![Novo Ford Territory é importado da China e vendido apenas na versão Titanium Novo Ford Territory é importado da China e vendido apenas na versão Titanium](https://i0.statig.com.br/bancodeimagens/af/8p/3i/af8p3icgdgfwya9ere0ila5hs.jpg)
Embora tenha mantido o nome e alguns pontos do modelo anterior, o fato é que o Ford Territory de nova geração é um produto bem mais evoluído. Junto com essa evolução, veio também um upgrade na sua pretensão de vendas. Longe de ser um carro trazido em lotes pontuais, o SUV será importado de maneira contínua, algo que vai ajudá-lo a concorrer com o Compass e o Commander.
Diante da realidade astronômica do mercado, os jornalistas ficaram impressionados quando foi anunciado o preço de R$ 209.990. Um bom valor diante dos R$ 238.590 do Jeep Compass S, versão que concorre diretamente com o Territory, que ficou maior e também enfrenta o Commander Longitude (R$ 232.290) e Limited (R$ 249.190).
O objetivo também é conquistar clientes do Jeep maior. "O nosso principal concorrente é o Commander, mas para quem não precisa de sete lugares", afirma Rogelio Golfarb, vice-presidente da Ford na América do Sul. Chamado de Equator Sport em outros mercados, o modelo ainda tem a variante Equator de sete lugares, que é equipada com motor 2.0 turbo e não está prevista para o Brasil.
![Grade que lembram anéis de aço entrelaçados combina com os faróis para impor agressividade Grade que lembram anéis de aço entrelaçados combina com os faróis para impor agressividade](https://i0.statig.com.br/bancodeimagens/6z/rn/s9/6zrns9z1uikk13icx7v01g6d8.jpg)
Claro que há outros modelos de sucesso no segmento, incluindo híbridos, exemplos do Toyota Corolla Cross , que perde em alguns quesitos, mas oferece motor 1.8 híbrido na versão XRX Hybrid (R$ 210.990), do GWM Haval H6 (R$ 214.000), e do Caoa Chery Tiggo 8 Pro plug-in (R$ 239.990) - o Tiggo Max Drive convencional custa R$ 189.990 .
DESIGN MAIS AGRESSIVO
Totalmente renovado, o design externo tem pontos que remetem a outros projetos chineses, especialmente os SUVs da Caoa Chery . Não é de se estranhar a semelhança, dado que o Territory foi projetado em conjunto com a JMC, a mesma fabricante que projetou a geração passada, sem ter muita semelhança com os utilitários americanos da Ford, um rol que inclui o Bronco, Bronco Sport, Edge e Escape.
O conjunto ótico é dividido em duas partes, algo que se tornou cada vez mais comum de uns bons anos para cá. A grade se projeta à frente e tem design tridimensional que utiliza elementos parecidos com elos de metal. Abaixo dela, o para-choque se vale de ângulos bem recortados para dar maior arrojo. No final, a impressão é que o conjunto ficou bem vertical e agressivo.
As laterais têm vincos bem demarcados, incluindo aí os para-lamas traseiros arqueados ao ponto de aparecerem em destaque na visão dos retrovisores. Já a traseira exibe lanternas horizontais de LEDs bem tridimensionais. A enorme tampa é "quebrada" pelo espaço para a placa. Por sua vez, o para-choque imita um extrator e tem lâminas metalizadas nas pontas inferiores.
COMO É POR DENTRO
No interior, pontos como abundância de cromados, um botão de partida um tanto simples - no lado direito da coluna de direção - e apliques que imitam madeira não são incomuns entre os SUVs chineses. Os materiais mais foscos/acetinados se tornaram padrão em muitos desses detalhes, o que ajuda a não marcar impressões digitais com facilidade, caso do botão de partida.
![Laterais tem vincos demarcados nas portas e para-lamas traseiros protuberantes Laterais tem vincos demarcados nas portas e para-lamas traseiros protuberantes](https://i0.statig.com.br/bancodeimagens/ej/wv/jd/ejwvjd8y5ujgtsdhobm4vzw8n.jpg)
É difícil individualizar para um mercado ocidental um projeto criado para aquele país sem gastar horrores e tirar a competitividade do produto. Afinal, ele tem que competir com os modelos da Jeep, todos criados com o mercado brasileiro mais em mente. E o preço é um fator chave.
