Renault Duster na versão Iconic Plus é o grande destaque por ser uma inédita versão e a topo de linha do SUV compacto
Luiz Forelli Santana/iG
Renault Duster na versão Iconic Plus é o grande destaque por ser uma inédita versão e a topo de linha do SUV compacto

Quando falamos da história do Renault Duster, é impossível não mencionar a Dacia , montadora romena pertencente ao Grupo Renault . Isso porque a Dacia residiu no contexto do regime comunista de 1965 a 1989, quando o poder de compra era limitado e os veículos precisavam ser acessíveis, versáteis e de baixa manutenção. E esse dilema ficou por anos atrelado à montadora. E o Dacia Duster , lançado em 2010 para o mercado russo, incorporou esses princípios - um carro versátil e econômico.

Posteriormente, introduzido nos mercados globais pela Renault em 2011, o Duster chegou ao Brasil, superando rapidamente o popular Ford Ecosport , devido ao preço baixo da época. Ao longo dos anos, passou por diversas atualizações, até 2020, quando deu uma repaginada em sua segunda geração mais que necessária.

Mas como o SUV se comporta na prática? Como é o espaço e o acabamento? Testamos a versão topo de linha, agora chamada de Iconic Plus , com preço de R$ 155.890. Com isso, o antigo dilema do carro acessível desaparece, já que o SUV se aproxima dos R$ 160.000 com o pacote outsider.

Renault Duster Iconic Plus 2024 Luiz Forelli Santana/iG
Renault Duster Iconic Plus 2024 Luiz Forelli Santana/iG
Renault Duster Iconic Plus 2024 Luiz Forelli Santana/iG
Renault Duster Iconic Plus 2024 Luiz Forelli Santana/iG
Renault Duster Iconic Plus 2024 Luiz Forelli Santana/iG
Renault Duster Iconic Plus 2024 Luiz Forelli Santana/iG
Renault Duster Iconic Plus 2024 Luiz Forelli Santana/iG
Renault Duster Iconic Plus 2024 Luiz Forelli Santana/iG

O QUE MUDOU NO NOVO FACELIFT? 

O facelift do Duster, lançado em janeiro de 2024, introduziu equipamentos mais do que necessários, especialmente em termos de segurança. Agora, o SUV compacto vem equipado com seis airbags de série, em comparação com os dois obrigatórios anteriores. Já a dianteira foi redesenhada com uma nova grade preto brilhante e faróis em LED (farol alto e auxiliar são incandescentes), enquanto os retrovisores laterais receberam acabamento preto com listras laranja. Na traseira, as lanternas foram atualizadas com LEDs, além de apliques em laranja com o nome da versão.

Internamente, o novo modelo substituiu o apoio de braço do motorista por um baú, permitindo agora duas entradas USB-C na parte traseira. Além disso, duas novas versões foram adicionadas ao catálogo: Intense Plus e Iconic Plus, esta última testada por nós.

Espaço do porta-malas ganha disparado dos concorrentes
Luiz Forelli Santana/iG
Espaço do porta-malas ganha disparado dos concorrentes

ESPAÇO INTERNO

Entre os concorrentes do Renault Duster , como o Honda HR-V, Hyundai Creta, Jeep RenegadeVolkswagen T-Cross e Nissan Kicks , o SUV da Renault se destaca. Ele possui o maior entre-eixos e o maior porta-malas. Vamos aos números: o Duster apresenta 4,37 m de comprimento, 1,83 m de largura, 1,69 m de altura e um entre-eixos de 2,67 m. O concorrente com entre-eixos mais próximo é o T-Cross, com 2,65 m. Além disso, o Duster oferece um ótimo porta-malas de 475 litros (VDA), o maior da categoria. O Nissan Kicks é o mais próximo com 432 litros. 

No entanto, nem tudo são flores, especialmente quando se trata do espaço traseiro. Apesar do maior entre-eixos, o espaço para um passageiro de 1,88 m é bem apertado, com o banco regulado para mim, ou seja, completamente recuado. Não há folga entre as pernas e o banco dianteiro. Além disso, não há apoio de braço escamoteável. Porém, no assento do meio, a situação é um pouco mais confortável, apesar do túnel central um pouco elevado. Uma falha é a ausência de saídas de ar, que já há nos concorrentes, embora existam duas saídas USB-C.

