Ôpa, espera aí! É “a” Honda X-ADV ou “o” Honda X-ADV? De acordo com o meu padrão, toda motocicleta é “a”, tratamento no feminino, e todo scooter é “o”, tratamento no masculino. Não é regra, apenas o meu tratamento pessoal. Como fica classificado, então, este inédito veículo de duas rodas?
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Do ponto de vista conceitual, Honda X-ADV é uma motocicleta, uma vez que tem motor na parte anterior da estrutura, como uma motocicleta, e transmissão secundária por corrente. Garfo dianteiro e balança traseira também são típicos de motocicletas.
Do ponto de vista estético, no entanto, e também prático, pode ser considerado um scooter , graças ao estilo inconfundível desse tipo de veículo e suas características peculiares, como mecânica escondida sob carenagens, tanque de combustível embaixo do assento e compartimento para capacete.
Essas características estão cada vez mais presentes em veículos de duas rodas do chamado segmento crossover, termo da língua inglesa que significa mistura. Um exemplo dentro da própria marca é Honda NC 750X , considerada uma motocicleta apesar de ter algumas características comuns aos scooteres, como o tanque embaixo do banco e um porta-capacetes no lugar onde em uma motocicleta comum estaria situado o tanque de combustível. Não por acaso, a NC 750X compartilha o motor da Honda X-ADV.
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Tanto blá-blá-blá pode até ser desconsiderado, uma vez que mais interessa o veículo e suas possibilidades do que a nomenclatura. Além do ineditismo visual – que agrada por onde passa –, o Honda X-ADV conta com conforto surpreendente e desempenho de sobra, graças a seu motor bicilíndrico de 745 cm3 e 54,8 cv e seus sistema de transmissão DCT, com trocas de marchas manuais ou automáticas.
Inicialmente avesso às extravagâncias visuais e conceituais do Honda X-ADV, bastaram alguns momentos de pilotagem para que eu cedesse aos meus convecionalismos e ficasse fã do produto. Inicialmente pilotando na estrada, na ocasião da viagem com a Honda GL 1800 Gold Wing
ao Bike Fest, em Tiradentes, MG – situação na qual o X-ADV se mostrou muitíssimo bem adequado – agora foi a vez das sensações no uso urbano, em meio ao caótico trânsito de uma grande cidade.
A neutra cor cinza inicialmente oferecida tentava mas não conseguia esconder o Honda X-ADV da curiosidade da multidão. Já a nova e chamativa cor vermelha, apesar de cobrir apenas uma pequena parcela da carenagem, funciona como um captador de olhares, atraindo ainda mais a curiosidade de quem para ao seu lado no semáforo. E vem sempre a pergunta, é uma moto ou um scooter? Não importa o nome. É o Honda X-ADV.
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O ronco do bicilíndrico indica ser mais que um scooter. Um maxi-scooter, talvez. Motor ligado, sem precisar de chave, um botão no punho direito engata a transmissão DCT no modo “D”. Aí basta acelerar. E com cuidado, pois o arranque é forte. Nesse modo as marchas vão sendo trocadas automaticamente. São 6 marchas de verdade, diferente das transmissões CVT continuamente variáveis dos scooteres convencionais.
Mais um toque no mesmo botão, o modo vai para “S”, de trocas esportivas. Esse modo faz com que a rotação do motor suba um pouco mais antes de trocar de marcha, com três opções de rotação de troca. Há ainda o modo manual, no qual as marchas são trocadas por botões no punho esquerdo, no momento em que o piloto desejar.
A versão 2019 do Honda X-ADV incorpora, além da nova cor vermelha, o controle de tração que fez falta na versão de lançamento. O HSTC – Honda Selectable Traction Control – tem três níveis de interferência, com muita atuação, pouca atuação e desligado. Há ainda uma função G que, acionada, permite utilizar o controle de tração ao uso no fora de estrada, modificando o comportamento da embreagem nas trocas de marchas e reduzindo o destracionamento.
Personalidade múltipla
A dualidade dessa moto crossover é o seu maior trunfo. Concebido para diversão, principalmente no fora de estrada, sua característica de scooter poderia limitar os movimentos do piloto, como no caso de pilotar de pé, para aumentar o controle direcional e abaixar o centro de gravidade do conjunto. As plataformas em ambos os lados do veículo dificultam essa prática. Nesse caso, há um acessório que pode ser instalado nas laterais, que é um par de pedaleiras como em uma motocicleta, situadas mais para trás e mais para fora do veículo.
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Também como acessórios originais, estão disponíveis um protetor de carenagem e um bauleto de alumínio, ambos possíveis de serem instalados sem necessidade de adaptação. O painel de instrumentos, de LCD monocromático, tem muitas funções, incluindo o computador de bordo, e de fácil manuseio e leitura. O para-brisa é ajustável em cinco posições de altura.
Eu já havia atestado o comportamento do Honda X-ADV na estrada, uma ótima surpresa. Agora foi a vez de rodar na cidade. Um tanto pesado e alto para essa função, mas da mesma forma divertido. Não tem a agilidade de um scooter pequeno, mas passa bem em situações de trânsito congestionado.
A maior preocupação, no caso da cidade de São Paulo, cheia de radares e controladores de velocidade, é se manter abaixo da velocidade legal, que, neste caso, pode ser de 40 ou de 50 km/h. Tarefa ingrata, uma vez que qualquer acelerada, acompanhada de um ronco gostoso e de prazerosas trocas de marchas, faz passar, e muito, desses limites. Espero não ter sido apanhado, sem querer, em uma dessas armadilhas.
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Por fim, o maior defeito do Honda X-ADV : o preço. Produzido na Itália e sujeito a uma grande carga de impostos, o X-ADV custa R$ 55.998. O baú original de alumínio custa mais R$ 4.990 e o protetor de carenagem R$ 5.526.