilink na traseira garantem uma viagem tranquila e confortável. Entretanto, faço duas ressalvas à Rampage. A traseira da picape é muito elevada , o que faz com que a caçamba roube um pouco de visão do espelho retrovisor interno.
Os pneus all-terrain também são bastante ruidosos ao rodar em estradas , mesmo com um bom isolamento acústico , os contato dos pneus com o solo invadem a cabine. Para compensar, o sistema de som assinado pela Harman Kardon ajuda a mascarar os ruídos dos pneus.
Um furacão de baixo do seu pé direito
A principal estrela da Rampage fica debaixo do capô. O propulsor 2.0 turbo a gasolina , conhecido como “ Hurricane 4 ”, entrega 272 cv e 40,8 kgfm de torque e merece muitos elogios.
A entrega de potência é excelente, sempre que necessário, o câmbio automático de 9 marchas encontra a relação ideal. A picape consegue acelerar de zero a 100 km/h em apenas 7,1 segundos na versão Rebel. A versão R/T conta com ajustes diferentes no câmbio e reduz o tempo para 6,9 segundos . Era a picape mais rápida do país, até a chegada da Ranger Raptor .
Apesar do propulsor excelente, não dá pra fugir da lógica. Parafraseando o ditado, carneiro anda, carneiro bebe (e muito). Segundo o Inmetro, as médias da Rampage na cidade são de 7,9 km/l, enquanto na estrada, sobem para 9,7 km/l .
Na prática, é difícil conseguir essas médias . Até porque o propulsor Hurricane 4 te instiga o tempo inteiro a acelerar e obter o melhor dele. Consegui médias de 5,3 km/l na cidade , enquanto na estrada, médias de até 8 km/l . Nas rodovias, o sistema ACC facilita e muito na obtenção de boas médias de combustível.
Infelizmente, não tive oportunidade de testar a Rampage em ambiente fora de estrada.
Caçamba e capacidade de carga
Em toda a picape, a caçamba é muito importante. Na Rampage, ela é maior que a da Toro, tanto em dimensões quanto em capacidade. Na Ram, são 980 litros de volume ; 1,05 m de comprimento, 0,59 m de altura, 1,38 m de largura total e 1,05 m de largura entre as caixas de roda .
Entretanto, vale ressaltar que a capacidade de carga total (contando os passageiros) é de 750 kg nas versões da Rampage equipadas com o motor a gasolina , enquanto nas versões turbodiesel , a capacidade sobe para 1015 kg .
Veredito
A Rampage é um bom produto para quem almeja o sonho americano . Claro, não terá a imponência de uma Ram 1500 ou 3500 , entretanto, pode ser uma boa opção para quem quer entrar no mundo da marca estadunidense.
Custando R$ 37.000
a mais que as versões Ranch
e Ultra
da Toro
, a Rampage surge como uma ótima opção, e oferece estilo e mais equipamentos para justificar o preço extra. Para quem acredita que carro seja sinônimo de status, ou goste de chamar atenção, uma coisa é certa, a Rampage irá te atender melhor que a Toro. E sim, podemos considerar que a Rampage é a Ram ideal para o mercado brasileiro.
Ficha técnica
Motor : 1.956 cm3, dianteiro, transversal, quatro cilindros, 16 válvulas, injeção direta, 272 cv de potência a 5.200 rpm, 42,8 kgfm de torque a 3.000 rpm, gasolina
Câmbio : automático de nove marchas, tração integral permanente
Direção : elétrica, com diâmetro de giro de 11,9 metros
Suspensão : McPherson na dianteira e multilink na traseira
Freios : discos ventilados na dianteira e traseira
Pneus : 265/35 R17
Dimensões
: 5,03 metros de comprimento; 1,88 m de largura; 1,78 m de altura; 2,99 m de distância entre-eixos; caçamba de 980 litros; e tanque de 55 litros