Nos saudosos tempos em que muitos carros bons eram pensados para ser a forma mais pura de se conseguir boas doses de adrenalina e arrancar sorrisos quilométricos, muitos eram os modelos que dividiam espaço nas concessionárias com as suas versões esportivas. Poderiam até se basear e partilhar componentes com modelos convencionais, mas sempre vinham acompanhados de acertos finos na suspensão, carroceria, trem de força e outros.
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Apesar disso, surgiram, para alguns modelos, opcionais ruins ou até mesmo versões ruins desses carros bons . Tudo dava a entender que seriam aquelas máquinas divertidas de dirigir, velozes e envolventes. Mas ao olhar mais de perto, via-se um câmbio automático lento e monótono aqui, ou um motor "mais fraco que moedor de cana" ali... ou até mesmo as duas coisas. Veja alguns cordeiros em pele de lobo a seguir.
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1- Ford Maverick GT 4 cilindros
Sim, pasmem: houve uma versão do Ford Maverick GT com o motor 4 cilindros da Rural. Para quem estava acostumado com o berro trovejante do motor V8 302, o simples 2.3 Georgia de 99 cv e 16,9 kgfm era decepcionante. Tinha capacidade de levá-lo a nada empolgantes 156 km/h de velocidade máxima e de 0 a 100 km/h em longos 18,1 segundos. Na verdade, felizes mesmo com essa história ficavam os donos de carros muito mais em conta em sua época, entre 1976 e 1979, como o pacato Chevette, que por ser quase um segundo mais rápido no 0 a 100 km/h, despachava nas saídas dos semáforos.
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Em épocas de mercado fechado, os carros com estilo americano estavam em seu auge no Brasil. Tinha visual verdadeiramente esportivo, construção de carroceria com materiais mais rígidos que os encontrados em qualquer carro nacional dos dias de hoje e, acima de tudo, tinha muita personalidade.
No interior do carro, são apreciados itens como os bancos revestidos de couro e o volante de três raios, que deixa à mostra o conta-giros instalado bem no meio da coluna de direção. Toda a atmosfera era a de um muscle car , não é à toa que recebeu o apelido de "primo pobre do Mustang" entre os entusiastas.
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2- Golf GTi MK3
Digamos que a VW do Brasil não foi feliz em escolher a versão mexicana do GTi para vender por aqui. Ou pelo menos não ter instalado no Golf o cabeçote 16 válvulas que já equipou VW Gol GTi, há duas décadas. O motor 2.0 do primeiro GTI, que foi trazido ao Brasil oficialmente, vinha com cabeçote de 8 válvulas, produzindo 116 cv e 17,6 kgfm. O carro tinha os mesmos números de aceleração até 100 km/h do Chevrolet Monza Classic: 11 segundos, ou apenas 1,5 segundo a menos que um Fiat Prêmio 1.6, um carro sem pretensões esportivas e já ultrapassado naquele ano.
Apesar disso, no que o hatch era ruim de fôlego, sobrava “chão” e disposição em curvas. Além disso, o conjunto de suspensão, freios, trambulação e rigidez do chassi sempre foram muito elogiados. Até porque era tudo pensado para lidar bem com os 150 cv e 18,5 kgfm da versão com 16v vendida no exterior, capaz de ir até 100 km/h em 8 segundos e atingir 215 km/h.
Isso sem falar da versão mais extrema VR6 (com cerca de 5 unidades no Brasil), que tinha motor V6 de até 190 cv, 25 kgfm, que rendia uma aceleração até 100 km/h abaixo dos 7,5 segundos e uma velocidade máxima ao redor dos 230 km/h. Para se ter uma ideia da brutalidade dessa versão, um VW Golf GTi atual — com injeção direta, turbocompressor e 230 cv declarados (há relatos de donos que passaram o carro em dinamômetro e veio mais de 270 cv) — faz de 0 a 100 km/h em 7 segundos e chega aos 238 km/h.
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3- Mitsubishi 3000GT SL
Aos mais familiarizados com o carro, a versão bacana era a VR-4, com câmbio manual de 6 marchas, tração e esterçamento nas quatro rodas, aerodinâmica, suspensão e escapamento eletronicamente ativos e motor V6 biturbo de 3 litros que desenvolvia 320 cv e 43,5 kgfm. Só que por algum motivo desconhecido — possivelmente até para o responsável na fábrica japonesa da Mitsubishi — a versão SL foi criada para oferecer o mesmo motor 6G72, mas desta vez sem os turbocompressores, com tração apenas na dianteira, sem toda a eletrônica ativa, e para piorar, com câmbio automático de 4 marchas que não era muito diferente do que equipava sedãs sonolentos como o Corolla de sua época.
