
Desde a sua chegada ao Brasil em 1950 até o seu último suspiro em 1996, o Volkswagen Fusca conquistou o coração dos brasileiros e se tornou um dos carros mais emblemáticos da história automobilística mundial.
Com mais de 3,3 milhões de unidades vendidas no Brasil, o "Fusquinha" atravessou gerações, e passou por mudanças estéticas e mecânicas que o tornaram ainda mais acessível e popular, até mesmo durante períodos de crise econômica.
Nesta reportagem, o Portal iG Carros apresenta um panorama completo da evolução do Fusca, de sua primeira geração até os últimos modelos fabricados, analisando as transformações que o mantiveram relevante por mais de quatro décadas.
Primeira e única geração (1950-1967) |O Nascimento de um Ícone
O Fusca foi introduzido no Brasil em 1950, inicialmente importado da Alemanha pela Volkswagen. A sua chegada ao mercado brasileiro não poderia ter sido mais impactante.

Com o design peculiar, motor traseiro e a construção robusta, o Fusca logo caiu no gosto do público, especialmente pela mecânica simples e fácil de manter.
O modelo passou a ser um símbolo de acessibilidade para muitas famílias brasileiras, que viam no carro uma forma de alcançar mais mobilidade. Em 1953, a produção nacional foi iniciada com a montagem das primeiras unidades em São Paulo.
No ano seguinte, a Volkswagen passou a fabricar o Fusca na recém-inaugurada fábrica de São Bernardo do Campo, em São Paulo, que, ao lado da fábrica de São Carlos, daria continuidade à produção do modelo por várias décadas.
As primeiras versões do Fusca eram simples, com motor 1.200 cm³ e potência de 30 cv.
Uma das características que mais chamava atenção era a "janela bipartida" na traseira, modelo que se tornaria raríssimo ao longo do tempo, sendo substituído pela janela oval em 1954.
Além disso, o carro apresentava um volante em forma de "cálice", um detalhe que se tornaria sinônimo do modelo por muitos anos.
Evolução e Modernização (1968-1983) | Fusca 1300 e as Novas Gerações
Entre 1967 e 1970, o Fusca passou por importantes mudanças técnicas. O motor foi ampliado para 1.300 cm³, o que ofereceu mais potência e durabilidade.
A suspensão também passou por ajustes, visando maior conforto e estabilidade. Nesse período, o Fusca passou a ser chamado de “Fusca 1300”, uma referência ao seu novo motor.

Em 1970, um marco importante foi a troca do sistema elétrico de 6 para 12 volts, o que trouxe mais eficiência para o modelo.
No ano seguinte, o Fusca ganhou uma nova frente, com faróis mais modernos e para-choques cromados, uma reestilização que renovou o visual do carro, mas sem perder sua essência.
A Volkswagen também passou a produzir o Fusca com motor a álcool, em resposta ao programa Proálcool, do governo federal, que incentivava o uso de combustíveis renováveis.
Em 1974, o modelo ganhou uma versão esportiva chamada 1600S, que ficou popularmente conhecida como "Super Fuscão".
Com motor 1.600 cm³ de 65 cv, visual mais agressivo e bancos reclináveis, o 1600S representou a tentativa da Volkswagen de atrair o público jovem e entusiasta.
A versão ficou marcada por sua proposta esportiva, apesar de ser, na essência, um modelo de passeio.
Renovações e Edções Especiais (1984-1992) | O Fusca se Reinventa
Nos anos 1980, o Fusca continuou a ser fabricado, mas começou a perder espaço para novos modelos mais modernos.

Ainda assim, a Volkswagen lançou edições especiais para manter o apelo do modelo, como a Série Prata (1980), que trazia acabamento mais sofisticado, e a versão “Love” (1984), uma homenagem aos 25 anos de produção do Fusca.
Na década de 1980, o Fusca também passou a ser oferecido em versões movidas a álcool e, mais tarde, a gasolina.
Com isso, o modelo teve que se adaptar às novas demandas do mercado, mas sem nunca perder sua identidade.
Em 1986, o Fusca ganhou a versão "Última Série", um modelo de despedida que seria considerado um dos mais cobiçados pelos colecionadores.
Essa versão, limitada a apenas 850 unidades, vinha com pintura metálica e detalhes exclusivos, o que a tornou uma verdadeira peça de coleção.
A Despedida (1993-1996) | O Retorno e a Última Série
Em 1993, após sete anos fora da produção, o Fusca foi ressuscitado pela Volkswagen por sugestão do então presidente Itamar Franco, que queria um carro popular no Brasil.

Conhecido como o "Fusca do Itamar", a nova versão vinha com melhorias técnicas como retrovisores modernos, painel atualizado e motor 1.6 com ignição eletrônica.
No entanto, o modelo não conseguiu competir com os carros mais modernos da época, e a produção foi encerrada definitivamente em 1996.
A despedida do Fusca veio com a versão "Série Ouro", um modelo de edição limitada que marcou o fim da produção do “besourão” no Brasil.
A série contava com faróis de neblina, adesivos comemorativos e o logotipo "Fusca" em alto relevo, além de cores exclusivas como o Verde Nice e o Prata Lunar.
Apesar de ter vendido menos do que o esperado, o Fusca manteve sua aura de clássico, e sua despedida foi recebida com nostalgia por muitos brasileiros.
O Legado do Fusca
Com mais de 3,3 milhões de unidades produzidas no Brasil, o Fusca é lembrado como um ícone do automobilismo nacional.

O modelo se tornou um verdadeiro patrimônio cultural, sendo amplamente reconhecido por sua mecânica simples, sua durabilidade e sua capacidade de adaptação ao longo dos anos.
Mesmo com o fim de sua produção, o Fusca continua presente em encontros de carros antigos e coleções privadas, sendo valorizado cada vez mais.
Ainda que o Fusca tenha sido substituído por modelos mais modernos, ele segue sendo símbolo de uma era de ouro da indústria automobilística no Brasil, eternamente lembrado por sua simplicidade, charme e, claro, por ser o "besourão" que conquistou o Brasil.
Outras reportagens da série
– Fiat Uno: todas as gerações do popular compacto nacional
– Chevrolet Corsa: todas as gerações do icônico compacto
– Volkswagen Kombi: todas as gerações da van utilitária
– Honda Civic: conheça todas as gerações do sedã esportivo
– Toyota Corolla: todas as gerações do sedã mais vendido do mundo
– Renault Sandero: a trajetória completa do compacto francês
– Chevrolet Opala: o sedã nacional que virou lenda
– Chevrolet Monza: o sedã médio que dominou os anos 80
– Volkswagen Gol: as gerações do compacto mais vendido do Brasil
– Volkswagen Parati: todas as gerações da perua alemã no Brasil
– Fiat Tempra: todas as gerações do sedã ítalo-brasileiro moderno
– Renault Scénic: todas as gerações do monovolume pioneiro
– Ford Ka: todas as gerações do compacto que virou best-seller
– Chevrolet Chevette: todas as gerações do sedã que virou clássico
– Fiat Palio: todas as gerações do compacto que desafiou o VW Gol
– Ford EcoSport: todas as gerações do SUV que conquistou o Brasil