A despeito disso, o acabamento tem bom nível . O painel apresenta revestimento emborrachado e apliques que imitam costuras duplas. Os painéis de porta dianteiros e traseiros são macios, um carinho que se tornou incomum em modelos médios não premium. Bancos, volante e insertos nas portas são revestidos de couro sintético em tom azul e também cinza. Até a tampa do porta-luvas tem acionamento macio e preciso. Somado ao bom isolamento acústico, o ambiente da cabine do Territory é agradável.
O quadro de instrumentos e a central multimídia têm boa resolução, mas não fazem parte da família de centrais Sync de outros carros da Ford , sem oferecer a mesma facilidade de acesso aos recursos que o excelente multimídia ocidental da marca entrega. Mudar a visualização de um recurso ou procurar uma função exigirá mais trabalho.
Por exemplo, a exibição dos mostradores muda de acordo com o modo de condução selecionado, mas, no esportivo, o conta-giros se torna uma faixa no lado direito do visor, enquanto o normal exibe o instrumento da maneira tradicional - o visor digital sempre indica em um dígito a rotação (exemplo: 1.000 rpm vira 1.0 x 1.000 rpm), um pouco incômodo, ainda mais por não ter um botão de atalho. Por outro lado, ter os comandos do ar-condicionado por botões físicos facilita a vida.
Quanto ao som e conectividade, as portas USB-A e USB-C ficam no console vazado, o que dificulta a colocação de cabos, embora seja uma solução estilosa. Um inconveniente que é compensado, em parte, pela enorme bandeja de carregamento sem fio de smartphones - você pode trocar por um aparelho maior sem medo . A reprodução sonora do sistema de entretenimento de oito alto falantes é muito boa, sem distorções.
No capítulo ergonomia, a posição de sentar é naturalmente elevada . Mesmo no estágio mais baixo, os limites do capô continuavam na minha linha de visão - o que é bom. Com 1,84 metro de altura, ainda sobrou um espaço razoável da minha cabeça até o teto. Somente pessoas mais altas talvez se incomodem mais. Se fosse um automóvel convencional, seria um ponto crítico, porém, trata-se de um SUV. Os ajustes de posição elétricos e a regulagem manual de altura e de distância do volante são bem amplos, o que ajudou e muito a dirigir de maneira agradável. Os bancos dianteiros são confortáveis e oferecem bom apoio para costas e coxas, além de serem ventilados.
![As lanternas horizontais não têm ligação entre elas e apostam em LEDs tridimensionais As lanternas horizontais não têm ligação entre elas e apostam em LEDs tridimensionais](https://i0.statig.com.br/bancodeimagens/0v/0i/3p/0v0i3pi20iwkhg1prsoecv305.jpg)
No entanto, o melhor está no banco traseiro. A grande altura dos bancos dianteiros libera um bom espaço embaixo deles, o que permite acomodar muito bem os pés. É bem mais espaçoso que o Compass . Como em quase todo carro moderno de uma fatia de preço um pouco superior, o encosto central tem um apoio de braço embutido, mas, sem ele, o conforto de um passageiro central traseiro seria perfeito, uma vez que o piso ali é quase que inteiramente plano. O acesso também é facilitado pelas portas de ampla abertura e pela linha do teto de caimento normal, o que dispensa a necessidade de baixar muito a cabeça para entrar. Para não dizer que tudo é ótimo, poderia haver mais uma porta USB para quem vai atrás - a que tem é do tipo A. Pelo menos, há saídas de ar-condicionado.
Tamanho espaço interno é explicado pelo tamanho. O Territory tem 4,63 metros de comprimento (5 centímetros a mais do que a plataforma antiga) e amplos 2,72 m de entre-eixos (1 cm a mais), 9 cm a mais do que o Compass e sete a menos que o Commander.
