Citroën C3 Aircross é maior, mais potente e traz alterações visuais para se diferenciar do hatch, mas vale a pena?
Maurício Campelo/iG
Citroën C3 Aircross é maior, mais potente e traz alterações visuais para se diferenciar do hatch, mas vale a pena?

O projeto C-Cubed é a grande aposta da Citroën  para mudar sua presença no mercado sul-americano. Após o C3 , o  C3 Aircross chegou ao mercado como SUV compacto de sete lugares com somente um rival direto, mas brigando em uma faixa de preço na qual encontra concorrentes de vários segmentos. Vale a pena dar uma chance para o SUV de até sete lugares da Citroën?

Para responder essa pergunta, passamos uma semana com um Citroën C3 Aircross Shine de cinco lugares, que custa R$ 131.590, já considerando a cor branca e o teto pintado em preto. A versão mais acessível é a Feel, oferecida por R$ 112.990, seguida da Feel Pack de R$ 119.990 e Shine de R$ 128.590. As versões de sete lugares levam os mesmos nomes e custam R$ 120.990, R$ 127.990 e R$ 136.590, respectivamente.

Visual similar ao C3 Hatch

Capô e conjunto óptico dianteiro são compartilhados pelo hatch e SUV
Divulgação
Capô e conjunto óptico dianteiro são compartilhados pelo hatch e SUV

Por serem carros da mesma família, é natural que C3 e C3 Aircross - chamaremos ele assim por enquanto -, compartilhem muitos itens. O conjunto óptico, capô e portas dianteiras compartilham o mesmo desenho.

As principais mudanças são o para-choque dianteiro, para-lamas dianteiros e traseiros, portas traseiras e toda a seção traseira. Essas novidades servem para não só diferenciar os produtos, mas também em termos técnicos, afinal, o C3 Aircross é mais comprido que o hatch em 13 cm entre os eixos e ainda traz uma motorização exclusiva na gama da Citroën, pelo menos até o momento .

Os para-lamas desenhados para parecer mais largos ajudam a passar a ideia de SUV ao modelo, enquanto um novo para-choque foi adotado para abrigar o motor 1.0 turbo T200. Na traseira, as novidades são meramente estéticas e dão ao carro uma característica própria, com lanternas exclusivas. O aplique prateado no para-choque dá uma sensação de robustez.

Lanternas traseiras, para-choque e tampa do porta-malas são exclusivas do C3 Aircross
Maurício Campelo/iG
Lanternas traseiras, para-choque e tampa do porta-malas são exclusivas do C3 Aircross

Na fita métrica são 4,32 metros de comprimento, 1,72 m de largura, 1,64 m de altura e 2,67 m entre-eixos. A altura em relação ao solo é de 20 cm, 2 a mais que o do C3 hatchback.

Porta-malas é um dos grandes trunfos do Citroën C3 Aircross
Maurício Campelo/iG
Porta-malas é um dos grandes trunfos do Citroën C3 Aircross

O porta-malas na versão de cinco lugares é de 493 litros (VDA) bem superior aos 315 litros do hatch. Nas versões de sete lugares, esse espaço é reduzido para 50 litros de capacidade quando a terceira fileira de bancos não está rebatida.

Crise de identidade

Instrumentação digital do Aircross conta com a cor verde, combinando com a peça plástica
Maurício Campelo/iG
Instrumentação digital do Aircross conta com a cor verde, combinando com a peça plástica

É dentro da cabine que o C3 Aircross mais se parece com seu irmão. A Citroën até tentou diferenciar o modelo equipando-o com uma tonalidade verde no acabamento plástico central - e também na central multimídia -, painel de instrumentos digital de 7 polegadas e recirculador de ar no teto , exclusivo das versões de sete lugares, mas todo o resto evidencia as semelhanças com seu irmão.

Talvez para diferenciá-lo, a Citroën tenha decidido parar de chamá-lo de C3 , adotando apenas o Aircross em alguns momentos. Em uma rápida visita ao site da marca é possível ver que o nome “C3 Aircross” só é utilizado em fotos publicitárias e no configurador. Essa mudança pode afetar ainda seu irmão cupê, que deve ser chamado apenas de Basalt por conta do conceito Basalt Vision .

