Volkswagen Jetta GLI 2024 é o veículo avaliado nesta semana
Luiz Forelli Santana/iG
Volkswagen Jetta GLI 2024 é o veículo avaliado nesta semana

O Volkswagen Jetta nunca conseguiu ameaçar seus concorrentes como o Toyota Corolla , Honda Civic e até mesmo o Chevrolet Cruze , apesar de ser um sedã médio muito bom. Em 2017, por exemplo, o Jetta perdeu em vendas até para o  Audi A3 no final de 2016. Havia quatro versões à venda naquele ano, mas poucos emplacamentos. 

Com a saída do Golf GTI, a Volkswagen precisava de um esportivo na linha e, em junho de 2019, trouxe o Jetta GLI ao Brasil. Em 2021, todas as outras versões foram retiradas do mercado, restando apenas a variante esportiva.

Atualmente, no ranking de sedãs médios mais vendidos, o Jetta ocupa a quarta posição, com 1.043 unidades vendidas no acumulado até o momento. Considerando que há apenas uma versão disponível e seu preço, que teve um aumento em abril para R$ 245.390, essa é uma posição relativamente boa. O Jetta está atrás apenas do Nissan Sentra , BYD Seal e do líder absoluto, Corolla .

Mas, mesmo assim, gastar todo esse dinheiro é uma boa opção?

VISUAL MAIS NOVO, MAS ESQUECERAM DO ESPAÇO TRASEIRO

Volkswagen Jetta GLI 2024 Luiz Forelli Santana/iG
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Começando pelo visual, que é uma das características mais importantes para os consumidores e a primeira abordagem quando se vê um carro. Pessoalmente, sempre preferi o Jetta MK6, que tinha um design mais jovem e agressivo. O novo modelo possui um visual mais sóbrio, algo que não transmite tanta agressividade, embora não seja feio. Isso ficou ainda mais evidente em 2022, quando o modelo passou por um facelift.

O para-choque dianteiro foi alterado, dando a impressão de que o Jetta está sorrindo. A grade do tipo colmeia na parte inferior recebeu um formato mais largo apliques vermelhos nas laterais, assim como o filete vermelho com uma borda branca que liga os faróis. A grade também foi redesenhada, apresentando um formato losangular mais alargado.

Nas laterais, o design das rodas foi minimamente alterado. Na traseira, pequenas mudanças são visíveis, como o para-choque, com os refletores reposicionados. O spoiler baixo ganhou um molde também em colmeia e foi ampliado. Por fim, o escapamento mudou de formato, passando de redondo para um formato mais oval, lembrando um formato de eclipse. Mas ao todo, é agradável.

Em termos de dimensões, estamos falando de 4,74 metros de comprimento, 1,79 m de largura, 1,47 m de altura e distância de entre-eixos de 2,68 m. O porta-malas é de ótimos 510 litros. O tanque de combustível suporta 50 litros de capacidade. 

MOTORIZAÇÃO E SENSAÇÃO AO VOLANTE É SEM COMENTÁRIOS

Volkswagen Jetta GLI possui motor de sobra e ainda recebeu ajustes no facelift de 2022
Luiz Forelli Santana/iG
Volkswagen Jetta GLI possui motor de sobra e ainda recebeu ajustes no facelift de 2022

O motor do Jetta GLI é um 2.0 TSI turbo da família EA888, é semelhante ao usado no Golf GTI 2018, mas com diversos outros ajustes. Ele gera 231 cv a 5.000 rpm e 35,7 kgfm de torque a 1.500 rpm. O câmbio agora é uma nova caixa automática DSG de sete velocidades.

O modelo 2022 recebeu avanços importantes no conjunto. Primeiramente, foi equipado com um sistema de variação na abertura das válvulas de escape e um variador de fase tanto na admissão quanto no escape. Essas alterações substituíram o sistema de injeção dupla (direta e indireta) por uma injeção direta mais avançada, capaz de ajustar múltiplos pulsos conforme a demanda do motor. Isso resulta em uma combustão mais eficiente e responsiva.