Na transição de uma geração para outra, foi possível corrigir uma falha grave do projeto anterior: o porta-malas minúsculo. O antigo Territory levava 348 litros, apenas 20 l a mais que o Renault Sandero , pouco para um SUV médio. Agora, depois da mudança, são 448 l. Como parâmetro de comparação, o Compass leva só 410 l, enquanto o Commander entrega ótimos 661 l - sem o uso da terceira fileira. Além disso, a tampa pode ser acionada com o pé e também tem abertura que pode ser limitada a determinado ângulo, tecnologia que ajuda a impedir choques em tetos baixos, por exemplo.
DESEMPENHO E IMPRESSÕES
O motor 1.5 turbo a gasolina foi renovado e entrega 169 cv a 5.500 rpm e 25,5 kgfm de torque entre 1.500 e 3.500 giros . Já o câmbio é automático de dupla embreagem banhada a óleo e sete marchas. A tração é sempre dianteira. A versão antiga do propulsor da JMC operava no ciclo Atkinson, mais econômico, enquanto a nova segue o padrão Otto, o mais comum. Além disso, mudaram outros detalhes, exemplos do coletor de admissão de plástico - era de alumínio, menos eficiente -, comandos de válvulas e corrente, alterações que reduziram o peso em 4,5 kg. Antes, o quatro cilindros gerava 150 cv e 22,9 kgfm, ou seja, bem menos, e a transmissão era automática do tipo CVT.
![Cabine tem revestimentos de couro nas cores azul e cinza, e o nível de acabamento é bom Cabine tem revestimentos de couro nas cores azul e cinza, e o nível de acabamento é bom](https://i0.statig.com.br/bancodeimagens/de/gp/8y/degp8yh46pt6mtlut1t01dbqo.jpg)
Utilizar novamente um câmbio de dupla embreagem após os problemas do Powershift levantou questionamento na hora da apresentação do novo Territory, afinal, não seria problemático? "A nova transmissão é banhada em óleo, o que reduz o atrito e aumenta a resistência em comparação ao Powershift" , explica Ariane Campos, supervisora de engenharia da Ford América do Sul. O conjunto de dupla embreagem do Powershift era a seco, sem óleo.
Como em outros SUVs de marcas generalistas do segmento, o nível de rendimento não é esportivo. O negócio é oferecer torque suficiente para acelerar e retomar de maneira convincente, sem arrojo, mas sem falta de força. Basta acelerar para ele ganhar velocidade de maneira progressiva e rápida.
De acordo com a Ford, o conjunto leva o SUV de zero a 100 km/h em 10,3 segundos. Já o consumo é de 9,5 km/l na cidade e 11,8 km/l na estrada , ainda segundo a fabricante. O anterior fazia o mesmo em 11,8 s e não encantava pelo consumo, fazendo 9,4 km/l no ciclo urbano e 9,8 km/l no rodoviário.
Poderia ser mais rápido com o 1.8 turbo de 190 cv e 32,6 kgfm do Territory vendido na Argentina? Seria, mas a adoção encareceria o preço. A questão é que o Jeep Compass e Commander estão para receber o motor 2.0 turbo de 272 cv e 40,8 kgfm da Ram Rampage , no entanto, eles serão ainda mais caros.
![Painel se destaca pelas telas de 12,3 polegadas do quadro de instrumentos e da central multimídia Painel se destaca pelas telas de 12,3 polegadas do quadro de instrumentos e da central multimídia](https://i0.statig.com.br/bancodeimagens/eq/gh/7a/eqgh7a7vqgfyo1fvq3yi85b09.jpg)
Seria interessante poder trocar marchas de maneira sequencial, mas não há aletas e, somado a isso, o câmbio tem comando giratório. Há apenas os modos normal, eco, esportivo e serra/colina, que funcionam dentro do esperado para cada função. Para compensar, o mecanismo giratório e o freio de mão eletrônico abriram espaço para um grande porta-copos duplo que pode ser fechado por tampa, dando uma boa impressão de acabamento.
