Honda Accord 2023 se mostra à altura de sedãs premium
Luiz Forelli Santana/iG
Honda Accord 2023 se mostra à altura de sedãs premium

Quando pensamos em sedãs médios ou grandes de luxo, o Honda Accord Advanced Hybrid talvez não venha à sua mente. E não é à toa. A disponibilidade limitada do modelo, importado de Ohio, Estados Unidos, pode explicar esse cenário. Mas a sua maior limitação é o preço de R$ 332.400.  Porém, cada centavo investido nesse conjunto excepcional que a Honda entrega pode ter significado para alguns e loucura para outros. 

No entanto, veremos o que justifica esse valor e o que não. A questão é: ele consegue competir com nomes estabelecidos como BMW 320i GP (R$ 322.950) ou Audi A4 S Line (R$ 334.990)? É uma tarefa difícil, especialmente considerando o preço, e mesmo a Honda afirmando que não há concorrentes, é inevitável não rivalizarmos pelo seu preço salgado.

Accord possui quase 5 m de comprimento, por pouco
Luiz Forelli Santana/iG
Accord possui quase 5 m de comprimento, por pouco

UMA SALA DE ESTAR

O sedã, que é considerado grande, apresenta 4,97 m de comprimento , 1,86 m de largura , 1,45 m de altura e generosos 2,83 m de entre-eixos. A altura mínima do solo é de 134 mm e ângulos de entrada e saída de 14,7º e 18,8º , respectivamente. Isso faz o Accord raspar na dianteira em diversas ocasiões, tanto quanto o Corolla . O volume do porta-malas detém ótimos 574 litros de capacidade. 

Em comparação com a geração anterior do Accord , o novo modelo é maior por 7 mm. O entre-eixos também é maior que seu concorrente direto lá fora, que não é mais vendido aqui, o Toyota Camry, que possui 2,82 m. Ao comparado com A4 e 320i,  a diferença do entre-eixos é mínima : 2,85 m para 320i e 2,82 m para A4. Algo extremamente intressante, já que são considerados sedãs médios (comprimento de 4,70 m e 4,76 respectivamente). 

No banco traseiro, o espaço é semelhante a estar sentado em uma ampla sala de estar, mesmo com o banco dianteiro ajustado para mim de 1,88 m. Com mais de um palmo de espaço entre os meus joelhos e o banco da frente, e uma altura que permite uma leve raspada na cabeça sem incômodo, o veículo oferece uma bela comodidade. Porém, o túnel central elevado devido à bateria limita o espaço para um adulto no meio. Há também saídas de ar traseiras e carregador USB-C de 3,0 A. O tanque de combustível é de ótimos 48,5 litros e peso de 1.625 kg. 

Honda Accord 2024 Luiz Forelli Santana/iG
Honda Accord 2024 Luiz Forelli Santana/iG
Honda Accord 2024 Luiz Forelli Santana/iG
Honda Accord 2024 Luiz Forelli Santana/iG
Honda Accord 2024 Luiz Forelli Santana/iG
Honda Accord 2024 Luiz Forelli Santana/iG
Honda Accord 2024 Luiz Forelli Santana/iG

TRÊS HARMONIAS: DIVERSÃO, CONFORTO E ECONOMIA

E mesmo com esse tamanho, a sensação ao volante do Accord é algo extremamente responsivo. Mais até que carros menores, exemplo do City . Mesmo com suas dimensões generosas, você quase esquece o tamanho do veículo enquanto o conduz, graças à resposta do volante que conversa muito bem com o sedã.

Nas curvas, o Accord se mostra incrivelmente eficiente, sem apresentar qualquer instabilidade, mesmo sendo um sedã de porte robusto . Sua estabilidade tanto em curvas quanto em altas velocidades é aparente, sem nenhum sinal de fragilidade.

Além disso, o conforto é uma prioridade indiscutível . Isso se deve ao equilíbrio excepcional proporcionado pela nova plataforma da Honda, conhecida como Honda Architecture , combinada com as suspensões independentes nas quatro rodas (McPherson na frente e Multilink atrás). Isso traz um conforto digno de veículos alemães premium, além do ótimo isolamento acústico. 