O câmbio automático DSG, que continua sendo banhado a óleo, passou de seis para sete marchas. Essa atualização não só permite uma melhor distribuição das relações de marcha, mas também suporta um maior torque. Além disso, o conjunto recebeu sistema de bloqueio de diferencial mecânico, o que gera uma tração superior e resposta mais rápida ao pisar no pedal. 

Câmbio permanece banhado a óleo, porém pula de seis para sete marchas
Luiz Forelli Santana/iG
Câmbio permanece banhado a óleo, porém pula de seis para sete marchas

A diversão começa assim que o motorista entra no carro. A posição de dirigir é baixa e cativante, o que já gera uma sensação de esportividade. Ao pisar no acelerador, fica claro que este não é um carro para dirigir devagar, porém precisamos nos conter.

Na cidade,  no entanto, devido à suspensão mais rígida, o impacto ao passar por ruas esburacadas pode ser sentido de maneira mais seca. Não chega a ser desconfortável, mas não absorve as irregularidades da mesma forma que um carro com suspensão mais macia faria. Aqui é outra pegada da maioria dos sedãs.

A Volkswagen ainda tentou equilibrar a esportividade e a estabilidade com um certo grau de conforto na calibragem da suspensão, mas não alcança o nível de suavidade de um Honda Civic ou Toyota Corolla, por exemplo. Além disso, é preciso ter cuidado extra ao passar por buracos, pois os pneus de perfil baixo, medindo 225/45, podem ser facilmente danificados, como bolhas ou até um furo.

Na cidade, o que é apenas um aperitivo de potência na estrada se transforma em pura performance. O Jetta GLI acelera com facilidade impressionante e até ignorante, desenvolvendo potência de forma de abrir os olhos. O jeito como ele ganha velocidade é agressiva e viciante. Esse vício fica maior ainda com o som do escapamento que pode ser alterado. 

Pneu apresenta perfil baixo e precisa ter cuidados, especialmente em ruas esburacadas como São Paulo
Luiz Forelli Santana/iG
Pneu apresenta perfil baixo e precisa ter cuidados, especialmente em ruas esburacadas como São Paulo

Em nossos testes, o Jetta GLI acelerou de 0 a 100 km/h em 6,4 segundos (a Volkswagen declara 6,7 s). Com tanta potência, o controle de tração precisa conter o carro, devido à patinagem dos pneus dianteiros.

Mesmo que você prefira o conforto de um sedã médio tradicional, o Jetta pode oferecer isso, graças aos seus três modos de condução pré-definidos: Eco, Normal e Sport. Esses modos alteram a resposta do acelerador, as trocas de marchas, a direção e até o eixo frontal com a trava de diferencial, permitindo que o Jetta tenha um comportamento menos "agressivo". Além disso, você pode personalizar o modo de condução na aba Individual.

O Jetta é extremamente estável, sem apresentar balanços na carroceria em altas velocidades. O isolamento acústico e a calibração são tão bons que você nem percebe que o carro está em alta velocidade. O veículo é muito equilibrado, mesmo com uma altura de 138 mm em relação ao solo – para comparação, uma Chevrolet Tracker tem 157 mm.

Em curvas, a estabilidade é evidente, com o volante respondendo de maneira precisa aos comandos do condutor. A plataforma modular (MQB) se destaca pela linearidade do sedã médio, que pesa 1.476 kg. A resposta do câmbio é rápida, não como os antigos DSG, mas ainda assim muito eficaz, o que também ajuda no consumo. Durante nossos testes com gasolina (o único combustível aceito), o Jetta registrou um consumo de 9 km/l na cidade e 12,8 km/l na estrada. O Inmetro divulga 9,9 km/l na cidade e 12,2 km/l na estrada.

INTERIOR, CONFORTO E ERGONOMIA

Interior é bem semelhante de outros modelos da marca, porém com mais capricho
Luiz Forelli Santana/iG
Interior é bem semelhante de outros modelos da marca, porém com mais capricho

Dentro do sedã, o ambiente é familiar para quem conhece outros modelos da Volkswagen, com uma posição de condução baixa. Os bancos dianteiros, com ajustes elétricos, apenas para o motorista, é confortável para viagens longas e ainda melhorado pela ventilação através dos pequenos buraquinhos que ele apresenta.