Enquanto o Mitsubishi 3000GT bom fazia de 0 a 100 km/h em 5,5 segundos e atingia os 250 km/h, o “irmão” debilitado fazia o mesmo na casa dos 9 segundos e chegava ao redor de 215 km/h. Eram números tão impressionantes que, até por desbancar esportivos de peso como a Ferrari 348 em sua época, recebeu o carionhoso apelido de "Ferrari japonesa" — título que pode ser dividido com o Honda NSX, projetado por ninguém menos que Ayrton Senna.
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Para o Brasil, a maioria dos 3000GT que vieram entre 1991 e 1995, para a nossa alegria, eram da versão VR-4, mas ainda sim alguns SL podem ser encontrados. Como uma opção acima do Eclipse, era de fato, e ainda é, o carro mais sofisticado que a Mitsubishi já produziu. Entre os seus rivais diretos no Brasil e no mundo estavam o Nissan 300ZX, com motor V6 biturbo de 300 cv e emoção ao volante tão insanas quanto, mas este prometia uma dirigibilidade mais agressiva e sensorial, devido à tração traseira e a ausência da eletrônica que auxiliava os donos do Mitsubishi.
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4- Ford Escort XR3 1.6 CHT
Sem dúvida alguma é um belíssimo carro. Não só porque Ayrton Senna era o garoto propaganda, mas o Ford Escort XR3 trazia de fábrica suspensão diferenciada, molas e amortecedores pressurizados com mais carga e barra estabilizadora mais espessa. O motor CHT Fórmula tinha cabeçote com válvulas 40mm, comando com maior graduação, carburador Weber com venturis maiores, radiador de óleo e coletor especial. Entretanto, apesar das melhorias em todos os sentidos, o seu motor ainda é o motivo de estar nessa lista.
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Quando foi lançado lá em 1984, até que conseguiu impressionar o público com os seus 10 cv a mais que a versão convencional. Mas logo em 1987 surgia o VW Gol GTS, que espancava todos com seu motor 1.8, de 13 cv a mais que o XR3. E para piorar, como se a marca alemã já não tivesse rebaixado o Ford a um posto de ultrapassado o bastante, em 1989 a versão esportiva do Escort ainda era vendida com esse motor (apesar da chegada da versão 1.8), enquanto a Volkswagen, sem cobrar muito a mais, lançava o Gol GTi.
Ante os 86 cv e 12,9 kgfm do 1.6 CHT, que lhe rendia uma aceleração até 100 km/h de 13 segundos e 157 km/h de máxima, o "APzão2000" injetado trazia 120 cv e 18,4 kgfm, com aceleração de 0 a 100 km/h em 9,2 segundos e máxima de 181 km/h. Nem é preciso dizer que o "Escortinho" tomava um "sabugo" homérico...
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5- Mazda MX-5 Miata com câmbio automático
Se esse carro fosse um drink perfeito, o engenheiro que colocou um câmbio automático nele seria um barman que — propositalmente (o que é pior) — ao invés de açúcar, botou sal na mistura. E não, este drink não seria um Bloody Mary, que fica melhor se vai sal. Se somos ingênuos por achar que é completamente nada a ver existir um esportivo com câmbio automático que seja conversível, com dois lugares, sem qualquer luxo, com motor de quatro cilindros, tração traseira, leve, ágil e compacto, deixe nos comentários o seu contraponto.
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Mas de verdade, quem pensa em comprar um carro desses quer o maior envolvimento possível no quesito homem-máquina. Apesar de nenhuma geração do Mazda MX-5 Miata ter “esfregado” números de potência e desempenho em esportivos mais brutos, é um dos poucos que podem, por exemplo, permitir abusos como drifts contínuos em velocidades baixas, sem torrar os pneus, bem como transmitir controle pleno ao piloto pelo seu equilíbrio de carroceria invejável. Isso sem falar da sua durabilidade e confiabilidade praticamente vitalícia.
Ao mesmo tempo, é ideal para uma viagem na estrada, um passeio na orla da praia ou até mesmo brincar de RX-7 em um track day (voltando a falar de dirigir como se não houvesse amanhã). Como prova de que está entre os carros bons mais notáveis, de fato não é à toa que foi eleito algumas vezes o melhor carro esportivo do mundo, desde que surgiu em 1989. Agora, instalar um câmbio automático num carro desses… tenha dó!