A magia por trás do desempenho do Honda Accord reside em sua motorização, que oferece uma harmonia perfeita ao veículo. O sistema híbrido do Accord é uma evolução da geração anterior, combinando conforto máximo, com uma pitada de esportividade quando necessário, o que resulta em um equilíbrio sublime.

O coração do modelo é um motor a combustão 2,0 litros , 16v, do ciclo Atkinson , que entrega 147 cv a 6.100 rpm e um torque de 19,4 kgfm a 4.500 rpm. Este motor trabalha em conjunto com dois motores elétricos, localizados próximos à transmissão E-CVT , que dispensa o uso de embreagem. Esses motores elétricos adicionam até 184 cv e 34,1 kgfm de torque ao conjunto.

A potência total do modelo não é divulgada pela Honda, pois, segundo eles, não há uma soma exata. No entanto, estima-se que a potência combinada seja de cerca de 184 cv , juntamente com o torque de 34,1 kgfm . Os motores elétricos, compostos por um gerador e um motor de tração, são os principais responsáveis pela propulsão na maioria das situações, tornando o veículo quase um carro elétrico e proporcionando uma economia de combustível bizarra (de bom).

Diferente dos híbridos comuns que tracionam a roda quando o motor elétrico não possui bateria, o sistema híbrido da Honda não traciona as rodas em diversas ocasiões, e sim gera como um carregador para bateria, e fazendo assim, apenas a bateria em torno de 1 kWh fazer as rodas girarem. O motor só será utilizado de forma direta às rodas em duas ocasiões: 

Quando o condutor estiver em velocidade de cruzeiro , onde o motor é mais eficiente que a bateria, ou quando o condutor pisar fundo no acelerador , dando a potência máxima ao veículo. E sempre também carregando a bateria. 

Todo esse sistema opera de forma automática, de modo que você mal percebe sua atuação devido ao silêncio da cabine. A Honda investiu em materiais de absorção sonora na carroceria e nas caixas de rodas, além de vidros duplos nas janelas. No modo Sport, por outro lado, o som do motor a combustão é amplificado pelos alto-falantes, permitindo que você ouça até mesmo a simulação da troca de marchas do câmbio, o que traz uma sensação de esportividade e até mesmo um gostinho daquele Accord V6 com motor 3,5 litros. 

Graças a todo esse sistema complexo, o consumo de combustível é excelente. É impressionante alcançar uma média de 19,6 km/l na cidade em condições de trânsito fluído, 13 km/l no trânsito intenso de São Paulo às 19h e 17,8 km/l na estrada. Não é difícil ultrapassar os 20 km/l. Em velocidade de cruzeiro na Marginal, cheguei a alcançar mais de 28 km/l. Além disso, mal percebe-se a diminuição do combustível no tanque. 

Outro ponto são as retomadas do Accord. Esse motor híbrido da Honda é algo que surpreende nas retomadas e arrancadas. Realizar ultrapassagens não é um problema para o sedã. As borboletas atrás do volante não são para simular as trocas de marchas, mas sim a intensidade da força dos freios regenerativos da bateria, o que é bem interessante, já que ele não fica ativo toda hora. São seis modos de freio regenerativo que fica acionado por alguns segundos para segurar o veículo, mas caso o condutor queira deixar ele ativo de vez, é possível. 

Honda Accord 2024 Luiz Forelli Santana/iG
Honda Accord 2024 Luiz Forelli Santana/iG
Honda Accord 2024 Luiz Forelli Santana/iG
Honda Accord 2024 Luiz Forelli Santana/iG
Honda Accord 2024 Luiz Forelli Santana/iG
Honda Accord 2024 Luiz Forelli Santana/iG
Honda Accord 2024 Luiz Forelli Santana/iG

INTERIOR REQUINTADO E APRIMOROSO

Os bancos do Accord são revestidos com um couro mais nobre do que o do CR-V, por exemplo, pois passam por um processo de pré-amaciamento mecânico. Assim como todos os modelos da Honda , o sedã utiliza couro legítimo na maior parte do revestimento, tanto nos assentos quanto nos encostos, enquanto as laterais são revestidas com imitações de couro. Os bancos oferecem um excelente conforto, mesmo em viagens mais longas. Ambos os assentos dianteiros contam com ajustes elétricos, incluindo memória para o motorista.

