Embora o mercado das picapes esteja chamando mais atenção nos segmentos das médias pequenas, caso da Chevrolet Montana e da futura Ram Rampage , e também entre as grandes, o filão das médias está longe de estar desaquecido. A nova geração da Ford Ranger está aí para provar isso. Apresentado pela marca pela primeira vez no país, o utilitário é um dos destaques de hoje da feira de agronegócios e tecnologias Agrishow, que está sendo realizada em Ribeirão Preto, interior de São Paulo.
Para comportar a produção do novo modelo, a fábrica de General Pacheco, Argentina, terá a sua capacidade de produção ampliada em 70% , o que a tornará capaz de produzir até 110 mil unidades por ano. Além disso, a planta está sendo modernizada em um pacote de investimentos de 660 milhões de dólares, cerca de 3,3 bilhões de reais. Depois de vermos a Ford deixar de fabricar carros no Brasil, chega a dar inveja.
Ainda não há data cravada de lançamento no país, o que foi se falado ao longo do primeiro contato é que será mais para o final do segundo semestre .
O desenvolvimento da nova picape foi capitaneado por uma equipe internacional no centro de desenvolvimento da Ford na Austrália. O país da Oceania é apenas um de muitos que têm predileção por picapes médias.
A Ford promoveu um curto contato com a nova Ranger no seu campo de provas de Tatuí, interior de São Paulo, um momento embutido no evento de primeiras impressões ao dirigir da F-150 . Foi um encontro muito curto e sem grandes intimidades, uma vez que as portas estavam trancadas e, para completar, os vidros foram revestidos com películas no tom buraco negro de tão escuras.
É na hora em que você junta a família que é mais fácil reconhecer características em comum. Não foi diferente ao ver a F-150 e, logo depois, me deparar com a Ranger. A picape média tem toques em comum, em especial os faróis de LEDs com luzes de iluminação diurna que formam a letra C. O capô elevado e a enorme grade são outros pontos de conexão.
Vista lateralmente, a nova Ranger se destaca pelos para-lamas muito ressaltados - os dianteiros têm saídas de ar funcionais -, uma solução de estilo que faz coro com a robustez frontal. A linha um pouco ascendente dos vidros e o vinco no meio das portas trazem movimento. As rodas que misturam toques metalizados e pretos são aro 20 .
Já a traseira se diferencia pelas belas lanternas tridimensionais de LEDs e pela tampa da caçamba, peça que traz vincos profundos e ostenta o nome Ranger gravado em sua estamparia, além do logotipo Limited
. O santoantônio tem efeito estético e as barras no teto são reforçadas pelos frisos na caçamba. Falando nela, ainda não havia acabamento final e, além disso, só há uma entrada para tomada 12V.
Bastou chegar perto da picape para um amigo da assessoria de imprensa da Ford alertar: essa não é exatamente a configuração final que virá para o Brasil . Eu acho que já está mais do que próxima. É daquelas unidades pré-série que, se a marca der bobeira, um vendedor já coloca no showroom.
Mas tem um detalhe que é entregue logo na inscrição das saídas de ar dos para-lamas frontais: o novo motor V6 3.0 biturbo diesel , uma unidade que estará no Brasil. Se levarmos em consideração os dados disponíveis na Austrália, o seis cilindros gera 250 cv e 61,1 kgfm. É um belo incremento face os 200 cv e 47,9 kgfm do cinco cilindros 3.2 diesel da atual . O câmbio é o automático de dez marchas já usado em outros modelos da Ford - a atual usa um de seis velocidades. Entre as médias, só perderia para os 258 cv do 3.0 biturbo da Amarok V6 , mas a VW fica para trás no torque de 59,1 kgfm.
De acordo com o Autos Segredos
, a Ford também deve oferecer o menor 2.0 diesel de turbo simples, um quatro cilindros que gera 170 cv e 41,3 kgfm
. O câmbio pode ser manual ou automático, ambos com seis marchas. Será perfeito para substituir o atual 2.2 turbodiesel de 160 cv e 39,3 kgfm.
No entanto, há um espaço muito grande entre ambas motorizações, o que pode fazer com que a Ford também ofereça uma versão biturbo desse 2.0 diesel, um upgrade que o leva aos 209 cv e 51 kgfm . Usar um propulsor menor em configurações também criadas para o lazer tem sido algo constante na atual geração da Ford, o que nos leva a crer que esse segundo ajuste pode ser usado um tempo depois.
De acordo com o Autos Segredos, a nova Ranger será comercializada nas versões XL e XLS 2.0, que podem ter tração 4X2 ou 4X4, e XLS, XLT e Limited , sendo que as três últimas sempre virão com o 3.0, tração integral e caixa automática.
Chamado de T6, o chassi da geração anterior foi mantido em parte na nova. Por mais que seja algo de se estranhar, não chega a ser uma solução incomum no segmento. É assim com a Nissan Frontier também. De resto, quase tudo novo. A prova de que a base é competente, é o fato da parceira Volkswagen ter se valido dela na hora de projetar a Amarok de segunda geração.
Pontos como fixação e geometria das suspensões (independente na dianteira e eixo rígido na traseira) mudaram, enquanto as bitolas passaram de 1,56 metro para 1,61 m, uma garantia de melhor dirigibilidade em todas as situações. A própria tecnologia de construção e o uso de materiais também foram bem aperfeiçoados.
Levando-se em consideração os números divulgados em outros mercados, o comprimento agora é de 5,37 metros (dois centímetros a mais), a largura é de 1,91 m (cinco cm extras), o entre-eixos tem 3,27 m (um incremento também de cinco cm) e a altura varia de acordo com a versão, mas parte de 1,87 m, o que representa três cm a mais do que a configuração Limited atual.
Focando na carroceria de cabine dupla, a caçamba também aumentou em algumas medidas: a altura é de 52,9 cm (51,1 cm na anterior), o comprimento agora marca 1,54 m (contra 1,49 m), a largura chega a 1,58 m (face 1,56 m) e a capacidade volumétrica passou a ser de 1.233 litros (versus 1.180 l).
Como uma maneira de poupar os meus poderes mediúnicos para ver o que há no interior, resolvi utilizar fotos de divulgação para explicar melhor. O quadro de instrumentos digital deve fazer parte das configurações mais caras. A central multimídia também vai variar de acordo com a versão, podendo ser horizontal de 10,1 polegadas ou uma enorme tela vertical de 12" . A alavanca da transmissão automática é curtinha e guarda os botões para mudanças sequenciais. Um comando giratório no console serve para selecionar os diferentes tipos de tração.
Itens como frenagem autônoma, sensor de ponto cego e controle de cruzeiro adaptativo já são oferecidos na Ranger atual e, claro, fazem parte do pacote da nova geração, que, por sua vez, vai adicionar comodidades como câmera 360 graus - deu para ver uma instalada na grade do protótipo com o qual tivemos contatos - e iluminação 360 graus, um paparico presente na nova F-150.
No geral, a impressão é de que a Ranger fará bonito diante dos concorrentes de nova geração, caso da futura Chevrolet S10 , e também se distanciará da Volkswagen Amarok, uma vez que o modelo terá apenas um facelift. A Nissan Frontier ainda não tem data para mudar, por sua vez. A Hilux também receberá uma nova geração em cerca de dois anos. Porém, o fato é que a atual geração da Toyota já será um desafio e tanto para as concorrentes totalmente renovadas. O que dizer da nova?