Com o banco todo recuado para trás, não sobrou nenhum espaço entre minhas pernas e o banco da frente
Luiz Forelli Santana/iG
Com o banco todo recuado para trás, não sobrou nenhum espaço entre minhas pernas e o banco da frente

Vale ressaltar os ângulos de entrada e saída, comparáveis aos das picapes médias, como a Ford Ranger e outras do segmento. Com 30° de ângulo de ataque e 34,5º de ângulo de saída, o Duster raramente irá raspar, o que traz liberdade até de encarar algumas trilhas, só cuidado que não há 4X4. No momento que eu saía do veículo, percebi o quanto o Duster é alto, são impressionantes 237 mm em relação ao solo, quase o mesmo da  Volkswagen Amarok que detém 240 mm.

Performance é o ponto chave do veículo
divulgação/Renault
Performance é o ponto chave do veículo

SENSAÇÃO AO VOLANTE

A versão avaliada conta com um motor 1.3 TCe (turbo) de quatro cilindros e 16 válvulas, que dá ao Duster 162/170 cv (gasolina/etanol) e 27,5 kgfm de torque a 1.600 rpm. A potência necessária leva bem o modelo em diversas situações, tanto na cidade quanto na estrada. A potência é evidente nas arrancadas, graças ao torque disponível em baixas rotações. Na estrada, o SUV ganha velocidade com facilidade sem pisar muito no pedal do acelerador, além de apresentar pouco balanço evidente, mantendo-se estável em retas em altas velocidades.

O 0 a 100 km/h é alcançado em 9,2 segundos, conforme divulgado pela Renault, sendo facilitado pelo eficiente câmbio CVT X-TRONIC da Nissan , que simula até oito velocidades e realiza trocas rápidas, o que oferece uma condução suave e eficiente em viagens longas 

Uma curiosidade interessante sobre o motor do Duste r é que ele foi desenvolvido por meio da parceria entre Renault, Mercedes-Benz e Nissan . O motor M282 da Mercedes equipa o Duster e também os modelos como o GLA 200 e o GLB 200 vendidos no Brasil, porém movidos a gasolina com ajuda de um motor elétrico, além de ser utilizado em diversos outros veículos da Mercedes-Benz na Europa.

A suspensão é do tipo McPherson na frente e o simples eixo de torção na traseira, algo até aceitável pelo preço. Mas não que seja um problema ao Duster , o ajuste da suspensão foi bem calibrado, e me passou uma boa maciez ao passar por buracos sem grandes solavancos dentro da cabine. 

Em curvas, o Duster se sai incrivelmente bem para um SUV , com pouca tendência ‘’a cantar pneu’’ mesmo em curvas mais fechadas. Em altas velocidades, o volante é responsivo e oferece boa precisão e segurança. A carroceria também não fica solta e bamba, ela responde junto com a plataforma CMF-B nas curvas. 

Uma crítica vai para os freios, que são a tambor na traseira. Pelo preço, poderia vir freios a disco nas quatro rodas. A maioria dos concorrentes oferece essa configuração, com exceção do Nissan Kicks , que também utiliza freios a tambor. Apesar disso, o carro freia bem, mas poderia ser ainda melhor com discos sólidos atrás. Sob chuva o cuidado deverá ser triplicado. Outro ponto negativo é o isolamento acústico, que poderia ser mais bem trabalhado, já que em velocidades mais altas é possível ouvir bastante o ruído do vento.

Quanto ao consumo, segundo o Inmetro, é o pior entre os concorrentes, porém devemos lembrar que o Duster é um dos mais potentes. Com gasolina, o Duster faz 10,8 km/l na cidade e 11,5 km/l na estrada. Com etanol, esses números caem para 7,7 km/l na cidade e 8,4 km/l na estrada, sendo semelhantes aos números do Jeep Renegade , que possui um motor 1.3 turbo de 180 cv. 

Em meus testes, obtive números um pouco melhores, alcançando 7,8 km/l na cidade e 10,6 km/l na estrada com etanol, respeitando os limites de velocidade e com o ar-condicionado ligado. No trânsito intenso da cidade, o consumo foi de 4,3 km/l. São bons números analisando o conjunto por inteiro e pelo porte do veículo. Porém, o tanque de 46 litros poderia ser maior, como dos concorrentes, que possuem capacidade de 50 litros a 55 litros. Por conta disso, tive que abastecer o SUV mais do que o planejado. 

Banco possui excesso de espuma que tira o conforto em viagens mais longas
Luiz Forelli Santana/iG
Banco possui excesso de espuma que tira o conforto em viagens mais longas

POSIÇÃO CANSATIVA É SEU MAIOR PROBLEMA 

Sempre deixei claro que sou um parâmetro muito grande para medição em veículos (1,88 m minha altura). Mas não posso deixar de expressar minha opinião sobre um veículo que deveria oferecer espaço para pessoas grandes, e o Duster não o faz. 