Macia ao manobrar, a direção elétrica é bem calibrada para baixas velocidades e ritmos urbanos. No ritmo mais forte da rodovia Castello Branco, ela mostrou-se suficientemente firme, sem destoar do esperado para um SUV médio voltado ao conforto. Não faltou um ajuste fino mais ocidental para deixar o Territory na mão, um toque que falta a alguns modelos chineses. Ele inclina um bocado em curvas e frenagens, mas isso é natural de um carro mais alto e pesado, nada de sensação de insegurança ou moleza. A engenharia nacional do fabricante participou de ajustes do projeto, o que ajudou e muito a adaptar a boa suspensão McPherson/multilink. As frenagens também são curtas e equilibradas.
O rodar é confortável, a Ford afirma que adotou amortecedores com stop hidráulico - mecanismo que evita que a roda caia com tudo em buracos e emita o som de uma tremenda pancada - apenas na dianteira, pois não foi detectada a necessidade de fazer o mesmo na traseira. Embora o percurso entre São Paulo e Itu, no interior do estado, tenha sido suficiente para dirigir por quase 100 km, o teste não foi tão longo e variado ao ponto de testarmos se a decisão foi acertada em várias situações, no entanto, não houve pancada da suspensão posterior durante o percurso. O conforto de rodagem não foi atrapalhado pelas rodas aro 19 ou pelos pneus 235/50 da Goodyear .
Itens como aviso de faixa e sensor de ponto cego funcionam à perfeição, e ainda há controle de cruzeiro adaptativo, tudo bem integrado.
ITENS DE SÉRIE E CONCLUSÃO
A lista de itens de série inclui ar-condicionado digital de duas zonas , controle de cruzeiro adaptativo, painel digital de 12,3 polegadas, central multimídia com tela de mesmo tamanho, conexão sem fio com Apple CarPlay e Android Auto , carregador de smartphone por indução, bancos dianteiros ventilados com ajustes elétricos para o motorista (dez posições) e carona (quatro opções), revestimentos de couro, teto solar panorâmico, retrovisor eletrocrômico, freio de serviço eletrônico com auto hold, tampa do porta-malas com abertura sem mãos e com ângulo ajustável e rodas de liga leve aro 19.
![Banco traseiro guarda amplo espaço para pernas, ombros e cabeças dos passageiros Banco traseiro guarda amplo espaço para pernas, ombros e cabeças dos passageiros](https://i0.statig.com.br/bancodeimagens/c4/vk/1m/c4vk1m5bbbkrteqonf3q674d6.jpg)
Na parte de segurança, há frenagem automática de emergência, aviso de colisão, câmera 360 graus, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, monitoramento de ponto cego e assistente de permanência e troca de faixa, além dos esperados seis airbags e controles de tração e de estabilidade - com hill holder.
Entretanto, o Territory poderia ter vindo com todos os itens de auxílio que a versão Limited conta em outros mercados, exemplo das Filipinas, onde oferece detecção de pedestres e assistente de estacionamento semiautônomo .
São seis opções de cores: azul metálico, vermelho Vermont, marrom Roma, preto Toronto, cinza Catar e branco Bariloche.
No final, a sensação é de que o Territory tem chances de conquistar um espaço que o anterior nunca conseguiu. Se o antigo SUV era uma versão reformada do Yusheng S330, o novo modelo está mais para Ford, o que o ajudará a conquistar outros países. Ser mais barato é apenas uma das qualidades.
Ficha técnica
Motor: 1.490 cm3, dianteiro, transversal, quatro cilindros, 16 válvulas, turbo, injeção direta, 169 cv a 5.500 rpm, 25,5 kgfm de torque entre 1.500 e 3.500 rpm
Câmbio: automático de dupla embreagem e sete marchas, tração dianteira
Direção: elétrica
Suspensão: McPherson na dianteira e multilink na traseira
Freios: discos ventilados na dianteira e discos sólidos na traseira
Pneus: 235/50 R19
Peso: 1.700 kg
Dimensões: 4,63 metros de comprimento; 1,93 m de largura (sem espelhos) e 2,17 m (com espelhos); 1,70 m de altura; 2,72 m de distância entre-eixos; tanque de combustível de 60 litros; porta-malas de 448 litros