Todo o painel superior do Accord é revestido em material soft touch, proporcionando uma sensação agradável ao toque, e o mesmo acontece com a parte de cima das portas. Na verdade, é raro encontrar plásticos em áreas visíveis dentro do carro. A exceção fica apenas para a parte inferior das portas, enquanto até mesmo o apoio das pernas no console central é acolchoado, evidenciando o cuidado minucioso com o design e os materiais utilizados no modelo.

O volante, com assistência elétrica progressiva, oferece uma pegada confortável e conta com botões físicos tradicionais, fáceis de entender e utilizar. Esse é um dos aspectos que elevam o Accord a outro nível: a praticidade e a ergonomia, garantindo que todos os comandos estejam facilmente acessíveis, sem a necessidade de lidar com controles de ar no sistema multimídia. Tudo é intuitivo e simples de operar, o que leva a uma experiência de condução mais agradável e sem complicações.

O painel de instrumentos TFT de 10,2” do Accord é altamente intuitivo e completo, o que traz uma experiência de uso fácil. Olhando atentamente ao cluster, lembra bastante as telas encontradas nos carros da Volkswagen , e sendo até mais abrangente que o do  CR-V. Uma das características mais interessantes é a possibilidade de personalizar diversos aspectos, como por exemplo, o HUD (Head-up Display), que projeta informações essenciais, como a velocidade, no para-brisa, mantendo a concentração do motorista. Algo que não possui no SUV de R$ 352.900 da marca.

O sistema multimídia de 12,3” é o maior já visto em um veículo da Honda , superando as telas de 9’’ presentes no ZR-VCivic e CR-V . Apesar do tamanho, a interface é familiar e mais completa, além de ser fácil de usar, com várias modificações e ajustes intuitivos que o motorista pode alterar. 

Os ajustes podem ser predefinidos por usuários, sem precisar ficar alterando todo momento que muda de condutor.  O sistema oferece conectividade com fio para Android Auto e sem fio para Apple CarPlay. O sistema de som, assinado pela BOSE, merece destaque, devido aos ótimos graves e médios de alta qualidade. 

O console central do Accord é espaçoso, com dois porta-copos generosos, um compartimento de armazenamento amplo e um carregador por indução de 15 W para dispositivos. O seletor de modo de condução (ECO, NORMAL, SPORT e INDIVIDUAL) oferece uma experiência de condução personalizada, enquanto o botão abaixo permite ao Accord operar no modo totalmente elétrico por cerca de 3 a 4 km. 

O sistema de ar-condicionado de duas zonas é automático, e o veículo também oferece conectores USB-C de 3,0 A para carregar dispositivos adicionais.

O que percebi como uma lacuna significativa, sem dúvida, foi a ausência de uma câmera 360° , especialmente considerando o preço e o tamanho do veículo. Até mesmo um sistema de estacionamento automático, como o Park Assist, poderia ter sido incluído. 

Outro ponto que continua a ser um desafio para um veículo desse valor é o Lane Watch, que também foi incorporado ao modelo aqui no Brasil, enquanto nos Estados Unidos são utilizados sensores de ponto cego.

Ao questionar a Honda a respeito, eles argumentam que é uma questão de preferência local, pois os consumidores brasileiros da Honda estão mais familiarizados com o Lane Watch. Porém, ao enfrentar condições de chuva, a câmera fica completamente embaçada, tornando impossível enxergar qualquer coisa e, consequentemente, deixando o condutor sem assistência, em uma hora tão importante, devido aos espelhos embaçados. 

Além disso, o sistema ativa ao colocar a seta para direita, assim a imagem da câmera é exibida no sistema multimídia, o que pode fazer o condutor perder a rota caso esteja utilizando o GPS. Lembrando que a função do Lane Watch pode ser desativada por meio dos ajustes do veículo.