Primeiramente, destaco o ajuste de profundidade do banco, que poderia ir mais para trás, o que me deixou completamente em cima do pedal do freio, o qual é muito elevado. É desconfortável. Se você tem menos de 1,80 m, fique tranquilo, isso não deverá te afetar.

Em viagens longas, a ergonomia do banco também prejudicou minha coluna. Poderia ser um pouco mais fofo e macio. Por fim, o apoiador central de braço que a Renault incluiu no último facelift ficou pequeno, assim como o baú. Uma pessoa apoia o braço e já era, ninguém mais consegue. Vale ressaltar que o Duster oferece ajuste de altura e profundidade para o banco e volante.

Renault Duster Iconic Plus 2024 Luiz Forelli Santana/iG
Renault Duster Iconic Plus 2024 Luiz Forelli Santana/iG
Renault Duster Iconic Plus 2024 Luiz Forelli Santana/iG
Renault Duster Iconic Plus 2024 Luiz Forelli Santana/iG
Renault Duster Iconic Plus 2024 Luiz Forelli Santana/iG
Renault Duster Iconic Plus 2024 Luiz Forelli Santana/iG
Renault Duster Iconic Plus 2024 Luiz Forelli Santana/iG

INTERIOR, TECNOLOGIA E SEGURANÇA

O interior do Duster não oferece muitos equipamentos de tecnologia encontrados em SUVs compactos , como piloto automático adaptativo - no Duster é o velho conhecido controle de velocidade convencional. Também não há nenhum sistema autônomo, como frenagem autônoma de emergência, comutação do farol, nem nada. É simples, o que deixa o modelo bem atrás dos concorrentes. É tudo “raiz” que faz o “feijão com arroz”.

O computador de bordo é analógico, sem “fru fru fru”. A tela central é pequena e mostra o básico, consumo, velocidade, entre outros. Poderia ter mais informações? Sim, como, por exemplo, temperatura ambiente, pressão dos pneus, entre outros. Mas faz o “feijão com arroz”. A central multimídia de 8”  também é simples, mas razoável. A qualidade não é das melhores, mas responde bem. O importante é que ela possui Apple Carplay e Android Auto, agora, sem fio - respondeu bem, sem travamentos. 

O grande destaque são as câmeras, que não utilizam sistemas 360°, mas dão uma baita ajuda ao estacionar, já que são quatro câmeras espalhadas pelas laterais, frente e atrás do veículo. Além do sensor de ponto cego, que ajuda nas horas mais cruciais da Marginal. Outro destaque fica com a chave 100% presencial - ao se aproximar o SUV abre, ao se distanciar ele fecha, simples assim, como o  Megane E-Tech de R$ 279.000.

Há também o sistema start-stop que ajuda bastante para economizar combustível, auxílio de parada em rampa, faróis com acendimento automáticos, carregador por indução, sensor de chuva, vidros automáticos com descida em um toque, direção elétrica e ar-condicionado automático de duas zonas. Em termos de segurança, finalmente a Renault colocou os seis airbags de série (frontais, laterais e de cortina), além dos controles de tração e estabilidade que já vinha com o modelo. 

RESUMO DA ÓPERA 

O Renault Duster demonstrou ser um veículo competente em termos de potência, torque, curvas e suspensão eficiente ao passar por buracos, o que gerou uma experiência agradável de direção. No entanto, a falta de equipamentos e tecnologia de segurança como o ADAS o coloca atrás dos concorrentes, que há algum tempo já oferecem esses recursos. A ausência de tecnologia embarcada adicional, como um cluster digital, uma central multimídia mais completa, saídas de ar traseiras e faróis full LED, não fariam mal.

O espaço do porta-malas é generoso e o melhor da categoria, e sua altura elevada faz do Duster um SUV compacto ideal para enfrentar trilhas. No entanto, para pessoas de estatura alta, a ergonomia da posição de dirigir e do espaço traseiro podem não ser ideais. Já no banco traseiro, crianças se acomodam facilmente no veículo, mas adultos podem enfrentar dificuldades.

A Renault ainda não demonstrou movimentos concretos, e é provável que leve algum tempo até que o Renault Duster de terceira geração chegue ao mercado brasileiro. Embora tenha sido lançado na Europa em fevereiro, a chegada desse modelo por aqui ainda parece ser um sonho distante, possivelmente entre 2025 e 2026.

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