Pense em todas as picapes médias vendidas no Brasil. Apenas L200 Triton e S10 são fabricadas por aqui. Outros modelos, como Amarok, Ranger e Hilux, são importados da Argentina. Dos hermanos , também virão as futuras Renault Alaskan e Mercedes-Benz Classe X , revelando mais ainda a tradição do país na fabricação de picapes. Hoje, este repertório ganha mais uma integrante com a chegada da Nissan Frontier 2019.
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São vários os motivos que fizeram a Nissan Frontier 2019 trocar a pimenta mexicana por sal de parrilla - além, é claro, da tradição argentina na fabricação de picapes. A aliança Renault-Nissan está cada vez mais sólida na América Latina, e a marca japonesa já possui boa experiência na categoria para promover dois novos modelos que virão de Córdoba.
O processo de capacitação não foi fácil. O Grupo Renault-Nissan investiu US$ 600 milhões no Complexo Industrial de Córdoba para a fabricação das picapes. Há capacidade para produzir 70 mil exemplares por ano, sendo que 50% deste volume será destinado para exportação. A Frontier argentina teve poucas alterações em relação ao modelo mexicano, e o que mudou foi para melhor. Houve uma revisão geral no modelo, sendo que o isolamento acústico que os proprietários tanto se queixavam na internet foi aprimorado, reduzindo ruídos sob várias condições.
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Esta também seria minha primeira vez testando a Frontier na cidade. Em janeiro, tive a oportunidade de percorrer mais de 800 km pela Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso, com o modelo mexicano. Em clima úmido e sob o sol escaldante do centro-oeste brasileiro, a Frontier perseverou em todos os desafios que lhe foram colocados. Superamos atoleiros, aclives e trilhas fechadas utilizando todos os modos de condução com muita tranquilidade.
Vale dizer que, desde o modelo mexicano, a Frontier já contava com uma estrutura mais resistente. O chassi foi reforçado com oito barras transversais, contando com um outro chassi sobreposto por dentro com soldas contínuas, apelidado de duplo "C". Assim, a picape fica ainda mais resistente às tensões da torção da carroceria. O acerto deixou a estrutura mais maleável na terra, onde a Frontier também se destaca pelos bons ângulos de ataque e saída. É importante ressaltar como a estrutura completa ficou melhor quando colocada na terra.
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É claro que a Nissan não perderia a chance de lançar uma nova versão de sua picape. O que temos hoje em nossa redação é o retorno da antiga versão Attack ; um pedido antigo dos fãs, que ficaram órfãos de uma versão mais descolada da Frontier nos últimos anos. Ela traz adesivos pretos no capô, acrescentando um caráter mais agressivo ao modelo. Há também a inscrição “Attack” nas portas, e rodas escurecidas.
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Apesar de ser muito interessante e acrescentar um diferencial em comparação com as outras picapes, achamos a versão um tanto quanto exagerada. Cheia de adesivos, lembra as antigas picapes de brinquedo Big Foot, que faziam sucesso até a metade dos anos 90. Portanto, se você optar pela versão Attack, esteja preparado para ser o centro das atenções.
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Após alguns quilômetros andando com a Frontier na cidade, ficou ainda mais claro que se trata de uma picape para facilitar a locomoção no campo. Sua suspensão totalmente trabalhada para o off-road, que foi um dos destaques durante nossa jornada na Chapada dos Guimarães, transmitiu todas as ondulações do asfalto para a cabine. Dessa forma, ela costuma pular bastante em imperfeições quando a caçamba está vazia.
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Nissan Frontier 2019: moldada para os desafios
A Frontier parece ser um daqueles carros que nem se importam muito com o uso urbano. Enquanto as rivais da Nissan surgem com motores flex em versões mais baratas, a marca japonesa nem fez questão de incluir uma unidade que beba álcool e gasolina em seu portfólio. A picape continua com o competente motor 2.3, turbodiesel, de 190 cv e 45,8 kgfm, aliado ao câmbio automático de sete marchas.
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Este é um dos motivos pelos quais não é tão justo comparar a Frontier com suas rivais quando falamos de emplacamentos. Modelos diesel compõem um nicho dentro do mercado de picapes, e a Nissan parece satisfeita com a sua participação. Para completar a experiência, há uma boa central multimídia de oito polegadas com as conectividades Bluetooth, Mp3 e auxiliar. É possível parear a tela do celular através do Apple CarPlay e Android Auto, podendo replicar apps de navegação como Waze e Google Maps. A caçamba tem capacidade para 1.054 litros, podendo levar mais de uma tonelada.
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A Frontier tem espaço para cinco adultos viajarem com conforto, sem que os joelhos fiquem encostando uns nos outros. Há um detalhe técnico chamado "J-Line", que diz respeito à junção do habitáculo com a caçamba, que ajuda a proporcionar mais espaço interno. Vale dizer que o acabamento também ficou melhor em relação ao modelo mexicano, onde o toque dos tecidos está mais macio e refinado.
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Vale a compra?
Se morasse no interior, com a necessidade do uso frequente da caçamba, a Nissan Frontier 2019 estaria no topo da minha lista de escolhas. Só não apostaria na versão Attack, que considero exagerada demais no visual. Por sorte, o modelo SE não deixa de ser estiloso, e traz visual um pouco mais discreto. Também não deixe de conferir a avaliação da nova Mitsubishi L200 Triton no link acima. Mesmo com o peso da idade, a picape ainda poderá conquistar entre as aventureiras.
Ficha técnica
Nissan Frontier Attack 2019
Preço: R$ 155 mil
Motor: 2.3, turbodiesel
Potência: 190 cv a 3.750 rpm
Torque: 45,9 a 2.500 rpm
Transmissão: automática, sete velocidades
Suspensão: braços sobrepostos (dianteira), eixo rígido (traseira)
Freios: discos ventilados (dianteira), tambor (traseira)
Caçamba: 1054 litros
Carga útil: 1050 kg
Tanque: 80 litros
Consumo: 8,9 km/l (cidade), 10,1 km/l (estrada)