Primeiras impressões

Revestimento das portas é completamente em plástico rígido
Maurício Campelo/iG
Revestimento das portas é completamente em plástico rígido

Logo ao entrar no Aircross é possível notar que a qualidade dos materiais é bem básica. Plástico rígido é utilizado em todos os lugares onde seus olhos enxergam e suas mãos podem tocar. Entretanto, a qualidade de construção não decepciona e as peças não possuem rebarbas e estão bem encaixadas, pelo menos no interior.

Revestimento em material sintético torna os bancos do Aircross confortáveis
Maurício Campelo/iG
Revestimento em material sintético torna os bancos do Aircross confortáveis

Na versão Shine, os bancos contam com revestimento em material sintético e confesso que valem a pena. Segundo um funcionário da concessionária, os bancos nas versões mais simples são exatamente os mesmos do C3 hatchback, que são bem duros e desconfortáveis. Após uma semana com o Aircross, não senti tanto desconforto com os assentos revestidos em material sintético. Claro que não são os melhores bancos do mundo, mas estão longe de causar incômodo.

Equipado com motor 1.0 Turbo T200 que entrega até 130/125 cv (Etanol/Gasolina) e 27,5 kgfm de torque em ambos os combustíveis e uma transmissão automática do tipo CVT de sete velocidades, o desempenho do Aircross não decepciona.

Motor 1.0 turbo é ponto de vantagem para o Aircross em relação ao Spin
Luiz Forelli Santana/iG
Motor 1.0 turbo é ponto de vantagem para o Aircross em relação ao Spin

O 0 a 100 km/h é realizado em 9,7 segundos segundo a fabricante, e a velocidade máxima é limitada a 191 km/h. Potência e torque não faltam ao Aircross, o casamento entre motor e câmbio é muito feliz e não à toa a Stellantis usa em quase todos seus veículos.

Em cerca de 300 km de teste, o Aircross atingiu médias de 7,1 km/l no etanol. Em estrada, viajando a 90 km/h foi possível atingir cerca de 12 km/l no combustível derivado da cana de açúcar.

Posição de dirigir de SUV

Altura elevada em relação ao C3 hatchback faz diferença no dia a dia
Maurício Campelo/iG
Altura elevada em relação ao C3 hatchback faz diferença no dia a dia

A posição de dirigir é de fato mais elevada que a do C3. Esse é um dos motivos pelos quais a Citroën sempre reforçou em chamar o Aircross de SUV, afinal, é mais alto que o irmão menor, e o público que procura um carro nessa faixa de preço quer um SUV.

No Aircross, o desejo de um SUV pode ser bem realizado. Dificilmente o modelo irá raspar em valetas ou em rampas. Em buracos, a suspensão responde muito bem e as imperfeições da rodovia são bem filtradas. O rodar é confortável, mas ele não te deixa esquecer de que é um carro de entrada e derivado de um projeto de baixo custo.

Espaço interno é bem amplo e cinco pessoas viajam tranquilamente
Maurício Campelo/iG
Espaço interno é bem amplo e cinco pessoas viajam tranquilamente

Para quem vai no banco traseiro, vale destacar o ótimo espaço à disposição. Com 1,80 m de altura, não senti nenhum desconforto, mesmo com o banco do motorista posicionado de forma mais longe possível do volante. O que incomoda, porém, é o comando dos vidros elétricos no centro do carro, onde poderia existir uma saída de ar-condicionado e portas USB, assim como no Spin , principal rival do Aircross.

Lista de equipamentos é bem básica
Um dos principais argumentos da imprensa especializada no lançamento do C3 foi a falta de equipamentos de segurança ativa, e o Aircross merece a mesma crítica. Em termos de assistência de condução, temos apenas freios ABS, assistente de partida em rampa e controles de tração e estabilidade de série, enquanto a segurança é função de apenas dois airbags dianteiros. Ar-condicionado manual, central multimídia de 10” com espelhamento sem fio, direção com auxílio elétrico, vidros elétricos nas quatro portas e volante multifuncional são itens de série.