Honda Accord puxa linhas mais agressivas e brutas que geração anterior
Divulgação/Honda
Honda Accord puxa linhas mais agressivas e brutas que geração anterior

SEGURANÇA: 

É inegável o comprometimento da Honda com a segurança dos passageiros.  Um exemplo inicial, é o aumento do número de airbags, passando de seis para oito em relação à geração anterior. Além disso, o sistema de segurança Honda Sensing é uma adição de peso, que está presente desde da versão de entrada do HR-V (EX) , que integra seis sistemas de assistência à condução. O conjunto utiliza uma câmera e um radar posicionados na dianteira do veículo, ambos aprimorados em comparação com a geração anterior também. 

Esses sistemas incluem:

- ACC (Adaptive Cruise Control) com LSF (Low Speed Follow): Auxilia o motorista a manter uma distância segura em relação ao veículo à frente, ajustando automaticamente a velocidade.

- CMBS (Collision Mitigation Braking System): Sistema de frenagem que atua ao detectar uma possível colisão frontal, visando mitigar acidentes.

- LKAS (Lane Keeping Assist System): Detecta as faixas de rodagem e auxilia o motorista a manter o veículo centralizado nas linhas de marcação.

- RDM (Road Departure Mitigation): Detecta a saída da pista e ajusta a direção para evitar evasões e possíveis acidentes.

- AHB (Automatic High Beam): Sistema de assistência automática de farol alto, que ajusta a intensidade de acordo com as condições de iluminação.

Na prática, senti a eficácia do sistema em diversas situações, e até supera a performance de carros mais caros. Isso porque o piloto automático adaptativo (ACC) funciona suavemente, sem aquelas freadas bruscas no momento em que um veículo entra na frente inesperadamente, comuns em outros veículos com o sistema.

Já contra a BMW 320i GP em sua versão de entrada e o Audi A4 S Line, configuração topo de linha, o sedã da BMW é o unico que não apresenta sistema de auxílio ao condutor (ADAS). Lá, é apenas o piloto automático convencional, sem nenhum auxílio. Porém o Audi A4 apresenta, mas não tão completo como do Accord. 

O assistente de faixa e centralização (LKAS e RDM) também impressiona, mantendo o veículo de forma precisa mesmo em curvas acentuadas. Ele ativa automaticamente a 73 km/h e desativa aos 63 km/h. 

Sedã vendeu apenas 71 unidades no mês de março, contra 779 emplacamentos da BMW 320i e 29 do Audi A4
Divulgação/Honda
Sedã vendeu apenas 71 unidades no mês de março, contra 779 emplacamentos da BMW 320i e 29 do Audi A4

RESUMO DA ÓPERA 

O Honda Accord se destacou como o melhor já produzido, na minha opinião, com suas linhas agressivas que chamam a atenção. Cada aspecto do veículo impressiona, conseguindo ser até mais completo que o CR-V. A economia de combustível é impressionante, e o conforto ao volante consegue impressionar como os modelos alemães, mencionados no começo da matéria. 

Ao conversar com um conhecido ex-dono de um Audi A4 e atual dono de uma Mercedes, ele afirmou que o conforto de guiar do Accord é igualmente prazeroso, com um acabamento igualmente satisfatório e, claro, enaltecendo o sistema híbrido pelo seu desempenho e economia. O que pode deixar o Accord atrás desses modelos, pode ser alguns pequenos equipamentos. Porém, se comparar com a BMW 320i , versão de entrada, a GP , o Accord ganha em diversos recursos, além de ser voltado mais ao conforto em termos de dirigibilidade.

Mas por que o Accord vende tão pouco? A falta de divulgação por parte da Honda e a escassez de lotes disponíveis são os motivos, além do status que o brasileiro gosta de mostrar. O que chama mais atenção, uma Mercedes, BMW e Audi, ou um Honda? A resposta você sabe. Mas quem quer se esquivar um pouco dos olhares, o Accord , sem dúvida, é uma boa opção.

Aqueles que o possuem falam muito bem, inclusive das versões mais antigas. No entanto, o Accord é esquecido no Brasil, o que não se torna nem uma escolha para muitos consumidores. Mas, aqueles que o adquirem não se arrependem. O Accord entrega, e entrega muito bem. 

    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!