A direção possui uma boa pegada, mais esportiva, e a assistência elétrica progressiva faz não ser tão pesada para dirigir. O único incômodo são os botões touch, que a VW já prometeu remover. Porém, no novo facelift apresentado há duas semanas, o mesmo volante continua lá. 

Tudo está ao alcance e é de fácil entendimento. O painel de instrumentos 100% digital, chamado Active Info Display, tem 10,25 polegadas e oferece diversas opções de personalização e de fácil entendimento. 

A tela central VW Play de 10,1 polegadas também é completa, com várias informações e personalizações do veículo. Rápida e intuitiva, ela emparelha Apple CarPlay e Android Auto sem necessidade de fios. Na tela, é possível ajustar diversas funções do veículo, incluindo os LEDs do interior, que adicionam um charme a mais. Esta parte central do veículo é ligeiramente inclinada para o condutor, o que facilita o acesso aos controles durante a condução.

Painel de instrumentos 100% digital tem ótima resolução
Luiz Forelli Santana/iG
Painel de instrumentos 100% digital tem ótima resolução

O controle do ar-condicionado de duas zonas automático mantém o design circular dos modelos anteriores da VW, o que particularmente me agrada mais em relação aos controles touch que dominam a linha atual. Mas a VW irá adicionar o novo formato no facelift que chegará em breve.

Ainda há um acendedor de cigarro, o que revela a idade do projeto, mas pode agradar alguns. O acabamento é macio no painel e nas partes superiores das portas dianteiras, dando uma sensação de qualidade, embora as portas traseiras sejam de plástico rígido, algo que decepciona pelo preço do carro.

Produzido no México, o Jetta é vendido também no mercado norte-americano, onde é considerado um modelo básico. Na traseira, faltam saídas de ar, uma característica que já estava presente no Polo 2018, e portas USB para carregar celulares. O túnel central é bem alto, o que acaba sendo desconfortável para um adulto sentar no meio do banco traseiro.

Para alguém com 1,88 m, o espaço traseiro é limitado em termos de espaço para as pernas e cabeça, não sendo o mais confortável. Já para crianças e adolescentes o conforto pode ser melhor.

Como itens de série, o Volkswagen Jetta GLI traz seis airbags (dois frontais, dois laterais e dois de cortina), banco e volante com regulagem de altura e profundidade, seis alto-falantes, ar-condicionado digital automático, vidros e travas elétricas, acionamento do motor por botão, chave presencial, auto hold, freio de estacionamento eletrônico, teto solar, rodas de liga leve aro 18, alarme anti furto, bancos dianteiros com aquecimento, sensor dianteiro e traseiro, câmera de ré, alerta de ponto cego, piloto automático adaptativo stop & go, alerta de invasão de faixa com correção, frenagem autônoma de emergência, alerta de tráfego cruzado,  faróis automáticos com comutação, retrovisor interno antiofuscante, sensor de chuva, controle de tração e estabilidade e freio a disco nas quatro rodas. 

RESUMO DA ÓPERA

O Volkswagen Jetta GLI é ideal para quem busca esportividade e muita potência. Entre os carros esportivos zero quilômetros mais acessíveis, o sedã se destaca por entregar um ótimo desempenho. Na faixa de preço do Jetta, quem procura algo mais conservador e econômico pode considerar o Honda Civic Advanced Hybrid, que custa R$ 20.510 a mais (R$ 265.900). Mas, sinceramente, a diversão ao volante aqui é extremamente mais divertido. 

Como carro para uma família grande, o Jetta GLI deixa a desejar. Embora tenha um bom porta-malas, o espaço traseiro é apertado para pessoas mais altas. No entanto, se o foco for a direção, como quem o procura deve ser, ele não decepciona. O Jetta GLI oferece potência de sobra,  ótima dirigibilidade, tecnologia e excelente aceleração, sendo uma escolha ideal para quem quer gastar R$ 245.300 em emoção. É fora de série, é um baita carro. 

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Volkswagen Jetta GLI 2024 Luiz Forelli Santana/iG
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