Vamos novamente falar sobre motocicletas de estilo retrô? Quase isso. O estilo de modelos como a Honda CB 1000 R Neo Sports Café que já há algum tempo está “fazendo a cabeça” de muitos novos motociclistas está cada vez mais presente, em quase todas as marcas de motocicletas disponíveis no Brasil.
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Eu digo “novos” motociclistas pelo fato de que nós, os mais antigos, que vivemos o estilo dos faróis redondos quando eles ainda eram comuns a todos os modelos, jamais deixaremos de gostar dessas velhas senhoras. Pilotamos forte com as modernas esportivas e streetfighters , mas desfilamos com vagar e classe com as legítimas anos 70. E é justamente nesse ponto da conversa que entra a novidade mais aguardada para este ano, a Honda CB 1000R Neo Sports Café. Estilo retrô?
Quase isso. Voltando só um pouco no tempo, quem visitou o último Salão Duas Rodas, em São Paulo, em 2017, surpreendeu-se com duas dignas representantes do estilo retrô, a Kawasaki Z900RS, que encarnou com maestria a imagem da primeira super motocicleta de quatro tempos da marca, a Z1 (a.k.a. Z900) de 1972, e a sua presumível rival Honda CB 1100RS, ambas fiéis aos anos 70, apesar do monobraço da Kawa e do tanque modernoso da Honda.
A Z900RS veio, inclusive com uma versão café, mas a Honda mudou de planos. Ao invés de importar a bela CB 1100EX, ainda mais retrô do que a CB 1100RS , resolveu produzir por aqui, na fábrica de Manaus, AM, a Honda CB 1000R Neo Sports Café. Não, definitivamente, a CB 1000R NSC não é uma motocicleta retrô. Nem uma café racer .
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Quando conheci a CB 1000R, fiquei realmente com aquela ideia de uma café racer retrô, mas, observando melhor e, principalmente, pilotando-a, descobri que se trata de uma autêntica naked streetfighter, com itens super atuais que quase a equiparam a modelos como a Kawasaki Z1000 . O que nos leva ao engano? O farol redondo, que nada mais é que uma moldura circular, com DLR (Daytime Running Light) envolvendo dois projetores retangulares de leds, perfeitamente definidos. E é só.
Honda CB1000R é uma moto bem disposta
Mas não me julguem mal, e precipitadamente, por estar me referindo desse modo a essa motocicleta. A Honda CB 1000R NSC é uma excelente motocicleta, cheia de vigor e personalidade, e dotada de muitos, mas muitos itens de modernidade. Vamos a eles.
O motor, um quatro cilindros em linha DOHC de 998 cm 3 , derivado do motor da superesportiva CBR 1000RR Fireblade, com potência de 141,4 cv, em regimes muito altos de rotação (10.500 rpm), e com torque de 10,2 kgfm a 8.000 rpm, é super atual, refrigerado a água e com acelerados eletrônico e quatro modos de pilotagem, com três níveis de potência, freio-motor e controle de tração, tudo selecionado eletronicamente por um comando no punho esquerdo do guidão.
O escapamento é complexo, com quatro catalisadores e duas câmaras, que fazem um jogo de pressão de gases favorecendo o torque em médias rotações. Na ponteira pode-se ver as duas saídas, para alta e baixa pressão.
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A Honda CB 1000R é compacta, graças ao quadro tubular de aço do tipo diamante, com o motor fazendo parte da estrutura, e viga superior única. A balança monobraço traseira de alumínio a ele vai fixada, em um sistema ao mesmo tempo super moderno e muito belo. Os amortecedores Showa são totalmente reguláveis, com a suspensão dianteira assimétrica de garfo invertido, ou seja, em uma bengala se regula a pré-carga da mola, na outra o amortecimento hidráulico.
Se você esperava em uma motocicleta retrô dois copos separados para abrigar os principais mostradores do painel de instrumentos, o cluster da CB 1000R está bem longe disso. Talvez seja o que ela tem de mais moderno: um display digital com todas as funções possíveis, incluindo o contagiros de mostrador analógico.
Esse painel inclui sistemas complexos, de difícil entendimento à primeira tentativa, como a linha multi-cores que vai alternando as cores dependendo da marcha engatada, da rotação e do modo de pilotagem. Não me ative a essa particularidade, talvez em uma avaliação posterior mais longa eu aprenda a ajustar e usar decentemente esses controles.
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Os dois dias de viagem com a moto, no entanto, me passaram mais o “feeling” da pilotagem, mesmo debaixo de uma chuva torrencial que não me permitiu sentir com precisão as várias reações em curvas, de acordo com os modos de pilotagem.
Apesar de curta, a CB 1000R é confortável e permite uma boa posição de pilotagem, com o banco do piloto rebaixado e as pedaleiras recuadas. Acredito que uma pessoa na garupa, principalmente de maior estatura, não vai se sentir à vontade. A rabeta parece solta na traseira da moto, em uma solução estética corriqueira nos dias de hoje que fixa o para-lama traseiro e o suporte de placa no monobraço. Se possível, eu faria na minha CB 1000R um retorno à normalidade visual, recolocando o suporte de placa no sub-quadro traseiro.
A ideia da CB 1000R surgiu de um conceito apresentado há alguns anos, o CB4, que tinha muito mais de café em seu estilo e estava mais para uma motocicleta de corridas. O visual da nova Honda CB 1000R NSC, no entanto, certamente vai conquistar corações e mentes daqueles que seguem o estilo ousado das motocicletas “diferentes”.
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As cores disponíveis são a vermelha e a preta, com preço de R$ 58.690. A Honda CB 1000R tem assistência 24 horas em países da América do Sul e garantia de três anos sem limite de quilometragem.