Qualidade de construção externa deixa a desejar; esguicho não consegue molhar o vidro corretamente e água bate na peça plástica à frente
Maurício Campelo/iG
Qualidade de construção externa deixa a desejar; esguicho não consegue molhar o vidro corretamente e água bate na peça plástica à frente

A partir da versão Feel, o Aircross ganha rodas de liga-leve de 16 polegadas, airbags laterais - totalizando quatro - painel digital de 7”, ajustes elétricos do retrovisor e sensor de estacionamento traseiro. A opção Shine inclui regulador e limitador de velocidade, câmera de ré, sensor de estacionamento e rodas diamantadas de 17 polegadas.

Ventoinha "inesquecível"
Logo no seu lançamento, uma característica que chamou atenção de muita gente foi justamente o ruído elevado da ventoinha do modelo. Sinceramente, é o tipo de coisa que, dentro do carro, você pode até não perceber de início, mas uma vez que o barulho é identificado, passa a ser percebido toda vez que a ventoinha é acionada, o que acontece com certa frequência. Acredito ser uma característica única do Aircross, uma vez que na  Fiat Strada Ultra não notei esse comportamento do propulsor.

Além disso, é possível até ouvir a turbina espirrando, o que, particularmente, é bem legal. Entretanto, o som só se faz presente na faixa dos 3.500 a 4.000 rotações. Outra característica desse motor é o ruído natural. Não me incomodei com isso, mas basta deixar o carro parado em funcionamento e algumas pessoas podem se queixar, questionando até se o carro não está com defeito. Entretanto, vale ressaltar que motores três cilindros são naturalmente mais ruidosos.

Entre Aircross e Spin, qual levar?

Citroën C3 Aircross
Maurício Campelo/iG
Citroën C3 Aircross

Quem prefere um motor mais potente e até um carro mais ligeiro, tem no Aircross um carro ideal. Vale ressaltar que nas versões de sete lugares, os bancos da terceira fileira podem ser removidos, enquanto no Spin podem ser no máximo rebatidos.

C3 Aircross permite que terceira fila de bancos seja parcial ou completamente removida
Divulgação/Citroën
C3 Aircross permite que terceira fila de bancos seja parcial ou completamente removida

Se o consumidor valoriza uma plataforma mais moderna, o Aircross pode ser o carro ideal, mas, novamente, o franco-fluminense fica devendo em itens de segurança.

No Spin, o motor é o já conhecido 1.8 de no máximo 116 cv e 17,7 kgfm de torque. É notável a falta de potência do Spin em relação ao Aircross. Em uma situação de carro cheio com a família, o francês se sai melhor em ultrapassagens.

Enquanto a principal arma da Citroën é o preço, afinal, o Aircross é o SUV turbo mais barato do Brasil e também o carro de sete lugares mais barato do país, a Chevrolet aposta na tradição e confiabilidade do bom e velho 1.8 aspirado e em um interior bem mais refinado. Particularmente, eu levaria para casa o Aircross, pensando somente no motor turbo, que é de fato mais divertido.

Ficha Técnica

- Citroën C3 Aircross Shine (5 lugares)

- Motor: 999 cm3, dianteiro, transversal, três cilindros, 12 válvulas, injeção direta, turbo, 130 cv a 5.750 rpm e 20,4 kgfm de torque a 1.750 rpm (etanol)/ 125 cv a 5.750 rpm e 20,4 kgfm de torque a 1.750 rpm (gasolina)

- Câmbio: automático CVT de sete velocidades; tração dianteira

- Direção: elétrica, diâmetro de giro de 10,8 metros

- Suspensão: McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira

- Freios: discos ventilados na dianteira e tambor na traseira

- Pneus: 215/60 R17 

- Peso: 1.216 kg

- Capacidade de carga: 400 kg

- Dimensões: 4,32 metros de comprimento; 2,01 m de largura; 1,67 m de altura; 2,67 m de distância entre-eixos; Porta-malas de 493 litros; e tanque de 47 litros

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